Enquanto o consumo no país ainda tenta avançar em passos tímidos, sendo diretamente impactado pelo aumento das dívidas, renda informal e desemprego, a cesta de produtos voltados para higiene e beleza consegue se manter com níveis positivos. De acordo com dados apurados pela Kantar, os brasileiros aumentaram a compra de itens de beauty & care em 5% em 2018 na comparação com o ano anterior. Em volume, no mesmo período, a alta ficou em 1,3%. As demais cestas juntas apresentaram crescimento de 1,5% em valor e queda de 2,1% em volume.
O que pode explicar o bom desempenho, de acordo com o levantamento, é o comportamento do brasileiro. O país é líder mundial na frequência de banhos por semana. São 12 localmente versus 6 na Europa. No Brasil, por exemplo, o sabonete em barra está presente em 99% dos lares, na Grã-Bretanha o índice é de 32% - por lá, o sabonete líquido faz mais sucesso, com 75% de penetração. A presença de shampoo e pós shampoo com penetração de, respectivamente, 91% e 88%, revela que os cabelos são os queridinhos dos brasileiros.
Declarando em sua maioria ter fios lisos (34,3%) ou ligeiramente ondulados (27,4%), os consumidores buscam nas prateleiras itens que apresentem boa relação preço – qualidade (64%) e também uma fragrância agradável (60%). “A análise dos dados nos apresenta um shopper guiado cada vez mais por escolhas inteligentes. O preço, que em um cenário de incertezas, poderia ser um fator determinante para a escolha, não supera o desejo por um item de qualidade e que traga benefícios extras, como o perfume”, analisa Giovanna Fischer, Diretora de Marketing e Insights da Kantar.
Seguindo a tendência de escolhas mais conscientes, os cuidados com os cabelos se tornam cada vez mais simples e naturais no Brasil. A penetração semanal de uso de secador, por exemplo, era de 16% em 2014. Três anos depois, o índice foi a 12%. Produtos como shampoo com baixo sulfato – com menos detergente e, portanto, que resseca menos os fios – já foi usado ou é objeto de desejo de 67% dos brasileiros. Não por acaso, os dados apontam que a penetração de produtos para procedimentos capilares caiu: alisantes perderam 2 pontos percentuais na comparação de 2018 com o ano anterior. No mesmo período, tintura para cabelo teve queda de 3 pontos percentuais.
Acostumados a mixar canais – são 7 para a compra da cesta de FMCG, os produtos de consumo massivo -, o brasileiro usa em média 5 canais para se abastecer de itens de higiene e beleza, sendo que o varejo tradicional segue como o mais importante.
Os dados são do Worldpanel FMCG e Worldpanel Usage Personal Care, que monitora os hábitos, comportamento de compra e uso de consumidores e shoppers 360º em todo o Brasil.