Terceiro homem mais rico da China, o ex-alfaiate Zhou Chengjian, 44, conseguiu competir de igual para igual com as grandes marcas, na terra onde pradas e armanis, falsos ou verdadeiros, estão por toda a parte. A marca criada por ele, Metersbonwe, tornou-se a mais popular do país entre jovens de 18 a 25 anos.
Em 14 anos, abriu 382 grandes lojas nas principais cidades chinesas e espalhou 2.259 franquias em cidades médias e pequenas por todo o país. Sua fortuna pessoal é estimada em US$ 2,6 bilhões, pela "Forbes".
Em tempos de contração de consumo no planeta, ele está em ascensão, segundo a "Forbes". "Não exporto nada, então não fui afetado pela crise mundial. E nossos produtos têm preços acessíveis ao público jovem", diz Zhou à Folha.
A Metersbonwe, um cruzamento quase teenager da Zara com a Gap, mantém uma equipe de designers franceses e chineses. "Nós mandamos nosso time para França, Japão, Hong Kong e Coreia do Sul, para fazer pesquisa de campo e assistir aos desfiles", conta Zhou. Sua empresa também é parceira do escritório Peclers Paris, que investiga tendências. "Mas o principal ativo é que nossos designers são muito jovens, então eles sabem a necessidade da geração deles", afirma.
Longe de revolucionar a história da moda, a regra nas vitrines da Metersbonwe, assim como nas ruas chinesas, é o "tudo ao mesmo tempo agora" -cores que parecem não conversar, peças de noite misturadas a outras casuais, o esportivo com o social. Para o jovem chinês, sobreposição demais nunca é suficiente.
Até 1995, Zhou era um alfaiate que fazia ternos em Wenzhou, cidade portuária do leste chinês que é considerada um dos berços do novo capitalismo do país nas últimas três décadas. Ele trabalhava 16 horas por dia com a família, desenhando e costurando.
Naquele ano, abriu a primeira loja de moda jovem em Wenzhou. O nome da empresa surgiu das palavras "meters" e "bonwe", que Zhou escolheu pela sonoridade, parecida a caracteres chineses que significam a mistura de "beleza" e "singularidade".
Glamour em casa
Para convencer o jovem chinês, obcecado por grifes estrangeiras, que a marca "made in China" pode ser "cool", Zhou precisou apostar alto.
Contratou vários astros jovens como garotos-propaganda -o último, cara da marca desde 2003, é o cantor e ator taiwanês Jay Chou, o Justin Timberlake oriental. E foi um dos patrocinadores da cobertura da última Copa do Mundo pela rede estatal CCTV.
O glamour também se estende aos funcionários. Raridade no país, onde direitos trabalhistas ainda são inexistentes para a maioria, a empresa distribui viagens de férias para executivos e vendedores, paga bons planos de saúde e dá apartamentos de presente aos que têm melhor performance. Todo ano, organiza uma festa de gala com astros locais para os 12 mil empregados.
No ano passado, 200 milhões de chineses compraram alguma das 20 mil peças produzidas pela Metersbonwe.
Zhou admite que, com a recessão global, seus planos de internacionalização da marca devem esperar. "Desejo que consumidores de todo o mundo sintam as vibrações da nova moda chinesa, mas primeiro temos que fazer as coisas benfeitas aqui na China, com muito controle de qualidade, para ficarmos fortes, antes de sair para o mundo", diz. Para ele, o mercado de moda na China é vasto e tem muito espaço para crescer. "Nós temos apenas 5% do mercado, e acho que posso chegar a 80%. Por que não?"