Com as expectativas de que o setor do turismo se recupere e alcance o mesmo patamar de faturamento do período pré-crise ainda no início de 2023, os donos de pequenos negócios do setor precisam estar atentos às novas tendências do mercado e às mudanças do perfil do consumidor. Estudo Econômico realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre os fatores que impactam a competitividade da cadeia de turismo brasileira, em especial os pequenos negócios, destaca que o consumidor e as demandas do turismo já não são as mesmas depois da pandemia da Covid-19.
A partir de extensa análise de dados em publicações especializadas e relatórios nacionais e internacionais que consideram o futuro dos negócios na pós-pandemia da Covid-19, o documento também aponta que a intensificação e aceleração dos processos de mudanças culturais, socioambientais, econômicas e tecnológicas nos últimos anos contribuem para novas formas de se fazer e experienciar atividades turísticas e de lazer, o que abre oportunidades para novos negócios.
A analista de Competitividade do Sebrae Nacional, Analuiza Lopes, ressalta que se o empreendedor está alinhado e aderindo às tendências, consequentemente estará alinhado ao novo perfil do consumidor. “Esse novo perfil do consumidor pós-covid está em busca de experiências diferentes. Como exemplo, eu destacaria o trabalhador remoto ou nômade digital que procura hospedagens que ofereçam um mobiliário e luzes mais adequadas para quem também precisa trabalhar”, comenta.
A partir do estudo da FGV com foco no turismo, o Sebrae destaca as 10 principais tendências de mercado para as micro e pequenas do setor. Confira abaixo cada uma delas:
1. Experiência e Autenticidade. Voltada para experiências únicas, profundas e significativas mesmo que decorrentes de serviços ou atividades simples. A ideia é oferecer para o cliente um novo significado de práticas de turismo, seja para vivenciar viagens, refeições ou outras atividades turísticas ou de lazer.
2. Contato com a natureza. A busca por viagens e atividades em ambientes ao ar livre se intensificaram na pandemia, continuam em alta e seguem em crescimento, visto que permitem aliar o turismo às práticas de segurança ainda recomendadas.
3. Sustentabilidade e Inclusão. Visa atender de forma conjunta às necessidades não só dos turistas, mas também das comunidades receptoras e empreendedores. Nesse caso, é dada atenção aos aspectos de proteção e preservação de recursos naturais, da biodiversidade e da integridade das pessoas envolvidas.
4. Staycation. A prática deve continuar em alta após a pandemia e diz respeito a fazer turismo sem sair da cidade de residência. Opções como day use, oferecimento de serviços por hotéis da cidade para a comunidade e uso de espaços para trabalho remoto ou eventos comemorativos abre muitas possibilidades de ampliar o público-alvo dos empreendimentos.
5. Contratos competitivos. Atende ao consumidor cada vez mais independente e bem-informado. Os negócios de turismo precisam ser mais competitivos com bom custo-benefício e flexibilidade para cancelamentos e remarcações.
6. Saúde e Bem-estar. O turismo de bem-estar é a junção de práticas de viagem à procura pela saúde física e mental, em que o cliente busca por serviços diversos, como por exemplo, práticas terapêuticas, dietas saudáveis, procedimentos estéticos, entre outros.
7. Redução do contato físico. Com o receio de contágio na pandemia, o cliente passou a valorizar de redução de contato físico com objetos de uso comum e de interações pessoais, favorecendo avanços tecnológicos como a digitalização e automação na busca por interações “sem toque”.
8. Marketing Digital. Em um contexto em que a presença no mundo digital é um diferencial competitivo extremamente relevante, ainda se observam pequenos negócios do turismo com baixos níveis de maturidade digital.
9. Segurança Sanitária. Medidas de segurança sanitária vão continuar como um fator decisivo na tomada de decisão do turismo mais consciente e comprometido com a responsabilidade social.
10. Economia compartilhada e sob demanda. Nesse caso, o cliente paga apenas pelo que consome ou pelo tempo que consome, otimizando assim os recursos para quem oferece e gerando economia para o consumidor. Essa nova forma de consumir produtos e serviços considera a necessidade e não a posse.
Novo perfil do turista
O estudo econômico da FGV também avalia que ao compreender as mudanças ocorridas no perfil do consumidor, as micro e pequenas empresas podem estudar as melhores formas de transpor os desafios trazidos pelo novo cenário e encontrar alternativas para viabilizar a continuidade da prestação de seus serviços e a sua permanência no mercado econômico de modo competitivo.
De acordo a analista do Sebrae, os pequenos negócios têm uma flexibilidade maior para se adaptar às mudanças e aos novos nichos do mercado. “Ao contrário de uma grande empresa, onde para fazer qualquer processo de mudança há um maior esforço de recursos e tempo, o pequeno negócio está em uma posição mais favorável neste ponto e consegue se adaptar mais rapidamente para atender a esse novo perfil”, frisou Analuiza.
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