O anúncio foi feito há poucas semanas, mas as negociações duraram cerca de um ano: a franqueadora líder mundial em soluções auditivas Amplifon – nascida na Itália há 63 anos, com presença e excelente desempenho em 22 países – comprou 51% da franqueadora brasileira Direito de Ouvir. Viu nesta jovem empresa brasileira de Franca, cidade do interior de São Paulo, que tem apenas sete anos de mercado, “uma pequena Amplifon”, que abriria as portas da América Latina para a gigante - ansiosa por atuar neste mercado.
A divulgação desta aquisição na Itália fez as ações da Amplifon na Bolsa de Milão subirem de 3,8 euros para 4,7 euros – cerca de 0,9 euros por ação e 260 milhões de euros de valorização para o capital da empresa. No mês passado, durante uma visita ao Brasil para participar da Convenção da agora Direito de Ouvir Amplifon, o CEO da empresa nos Estados Unidos, Heinz Ruch, foi categórico: “Nosso faturamento, em 2013, foi de 829 milhões de euros. Devido a esta aquisição, certamente, teremos crescimento”.
Para a italiana Amplifon, a América Latina é um novo e vasto mercado a ser explorado. As chances de sucesso são grandes: o potencial do mercado latinoamericano é indiscutível. Conhecimento para fazer um bom trabalho, há de sobra. E tecnologia, também: o negócio da empresa não é produzir ou fabricar aparelhos, mas sim, associar-se a fabricantes que oferecem as melhores e mais modernas soluções auditivas que contemplam todos os bolsos e necessidades. A Direito de Ouvir Amplifon vê na Argentina e Chile países para uma futura expansão.
No Brasil, o impacto é significativo. A Direito de Ouvir, até então, conta com uma loja própria em Franca, cinco franquias e 91 representantes em todo o território nacional. É a rede com maior capilaridade do país em soluções auditivas. “É hora de expandir. Temos um parceiro muito forte, que acreditou no que já estávamos fazendo”, diz Frederico Vaz Guimarães Abrahão, fundador, sócio e presidente da Direito de Ouvir Amplifon Brasil.
“Teremos produtos mais baratos do que já tínhamos, além de novas soluções modernas e tecnológicas. Além disso, investiremos em treinamento para que o relacionamento com o cliente seja especial e duradouro. As experiências da Amplifon mundo afora, certamente, nos ajudarão bastante neste processo”.
O mercado brasileiro e as franquias
Por aqui, são comercializados 300 mil aparelhos auditivos por ano – o mesmo número que na Itália –, mas a penetração no mercado potencial brasileiro é inferior, 4%, contra 20% em mercados maduros. A oferta de soluções auditivas ainda é muito fragmentada e carente de estratégias comerciais agressivas. O mercado privado cresce rapidamente e já representa 1/3 do total (o restante é subsidiado pelo governo).
A filial brasileira responderá diretamente a uma central americana, ao invés da italiana, por conta da similaridade dos negócios. Nos Estados Unidos, há 1.200 lojas franqueadas da Amplifon, com nome de MiracleEar. Tem ainda a Elite, uma congregação de fonoaudiólogas independentes, que indica e compra aparelhos; e a Hear PO, que realiza acordos para a venda de aparelhos para companhias de seguro e empresas de saúde.
A Direito de Ouvir Amplifon Brasil continuará com seus planos de expansão por meio do sistema de franchising, agora com aporte de capital de R$ 2 milhões, apenas no primeiro ano da nova operação. Haverá tanto a opção de operar por meio de microfranquias – exclusiva para fonoaudiólogas – como com lojas, o que já acontece. No próximo ano, a ideia é abrir 16 novas lojas nas capitais e em cidades com mais de 300 mil habitantes.