SALVADOR, 24 de novembro de 2006 - Ser franqueado de uma grande marca pode não ser garantia de sucesso, mas 'já é mais que meio caminho andado'. A tese é defendida pela empresária Ângela Freitas, franqueada de três grifes das mais badaladas do cenário nacional da moda: Calvin Klein, Osklen e New Order. A experiência de Ângela passa também pelo período em que foi franqueada da Fórum em Salvador. Há seis anos no varejo, a empresária se diz satisfeita com as opções que fez, argumentando que marcas já consolidadas, quando bem escolhidas e bem trabalhadas, dão resultados altamente positivos pela estrutura de apoio que oferecem aos franqueados.
Comandando cinco lojas das três marcas, nos shoppings Iguatemi e Barra e em Praia do Forte, além de um escritório central, Ângela Freitas emprega diretamente 60 funcionários. O quadro deverá passar para 80 trabalhadores, com os 20 temporários que pretende convocar para o reforço das vendas de final de ano. A nova loja do grupo, da Calvin Klein no Iguatemi, tem 80 metros quadrados e é a primeira franquia da marca no Norte e Nordeste. 'É muito estimulante trabalhar com marcas diferentes, pois cada uma tem as suas características de produto, cliente e direcionamento, sendo que o público das três está nas classes A e B', diz ela, frisando que a New Order é especializada em acessórios, a Calvin Klein em jeans wear e a Osklen oferece uma variedade que vai do sports wear e jeans wear a uma linha mais fashion, incluindo acessórios. A primeira franquia de Ângela foi a Fórum, que manteve por cinco anos - até julho. 'Foi uma experiência muito positiva, mas resolvi reciclar e partir para outras marcas', justifica.
A empresária acredita que esta intimidade com o franchising foi decisiva para a decisão dos franqueadores da Calvin Klein (121 lojas no mundo), por seu nome: 'É um desafio trazer para Salvador uma marca tão importante'. Uma prova de que é mais garantido investir numa grife já consolidada é que para firmar a chegada da Calvin Klein ao mercado local a empresária só precisa centrar esforços no marketing estratégico de divulgação da presença na Bahia, pois a marca já é bastante conhecida mundialmente. 'É uma marca que remete à confiança, qualidade e ao sucesso'.
O segmento de franquias vem crescendo em todo o país. Em 2005, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), registrou um incremento de 13%, com faturamento da ordem de R$39 bilhões. As cerca de 60 mil marcas geraram, só no ano passado, 22 mil novos empregos. O Nordeste desponta como o grande pólo de desenvolvimento do setor, pois as franquias ocupam apenas 20% dos espaços comerciais nos shoppings da região. O momento, avalia a consultora Ana Vecchi, da Vecchi & Ancona Estratégia e Gestão, é propício para que os negócios sejam direcionados para este mercado. 'Trata-se de um mercado muito promissor, que merece ser observado com mais atenção pelos empreendedores. Existe espaço para trabalhar com um mix interessante de novos produtos.
Com o passar do tempo, é natural que o varejo do Nordeste supere algumas de suas deficiências, aprimorando o conceito de prestação de serviços e promovendo mudanças culturais no atendimento ao cliente', comenta. Ela faz apenas um alerta aos investidores que pretendem levar novas franquias para o Nordeste: levar em conta as características regionais e a cultura local, inclusive em termos de linguagem e relacionamento com o público. O investimento inicial para aderir a uma franquia varia conforme o porte da marca e o segmento. No de vestuário, por exemplo, pode estar entre R$30 mil e R$800 mil. Em Salvador as lojas de franquias tendem a crescer na medida em que a capital recebe investimentos e turistas. A construção de novos shopping centers de grande porte, segundo Ângela Freitas, é outro incentivo. Mas recomenda que, para ter sucesso no ramo, é preciso 'investir e persistir, ter um bom relacionamento com os clientes e presença constante junto à equipe de trabalho, estando atenta à forma como os funcionários atendem os clientes'. (Correio da Bahia).