Roupas mais justas, estampadas ou mais discretas e versáteis. Com diversos nichos, a moda fitness tem despertado o interesse de empreendedores de olho em um mercado que cresce na esteira do aumento do número de academias e da maior preocupação do brasileiro com a saúde e o bem-estar.
Levantamento recente do Sebrae mostra que o número de micro e pequenas academias mais que dobrou entre 2007 e 2012, de 9,3 mil para 21,7 mil. “O crescimento do mercado de academias cria uma série de oportunidades para empresários que estejam interessados em oferecer aos clientes novos produtos e serviços relacionados à boa forma e à prática de atividades físicas”, diz o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.
Com encontros semanais para conversar sobre onde poderiam investir, as amigas publicitárias Ana Beatriz Barreto Brasil, Anna Luiza Pádua e Jacqueline Cabral encontraram nas próprias necessidades uma oportunidade de negócio. “Sentíamos falta de um olhar mais de moda dentro do universo de ginástica”, conta Bia Brasil.
A Jenessequá abriu as portas em dezembro para vender roupas de ginástica para serem usadas também ao longo do dia. “São peças que a mulher pode sair da ginástica sem estar com aquela cara que saiu da academia. Às vezes, é apenas um complemento. São peças mais confortáveis”, conta Bia. Para lançar a marca, o investimento inicial foi de R$ 200 mil – a expectativa é reavê-lo em um ano.
Foi também por conta da necessidade pessoal que a professora de ioga Patricia Pimentel enxergou uma oportunidade e criou a Yoga Chic. Quando morou na Irlanda, durante quatro anos, Patricia encontrava roupas versáteis de ioga, peças com as quais ela poderia fazer outras atividades. Quando voltou para o Brasil, conversou com a mãe, Bell Camargo, que é estilista, para criar sua marca.
O processo de desenvolvimento, criação e produção durou um ano e exigiu R$ 500 mil em investimentos. A montagem da confecção foi a parte mais difícil. “Nesse um ano, erramos demais, perdemos dinheiro, quase achei que íamos fechar as portas por não saber o que estávamos fazendo. Depois que o trem entrou no trilho de volta, o negócio está fluindo”, conta Patricia, que ganhou mais clientes quando passou a divulgar seu trabalho como professora no Instagram.
Em sua avaliação, o interesse pela ioga tem crescido. “As pessoas entram na loja e não perguntam só pela roupa, mas por aulas também. E tem pessoas que compram a roupa, mas não praticam ioga.”
A evolução da Live!, de Santa Catarina, reflete o crescimento do mercado. A marca nasceu em 2002 e foi idealizada pelos sócios Joice e Gabriel Sens. “O segmento de vestuário é forte na região, mas focado em malharias. Começamos a perceber um número grande de empresas atuando com moda fitness, mas não (de maneira) muito forte na região”, diz Gabriel, que ganhou a companhia de Paulo Boss Demo na sociedade.
Com o desenvolvimento da marca, a primeira loja licenciada foi aberta em 2010. Hoje são seis, e a empresa se prepara para oferecer franquias. “Desde o início, a meta era ter uma marca no varejo. Fizemos testes durante três anos até evoluir para franquias”, pontua Gabriel. O plano de expansão prevê 60 unidades em quatro anos. Para abrir um loja Live!, é preciso investir R$ 350 mil, sem considerar o ponto comercial. O faturamento mensal previsto é de R$ 120 mil.
Além de seguir a moda fitness, o empreendimento catarinense também investe nas peças casuais com uma linha de roupas com blazers e até mesmo vestidos.
Observação. Para quem vai investir nesse segmento, a coordenadora do MBA de marketing do esporte da ESPM, Clarisse Setyon, destaca a importância de frequentar as academias. “É importante estar o mais perto possível do seu público-alvo e saber exatamente o que se está usando, o que é legal para estar usando, o que é mais confortável para fazer uma musculação, um pilates. E a melhor maneira de fazer isso é estar dentro das academias”, reforça.
Fonte: Estadão PME