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Expansão da renda no País impulsiona lucro da Mundo Verde

Fundadores da rede se anteciparam à tendência de bem-estar ainda nos anos 1980

Expansão da renda no País impulsiona lucro da Mundo Verde
Sua Franquia Publicado em 26 de Julho de 2011 às, 17h40. Atualizado em 10 de Julho de 2023 às, 23h59.

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Não são apenas as mudanças econômicas que influenciam na trajetória de uma empresa. As culturais também. Exemplo disso é a Mundo Verde, rede de franquia de lojas de produtos naturais, orgânicos e de bem-estar.

A crescente preocupação das pessoas com a qualidade de vida, nos últimos anos, fez com que a rede encerrasse o ano de 2010 com 182 lojas espalhadas pelo País e um faturamento de R$ 185 milhões. “Essa mudança fez com que os negócios voltados ao bem-estar vivenciassem um crescimento fantástico nos últimos 25 anos”, avalia Jorge Antunes, um dos fundadores da Mundo Verde.

Contudo, esse resultado sequer podia ser imaginado pelos fundadores da rede em 1987, quando abriram a primeira loja em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. “Se naquela época tivéssemos contratado um estudo de uma consultoria ou uma pesquisa, jamais teríamos aberto o negócio, pois jamais nos recomendariam”, acredita Antunes.

“Mas tínhamos a percepção de que o mercado iria mudar”. E foi essa crença que fez com que se unisse a uma irmã e uma cunhada, reunisse recursos que hoje equivaleriam a R$ 2 mil, e abrisse uma lojinha de 25 m² no centro de Petrópolis.

A partir daí, começaram a quebrar paradigmas. “Queríamos criar um conceito de bem-estar”, revela Antunes, resumindo que os valores e os princípios calcados nessa visão não só nortearam o negócio, mas foram a grande razão de seu sucesso. “Surpreendemos o mercado”, afirma. Tais novidades incluíam a própria disposição das mercadorias na loja, onde as prateleiras de alimentos orgânicos passaram a conviver com incensos e estantes de livros de autoajuda e CDs de música new age. “Nossa proposta era fazer com que as pessoas tivessem uma experiência dentro da loja, vivendo o ambiente e o conceito”, afirma.

Estilo de vida

A ideia da loja decorreu da mudança no estilo de vida dos fundadores. Antunes conta que sua irmã foi a primeira a aderir a essa linha, após dedicar-se durante alguns anos a estudos sobre o tema enquanto viveu em Ohio, Estados Unidos, anos antes de voltar ao Brasil e abrir a primeira loja.

Antunes também vivia por lá na mesma época, porém na Califórnia, onde possuía uma loja de roupas. Em uma visita à irmã percebeu os benefícios da nova filosofia de vida e também resolveu adotá-la.

Quando voltaram ao Brasil, anos depois, a abertura de um local para esses produtos acabou sendo natural. “Era nosso sonho de consumo, mas também achávamos que, com o tempo, as pessoas iam valorizar mais a qualidade de vida, saúde e ecologia”, lembra.

Ficaram com uma única loja, em Petrópolis, durante seis anos, quando resolveram franquear a marca e o conceito. “Optamos pela franquia porque cada um dos franqueados também é dono, tem interesse pelo negócio, e isso faz com que cresça mais rápido”, conta. Além disso, destaca a troca que existe entre franqueado e franqueador. “Compartilha-se ideias e contatos, enriquecendo o empreendimento.”

Para expandir um negócio por meio de franquia, entretanto, é preciso ter cuidado redobrado, conforme orienta Maria Cristina Franco, vice-presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF). “Para crescer por meio de capital de terceiros, é preciso ter um modelo de negócios que garanta sucesso a todos”, destaca.

Franquear, explica, é disponibilizar a marca e o conhecimento do negócio. Por isso, o empreendedor que quiser expandir uma empresa dessa forma, precisa estar muito preparado e estruturado para suprir as necessidades do franqueado, alerta.

Além disso, para oferecer todo o know how, que passa por logística e treinamento de pessoas, chegando a infraestrutura tecnológica e marketing, é necessário um forte investimento do franqueador. Pelas estimativas de Maria Cristina, tal desembolso pode chegar a R$ 1 milhão. “Se não estiver bem preparado, o franqueador entra em um círculo vicioso”, destaca.

Na Mundo Verde, o formato de franquias deu certo. Porém, quando a rede somou 136 lojas, em 2009, Antunes e suas sócias decidiram vendê-la. “Não tínhamos sucessores, e achamos que a venda seria a melhor solução”, conta. Assim, passaram a empresa para as mãos do Grupo Axxon, um fundo de private equity, e de outros investidores.

Os investidores foram atraídos para o negócio porque acreditavam no mercado de varejo e enxergaram na Mundo Verde um grande potencial, de acordo com Donato Ramos, atual diretor de marketing da companhia. “É um mercado de nicho, mas em curva acelerada para se tornar um mercado de massa, com o atual crescimento das classes B e C”, avalia. Essa tendência, afirma, fará com que encerrem 2011 com um crescimento de 60% em relação a 2009, ano da compra. No fim deste ano, esperam contabilizar 210 lojas e um faturamento de R$ 220 milhões.

Dados da Euromonitor, consultoria multinacional de pesquisas de mercado, indicam que as vendas no varejo de produtos voltados ao bem-estar, como os orgânicos e afins, totalizaram R$ 40 bilhões em 2010. Em 2011, estima-se que esse número cresça 30%, atingindo R$ 50 bilhões. “Esse crescimento reflete a entrada de novos consumidores, com a expansão da renda das pessoas, e a conscientização do público, que cada vez mais valoriza uma alimentação saudável”, explica Ramos.

Os fundadores deixaram de ser donos, mas não se afastaram do negócio. Hoje, Antunes e sua irmã participam do Conselho Consultivo da organização, como guardiões da marca e dos valores da empresa. “Eles desenvolveram a essência”, comenta Ramos. “É importante balizar nossa estratégia de negócios com quem fundou, com quem conseguiu ver uma oportunidade onde ninguém a enxergava 20 anos antes de ser uma tendência”, afirma.

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