O mercado de tecnologia foi agitado nas últimas semanas com as notícias de demissões em massa nas big techs, o que motivou fortes interrogações sobre o futuro do trabalho no setor. Entretanto, apesar dessas notícias, à primeira vista, inquietantes, a tendência é de continuidade do crescimento da demanda por profissionais de TI e o motivo é o impacto crescente, inclusive no Brasil, de duas tecnologias emergentes: a conexão 5G e a computação quântica.
Observo que há consistentes explicações para essas demissões ocorridas: houve uma explosão de contratações no segmento a partir de 2020, em razão das imperativas adaptações no contexto da Covid-19.
Em um primeiro momento, a pandemia assustou o mundo todo, e inúmeros projetos foram paralisados. Mas, muito rapidamente, o mercado entendeu que era preciso se adaptar, pois a emergência sanitária demandava a aceleração da digitalização, e nesse contexto muitos profissionais de tecnologia foram contratados. Passado o impacto inicial da crise, várias empresas, em especial as big techs, se deram conta de que talvez tenham contratado mais do que deveriam.
No entanto, vejo o futuro com otimismo. Novas tecnologias vão impactar o mercado mais uma vez, impulsionando a contratação de profissionais e reaquecendo esse setor.
Uma dessas tecnologias é a 5G, que irá fomentar a criação de novos negócios, na mesma velocidade de seu potencial de conexão. A tecnologia 5G multiplica em 50 vezes a conexão com a internet, quem já experimentou sabe a diferença. Com o incremento exponencial da conectividade, surgirão muitas novas adaptações, novos softwares precisarão ser desenvolvidos, códigos terão de ser reescritos e, com isso, haverá um “boom” na demanda por profissionais para atuarem com essa nova realidade.
Outro ponto importante para acompanhar no mercado de trabalho nesse setor é a computação quântica que, em no máximo cinco anos, trará impactos inimagináveis. Essa tecnologia, que ainda é pouco comentada, irá aumentar a capacidade de processamento dos servidores em 100 milhões de vezes!
Com esse potencial ainda difícil de mensurar, os novos computadores quânticos vão, igualmente, gerar múltiplos novos negócios, o que continuará incrementando, e provavelmente acelerando, a busca por profissionais em tecnologia. A realidade é que apenas as big techs e governos terão recursos para adquirir esses computadores, que serão muito caros, mas esses equipamentos poderão gerar novos nichos de mercado, novas formas de se relacionar com a tecnologia e as empresas terão de se adaptar muito rapidamente.
Nós somos um claro exemplo da demanda permanente por profissionais de TI, mesmo com o mercado abalado pelas notícias de demissões nas big techs. Desde a pandemia, crescemos, em média, 25% a 30% ao ano, dobrando o número de profissionais, de 500 para 1000. Nosso trabalho, que já era em boa parte no formato remoto, tendência que se consolidou nos últimos dois anos, ajudou a fortalecer ainda mais a nossa cultura digital e, hoje, não temos nenhuma intenção de mudar este modelo de atuação. Um ponto importante é que o alto nível de entrega e qualidade foram mantidos (às vezes até potencializados), contrariando antigas teorias de que o 100% remoto seria uma utopia.
Quem passou a trabalhar remoto não volta atrás. Mesmo que algumas empresas adotem um formato híbrido, na prática o remoto continuará predominante. O profissional, principalmente o da área de TI, vai preferir (e escolher) trabalhar nessa condição e as empresas precisarão se adaptar, fomentando uma cultura forte e remote first, fornecendo infraestrutura adequada e ferramentas de gestão e colaboração. Esse é um novo mundo, o caminho agora é garantir profissionais capacitados, de todas as partes do mundo, felizes e comprometidos. É assim que as empresas vão poder colher tudo de bom que está por vir no universo da tecnologia.
*Geraldo Magela é VP de Operações da SysMap Solutions.