Por 30 anos a etiqueta de moda feminina Rabusch cresceu de forma discreta, ganhou mercado e o respeito de uma clientela fiel. Mais tarde, avançou as fronteiras do Rio Grande do Sul, colocando os pés em Santa Catarina e no Paraná. Agora, a marca criada em 1986, em Porto Alegre, quer ganhar expressão nacional, crescer com o modelo de franquias. Quer fechar 2016 com 50 unidades abertas e alcançar um faturamento de R$ 80 milhões, cerca de R$ 5 milhões a mais do quem em 2015.
“A galinha que põe ovo tem de cacarejar”, afirma Alcides Debus, fundador da rede. “Estamos bem consolidados no sul do país e este é o momento para alargar fronteiras”.
Em meados dos anos 1980, quando ainda trabalhava como funcionário concursado na Caixa Econômica Federal, Alcides sentiu na pele o peso da inflação. O salário encolhia a cada dia e algo lhe dizia que era preciso deixar essa vida de assalariado para trás e investir em um negócio próprio. Olho apurado, viu em uma loja de um amigo a oportunidade para dar o primeiro passo. “O dono era um amigo da família, que não administrava muito bem o negócio”, lembra. “Mas, mesmo assim a loja de roupas masculina e feminina resistia”.
Juntou as economias e comprou o ponto. A ideia era que a loja fosse tocada em conjunto com sua mulher, Loiva, que passou a responder pelas compras. Garimpava no Rio de Janeiro e em São Paulo o que achava de mais diferenciado em relação ao comércio local. Sem nenhuma experiência anterior com varejo, aprenderam na prática e a duras penas. A primeira guinada aconteceu em 1987, quando uma estilista uruguaia visitou a loja e propôs a criação de peças com a marca própria – Rabusch. A ideia soou positiva e, aos poucos, a vitrine foi ganhando ares de exclusividade. Em 1991, a loja de rua somou a parceria de um novo ponto, desta vez, no Rua da Praia Shopping.
“Eu comecei a me interessar mais pelo negócio, a gostar desse universo de criar e fabricar roupas”, observa Alcides. “Não só gostei como fui me aperfeiçoar. Fiz curso de alfaiataria e para surpresa de muitos sei fazer o molde, cortar e costurar uma peça”. A produção própria cresceu bastante, assim como o número de lojas. Entre 2004 e 2008, a empresa contou com a consultoria da GH & Associates, de George Homer, que reposicionou a marca e alinhou o planejamento das coleções, tendo como foco a mulher moderna, de sucesso, que trabalha, entre 25 a 45 anos.
Aos poucos, as três filhas do casal se integraram à equipe, respondendo por postos estratégicos, do planejamento da coleção à tesouraria. Em 2011, a Rabusch já contava com 17 unidades próprias, além de uma boa clientela multimarca. Foi nesse momento que os empresários decidiram apostar no franchising. Contrataram o Grupo BITTENCOURT e passaram a desenhar o projeto a quatro mãos. “Eu sou muito pé no chão, só dou um passo adiante quando as coisas estão muito bem alinhavadas”, diz o empresário. “Franquia é um negócio aparentemente simples, mas exige muito cuidado. É um desafio grande colocar todo o aprendizado de décadas de trabalho em manuais.”
A cartilha vingou. Hoje, são 25 lojas franqueadas e 17 próprias espalhadas pelo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Norte; além de 70 lojas multimarcas. “Não há conflito de canais. Nossas coleções são vendidas em multimarcas apenas em cidades onde não temos franquia”, avisa o empreendedor. Dos cerca de R$ 75 milhões faturados pela marca em 2015, 25% vem do canal franquias, 65% das lojas próprias e 10% das multimarcas. A expectativa é inverter essa participação com o crescimento da rede.
Disposto a crescer mesmo na crise, Alcides criou um plano especial para os interessados em adquirir uma franquia da Rabusch. “Estamos com 50% de desconto na taxa de franquia, que cheia custa R$ 60 mil, e oferecemos o projeto da loja como brinde”, afirma. “Com um investimento a partir de R$ 380 mil é possível abrir uma unidade de rua, enquanto em shopping center, dependendo do ponto, esse valor pode dobrar”.
“Nossa modelagem vai até o manequim 46. Somos a primeira confecção gaúcha a oferecer alfaiataria com graduação de 5 em 5cm no lugar dos 4 cm tradicionais”, diz Alcides. “Esse aparente pequeno detalhe melhora o caimento das peças e faz muito sucesso”.