O segmento de beleza no Brasil registrou um crescimento de 14% no faturamento nos últimos 5 anos, entre 2013 e 2018. Entre os produtos que mais se destacam está o ramo de skin care (cosméticos e cuidados para a pele) que cresceu 20% em vendas no mesmo período. Levando em conta apenas os itens de maquiagem facial, o Brasil registrou crescimento de 12% nos últimos cinco anos e houve crescimento de 7% de 2017 ao 1º semestre de 2018. O produto que teve maior crescimento nos últimos cinco anos foi o batom, com 41%. Os dados de mercado foram apurados para empresa Beauty Fair.
No franchising, o segmento de Saúde, Beleza e Bem-Estar apresentou crescimento de 8,9% no segundo trimestre de 2018, no comparativo com o mesmo período em ano anterior, acumulando um faturamento de R$ 7679 bilhões.
Para entender com mais detalhes como vem ocorrendo o crescimento do setor, o portal Sua Franquia entrevistou César Tsukuda, diretor-geral da Beauty Fair. Veja a seguir:
Sua Franquia - Como podemos explicar o crescimento do mercado de cosméticos no Brasil?
Tsukuda - O setor de beleza não é uma ilha à parte do país, então sofre sim com as retrações e crises econômicas. A grande vantagem é que, possivelmente, é um dos últimos segmentos a sentir a crise e um dos primeiros a sair dela. Isso porque temos algumas características importantes: no Brasil não só as mulheres, mas também os homens, enxergam o setor beleza como uma das prioridades de consumo dentro da sua lista e eventualmente reduzem o ticket médio, deixam de ir aos salões, fazem procedimentos em casa, compram produtos de valor agregado menor, mas não deixam de se cuidar e consumir. Este ambiente traz para o setor de beleza uma fortaleza em relação à crise que alguns outros setores não têm.
Sua Franquia – Podemos dizer que é um setor que não se abala na crise? Qual a perspectiva para ainda 2018?
Tsukuda - Sofremos estes últimos dois anos porque o setor de beleza está relacionado à renda, e não à credito, e, essencialmente, o que impactou e caiu neste período foi a renda média dos brasileiros trazendo ao setor uma certa dificuldade.
Para 2018 entendemos que deve haver uma evolução e melhoria, ainda que não exacerbada e otimista, mas uma melhora consistente. O Brasil, de uma maneira geral, tem uma previsão otimista de crescimento neste ano. Otimista no sentido de ser melhor que 2017 e, novamente, não que seja muito grande, mas consistente, e com isso o setor de beleza vem junto.
Entendo que se o país pretende crescer perto de 3% o mercado de beleza deve vir entre 5 e 6% e até um pouco acima disso. Geralmente, o setor de beleza tem uma boa resposta nos seis últimos meses do ano, principalmente, por conta da chegada do Verão e do ciclo de lançamentos.
Independentemente da categoria tem muito a ver com dois pontos básicos: a questão de lançamentos e inovação, que o setor traz com muita força a cada momento, e tornar acessível os produtos ao consumidor em dois desafios: fazer com que eles cheguem aos consumidores (multicanalidade e experiência de consumo que são decisivas) e acertar o preço adequado a cada um dos mercados.
Sua Franquia - É um mercado que ainda tem espaço para crescer no Brasil?
Tsukuda - O mercado de beleza tem, sim, espaço para crescimento no Brasil. Algumas categorias de produto, com destaque para a pele, têm potencial grande de crescimento nos próximos anos. O Brasil é o quarto maior país do mundo em termos de consumo e, no que se refere a cabelos, somos o segundo. O mercado de cuidados para pele está um pouco mais atrás em consumo, mas é natural dizermos que a mulher que cuida da beleza do cabelo, cedo ou tarde, vai cuidar da pele. Por isso mesmo, produtos para pele, de maneira geral, vão impulsionar o crescimento do mercado de beleza.
Sua Franquia - Batons apresentam melhor desempenho e crescimento de 41% em relação a outros cosméticos. Há uma explicação para isso?
Tsukuda - O batom está diretamente ligado à elevação da autoestima da mulher. É a porta de entrada para a maquiagem e o hábito de utilizar o produto é muito presente na rotina das brasileiras. Ele também costuma ser o item mais desejado da maquiagem e, naturalmente, o que registra maior crescimento de vendas. Em 2013, tínhamos R$ 1,3 milhão de faturamento e a previsão para 2018 é de R$ 2,2 milhões. Isso também pode ser explicado pelo Índice Batom, indicador criado em 2001 pelo presidente da marca de cosméticos norte-americana Estée Lauder, que se baseia na evidência estatística de que as vendas de cosméticos sobem em razão proporcional à queda do poder de compra dos consumidores. Isso quer dizer que, em anos de crise, as vendas de batons tendem a aumentar, pois as pessoas compram o produto por conta do baixo custo unitário, mas também com foco na elevação da autoestima.
