Com o fim do primeiro semestre de 2023, devemos fazer uma reflexão sobre o que passou e pensar em como agir nos meses que estão por vir. Precisamos admitir que o ano começou com um nível de pessimismo bem alto e isso pressionou os índices do mercado financeiro de maneira geral. Vento soprando para cá.
Ao analisar o segundo trimestre, a situação parece estar começando a mudar, já que vemos uma recuperação forte do Índice Bovespa. No entanto, essa recuperação pode estar mais atrelada a um alívio dessa visão pessimista que mencionei acima do que a uma melhora efetiva nos resultados das companhias. Vento soprando para lá.
O fato é que, internamente, os juros continuam altos e a inflação vem cedendo, mesmo que aos poucos. Aliás, é uma situação bastante parecida com a dos Estados Unidos, onde a inflação também vem caindo, lá de forma um pouco mais acentuada, batendo nos 4,8%, a menor desde 2021. Mesmo assim, o Federal Reserve (FED) mantém a taxa de juros alta, entre 5 e 5,25%, e a expectativa é a de que haja um novo aumento neste índice na próxima reunião do FED, justamente para baixar ainda mais a inflação.
Todo esse cenário tende a manter o cenário como está de forma geral e, por esse motivo, não devemos esperar uma reativação rápida da economia neste segundo semestre, mesmo com um eventual início da queda de juros, pois não deve haver fatores relevantes como crescimento do PIB, especialmente devido ao baixo crescimento do agro e das commodities, fatores que explicam o crescimento do nosso PIB até então. Também é preciso ainda digerir a reforma tributária, que para alguns bens e serviços trará redução de carga, e para outros aumentos.
Essa situação e seus desdobramentos me fazem pensar no contexto econômico atual do Brasil como se fosse o vento, que ora sopra pra cá, ora sopra pra lá. E cá para nós, faz tempo que ouvimos estas coisas. Ou seja, se você não tiver as velas içadas ou ter as velas e não possuir ninguém para comandá-las, você ficará ao sabor do vento, o que não é nada positivo.
O que quero dizer é que os resultados da sua companhia podem depender menos de fatores externos, se você tiver maior capacidade de ajustar as velas para poder aproveitar o melhor que cada momento oferece. Para isso, não basta fazer ajustes com uma frequência anual, pois isso lhe afastará do seu objetivo e custará muito mais esforço para retomar a direção. É preciso estar atento e ajustar as velas com uma frequência muito maior.
Já passou da hora das empresas tomarem as rédeas da sua gestão e buscarem de maneira ativa, alinhada e com bastante foco, o que precisa ser priorizado no curto prazo e rever planejamentos em um horizonte de tempo trimestral, por exemplo. Dado o cenário macroeconômico atual, quais são as prioridades para o momento? Há espaço para crescimento das vendas? Podemos investir em melhores processos de atendimento ao cliente? É hora de cortar custos? Como podemos ser mais eficientes em nossos processos?
Essas perguntas devem ser feitas de forma estruturada e organizada trimestralmente, não somente uma vez por ano. O mercado está mudando muito rápido, a cada dia surge um novo concorrente ou novo produto, que pode estar impactando nossos resultados e nem percebemos. Ter o time revisando prioridades de curto prazo, mas sem deixar a visão de médio e longo prazos de lado, é fundamental para ter as velas ajustadas constantemente e aproveitar os momentos para as ações adequadas.
Isto é a gênese da ferramenta de gestão conhecida por OKRs - Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves): metas de curto prazo visando resultados e não ações, em um processo que envolve a todos e, por isso, consegue engajar muito mais a sua equipe na direção desejada. E é justamente isso que você precisa para estar preparado e conseguir pivotar rápido.
*Por Pedro Signorelli especialista em gestão com ênfase em OKRs.