O cenário ideal para o varejo parece estar sendo traçado pouco a pouco no Brasil. “N” fatores podem influenciar uma positividade para o consumo, mas, os dois principais pilares são preços baixos e mais dinheiro na mão do potencial consumidor.
Esses dois ingredientes estão totalmente ligados à inflação e a taxa básica de juros do país. Os recentes indicadores mostraram queda no panorama inflacionário brasileiro, margeando a faixa de 3,5% no acumulado anual. Já a taxa Selic iniciou seu período de cortes, sendo reduzida para 13,25% na última reunião do Copom.
Com os preços caindo e mais crédito na praça, o consumidor tende a ser inflado a compra, consequentemente o varejo e o setor de serviços, responsável por cerca de 70% do PIB brasileiro, é fortalecido.
Outro “bom” cenário pode ser traduzido pelas projeções econômicas de crescimento do IBC-BR de junho, que indicou avanço de 0,63% da economia brasileira. O índice de atividade econômica do Banco Central é considerado pelo mercado como uma prévia do PIB.
Os bons números podem indicar uma trajetória positiva na economia, que levará ao aquecimento do varejo como um todo; gerando vendas, maior capital, novas contratações, maior produção de fornecedores e, assim, gerando uma cadeia econômica favorável.
Além dos valores econômicos, decisões políticas podem influenciar na performance varejista do segundo semestre. Inseridos em nosso parlamento estão os projetos do novo marco fiscal e a reforma tributária.
O “arcabouço”, já aprovado pelo Senado, porém, com ressalvas, retornou à Câmara dos Deputados, agora deverá ser votado pelos próximos 15 dias, caso contrário, o Governo deverá trabalhar com um corte de R$200 bi para o orçamento de 2024.
Já a reforma tributária segue no Senado, com muitas discussões e lobbies a serem feitos em busca de aprovarem um texto completo e palatável, adicionando mais linhas ao projeto aprovado a toque de caixa pela Câmara, em junho.
Essas duas situações permeiam a positividade do varejo no segundo semestre da seguinte forma: Sendo aprovadas, o cenário econômico do país é fortalecido, consequentemente, os indicadores são impulsionados a queda, é gerado no empreendedor uma confiança no “mercado”, e no consumidor, o medo de gastar se vai… Um ciclo de incentivos para o panorama varejista.
Todos esses fatores, somados entre si, e disseminados em um jornal televisivo qualquer, dão força para que o cenário do varejo para o segundo semestre seja positivo.
*Por Maurício Stainoff — especialista em mercado de consumo e varejo e presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo (FCDL-SP) que assina mensalmente a coluna "De olho no Varejo", com exclusividade ao Sua Franquia.