As redes de franquia há muito tempo têm provado que esse modelo de negócio é promissor e garante estabilidade maior aos empresários. Tanto que é cada vez maior a variedade de segmentos que apostam no franchising. O mais novo deles é o spa.
Segundo dados da Associação Brasileira de Clínicas e Spas, há no País mais de 2.300 estabelecimentos, sendo que 95% deles são de pequeno e médio porte.
“Os spas têm crescido no mercado por causa do número de pessoas preocupadas com o bem-estar. É uma grande tendência”, afirma o diretor de Comunicação e Marketing da Associação Brasileira de Franchising (ABF), André Friedheim.
Os números para quem pretende investir na área de bem-estar são animadores. De 2006 para 2007 o setor registrou um aumento de 24,5% no número de redes franqueadas, que passou de 170 para 212 estabelecimentos. O faturamento também acompanhou o movimento e apresentou alta de 10,5%.
Mas para transformar o negócio numa rede de franquias não basta só ter interesse. Segundo Friedheim, é preciso que a empresa esteja estruturada, uma vez que o foco de atenção do empreendedor será dividido com as demais unidades que surgirão. “O empresário terá demandas maiores e questões mais complexas para resolver.” Entre os futuros problemas estão o treinamento dos funcionários e todo o suporte para as demais franquias.
Para a diretora-geral da Bittencourt Consultoria, Claudia Bittencourt, o momento para expandir o negócio vai variar de acordo com os desejos do empresário. “Há os mais conservadores, que concentram todo o investimento numa única unidade, e há os expansionistas que logo querem aumentar a rede.”
Para os empresários a tarefa é árdua, mas não impossível. De acordo com Friedheim, as grandes franquias de hoje quando começaram tinham apenas uma loja. Para trilhar o mesmo caminho, ele ressalta o que é necessário: “A empresa precisa ter uma marca forte, produto/serviço de qualidade e atuar dentro de um segmento que esteja crescendo, que seja uma tendência, não apenas uma moda.”
Claudia completa a lista de quesitos necessários: “A empresa tem de estar estruturada para conseguir passar todo o conhecimento adquirido adiante.” Ela alerta que se não houver preparação a empresa terá grandes dificuldades para se expandir.
PIONEIROS
Desde o último ano do curso de Fisioterapia, Fernando Nampo e dois amigos planejavam abrir uma empresa. Em 2004, eles já eram sócios do Shizen Day Spa, localizado em Londrina (PR). Este ano eles começaram a investir na ampliação da rede. “Pretendíamos ser uma franquia desde o início. O processo foi lento por falta de maior capital”, afirma Nampo.
Segundo ele, os sócios optaram por crescer neste momento, pois agora a empresa está numa fase mais experiente. Outro ponto a favor foi a marca já ser conhecida na região. “Temos destaque na mídia local.”
Para o ano que vem está marcada a inauguração da filial em São Paulo. E os planos não param por aí. A partir de 2010, o objetivo é abrir seis unidades por ano. Segundo Nampo, a empresa pretende focar seus serviços na capital e no interior paulista. “A grande maioria dos nossos clientes em Londrina é de São Paulo.” Outro atrativo da maior capital brasileira é a lucratividade que a região promete oferecer. A expectativa de Nampo é que, com a nova unidade, em seis meses, o faturamento de R$ 30 mil seja ultrapassado.
Entre tantas preocupações com essa fase, o novo plano de negócios foi de extrema importância. Nampo diz que o primeiro documento elaborado era muito semelhante ao que qualquer micro e pequena empresa faz, com o objetivo de testar a viabilidade do negócio. “Antigamente só pensávamos em duas coisas: sobreviver e conquistar a clientela.” Agora, segundo ele, o principal é levar a marca para as principais localidades do Brasil.
O Grupo Kurotel também enxergou a oportunidade de ter uma rede de spas. No próximo mês ocorrerá a inauguração do Kur Estações das Águas, em Gramado (RS). “A unidade foi concebida para ser uma rede. E o melhor é que já há pessoas interessadas em serem franqueadas”, afirma Rochele Silveira, membro do comitê diretivo do Grupo Kurotel.
O foco inicial da empresa será a cidade de Gramado, mas as regiões Sudeste e Centro-Oeste já estão nos planos. De acordo com Rochele, o modelo de negócios, que está sendo estudado há três anos, foi pensado a partir das necessidades dos clientes. “O objetivo é estreitar o laço com a clientela por meio de serviços novos e diferenciados no mercado.”
Ela explica, ainda, que o plano de negócios criado para a empreitada é totalmente maleável e fácil de adaptar-se a qualquer situação. “O franqueado tanto pode partir do ponto inicial quanto pode funcionar num local adaptado.”
O investimento é alto, algo em torno de R$ 2 milhões e R$ 3 milhões. No entanto ela ressalta que, num ponto de vista ‘pouco otimista’, o retorno chegará dentro dos três primeiros anos.