A busca por uma alimentação mais saudável tem estimulado muitos brasileiros a reduzirem o consumo de carne e aumentarem o de vegetais. Pesquisa realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC), no ano passado, reforçou o avanço do flexitarianismo no Brasil. O termo que une as palavras "flexível" e "vegetarianismo" é usado para definir um tipo de padrão alimentar caracterizado pela redução do consumo de alimentos de origem animal.
De acordo com o levantamento, 46% dos brasileiros com mais de 35 anos pararam de consumir carne por conta própria, ao menos uma vez por semana. O estudo, que foi feito a pedido da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), também revelou que 32% já escolhem opções veganas em restaurantes e outros estabelecimentos.
O crescimento do mercado vegano traz oportunidades para os pequenos negócios do setor de alimentação fora do lar que estão atentos às tendências. Com o aumento dos preços de origem animal, principalmente as carnes, uma boa estratégia tem sido explorar o valor nutricional dos alimentos de origem vegetal que, em sua maioria, são mais baratas.
Lucas Gayoso Dias, da área de Competitividade do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), vegano convicto, considera que os donos de pequenos negócios têm condições de dominar este mercado e explorar a variedade de produtos de origem vegetal que possuem maior valor biológico e nutricional, a exemplo dos grãos como lentilha, grão de bico e feijões. Segundo ele, aderir a movimentos e iniciativas voltadas ao segmento, como é o caso da "segunda sem carne", pode ser uma forma do empreendedor começar a se introduzir nesse mercado.
"Um restaurante, por exemplo, pode oferecer apenas pratos veganos em determinado dia da semana, a fim de começar a explorar esse nicho. Vale ressaltar que, para seguir com uma ação dessas, é importante que o empreendedor tenha clareza de potencial variação nos custos, seja ela positiva ou negativa, e os impactos finais na margem de lucro", destaca.
Lucas lembra que a inovação e a experimentação são essenciais para a sobrevivência de qualquer empresa, mas especialmente quando se trata do segmento de alimentação vegana. "O empreendedor desse nicho deve apostar no desenvolvimento de novos produtos, modelos de negócios e tecnologias", comenta. Lucas ressalta o avanço das marmitas "fit", que pode ser facilmente adaptado com opções veganas.
Transparência
Outro ponto que o empreendedor deve observar é que o consumidor vegano geralmente tem interesse por saber o que coloca no prato e, nesse sentido, o mercado vegano já tem a prática de ser mais transparente quanto à origem dos produtos e dos ingredientes. Para atrair esse cliente é recomendado disponibilizar informações, seja em "descansa pratos", vitrine de produtos prontos e QR Code nas mesas. "A comunicação com o cliente deve ser explorada de forma ampla, com ações que envolvam o conceito de veganismo como estilo de vida, conectando com outras ações e hábitos do cotidiano de clientes que já aderiram ao veganismo", aponta.
Ele explica ainda que existe o senso comum de que os produtos veganos são mais caros e voltados para um público de maior poder aquisitivo. "Uma estratégia é investir em produtos com preços mais acessíveis, voltados para um público de menor poder aquisitivo, mas em maior número, o que pode incrementar consideravelmente as vendas e o faturamento das empresas", avalia.
Para driblar as dificuldades de fornecedores de produtos veganos, o Sebrae recomenda que o empreendedor foque em fornecedores locais, em ambientes mais colaborativos, vendidos diretamente pelos produtores, com menor custo, tendo em vista a menor quantidade de intermediários nessa cadeia produtiva, além de menor utilização de insumos químicos. "Busquem propostas de comunidades de agricultura em feiras livres, agroecológicas, hortas comunitárias urbanas e rurais", indica Lucas.
O dono de um pequeno negócio que já tem um nível de maturidade mais elevada no ramo de alimentação pode contar com o apoio do Sebrae para aproveitar as oportunidades da ascensão do mercado vegano. O empreendedor pode participar do Empretec, que oferece uma capacitação intensa, a partir de uma metodologia desenvolvida pela Organização das Nações Unidas (ONU), aplicado em 40 países. Outro serviço disponibilizado é o Sebraetec, que oferece soluções para ajudar as empresas a inovar com baixo custo, proporcionado aumento da competitividade dos negócios, por meio de consultorias técnicas subsidiadas em até 70% pelo Sebrae.
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