A crise que abalou boa parte da economia mundial parece ter passado longe do setor de franquias no Brasil. Tanto que a expectativa da Associação Brasileira de Franchising (ABF) é de que 2009 tenha terminado com o faturamento apresentando aumento de 14,5% na comparação com o ano anterior. Em 2008, o crescimento havia sido de 19,5% em relação a 2007.
“Registramos uma recuperação acelerada no segundo semestre de 2009”, observou Ricardo Camargo, diretor executivo da ABF. “Especialmente nas áreas de serviços e de alimentação”. Camargo destacou os desempenhos dos segmentos de acessórios pessoais e calçados, beleza e saúde, além de serviços automobilísticos como aqueles que apresentaram melhores desempenhos.
“Com a crise, observamos um aumento acentuado da procura por franquias”, contou Camargo. Em relação a 2008, o crescimento foi de 25% e esteve relacionado à expansão do desemprego no setor industrial. “Muita gente que recebeu a indenização trabalhista optou por montar um negócio e buscou a segurança das franquias. Esse pessoal engrossou nosso banco de futuros empreendedores”, disse. Por isso, a ABF acredita na ampliação de no mínimo 6% nas unidades de lojas franqueadas até dezembro.
Para este ano, as perspectivas de faturamento são um pouco melhores. “Estamos projetando uma expansão de 15%”, disse o diretor executivo da ABF — um comportamento sustentado pelo varejo, setor que menos sofreu com a crise. “Nós não sentimos falta de crédito por causa do aumento da oferta por parte do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do BNDES. Além disso, houve crescimento da massa salarial acima da inflação e expansão do crédito para a pessoa física. Esse conjunto de coisas explica o desempenho diferenciado de nosso segmento”, concluiu Camargo.
Um exemplo do que ocorre no setor é a rede de clínicas de estética Onodera. Em 2000, a empresa aderiu ao sistema de franquias, quando contava com apenas duas unidades próprias. Hoje, já são 40 franqueadas e 6 próprias. A expectativa da franqueadora é terminar este ano com um crescimento médio de 25% e cinco novas clínicas, três delas em praças onde a Onodera ainda não estava presente: Rio de Janeiro, Goiânia e Jundiaí (SP).
“Conseguimos crescer, apesar de todos os efeitos da crise econômica mundial, e ainda estamos com outros bons negócios encaminhados para este início de ano”, diz Lucy Onodera, diretora da rede. “Nossa meta é abrir 10 unidades até dezembro. De preferência, nas principais capitais onde ainda não estamos”. São 37 unidades no estado de São Paulo (26 na capital e 11 no interior) e as outras nove distribuídas pelo resto do país: Aracaju, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Goiânia, Palmas, Porto Alegre (duas unidades) e Rio de Janeiro.