A predisposição do mercado imobiliário pelo lançamento de condomínios não é responsável apenas por transformar a paisagem das cidades. O fenômeno também motiva o surgimento de uma nova geração de franquias, especializadas na prestação de serviços dentro desses conjuntos residenciais e corporativos.
O fenômeno é recente e, segundo dado da Associação Brasileira de Franchising (ABF), traz oportunidades que se enquadram na categoria de microfranquias. Isso quer dizer que demandam um capital inicial relativamente baixo e poucas exigências no que tange aos investimentos em infraestrutura.
De quebra, as franquias oferecem margens de lucro que chegam a 40% e uma demanda que cresce escorada no alto ritmo dos lançamentos e entregas de condomínios.
O empresário Marcelo Mahtuk fatura com a nova tendência. Dono da Manager - uma administradora de condomínios na capital paulista - há vinte anos, ele passou metade do tempo tocando o negócio sem sustos e com crescimento linear de 10% ao ano.
Em 2009, no entanto, o cenário mudou. "Passamos a crescer 20% e precisei contratar muita gente. Foi quando decidi franquear a empresa para garantir a expansão", conta o empreendedor, que alcançou faturamento de R$ 7 milhões em 2011 e, neste ano, prevê crescer 30%.
O modelo de franchising adotado por Mahtuk reparte com o parceiro apenas parte das atribuições da administradora, que permanece com os principais aspectos operacionais burocráticas da função. Ao franqueado cabe, basicamente, a prospecção do cliente e o atendimento da nova conta adquirida - tarefas que, segundo o empresário, demandam 40% do trabalho.
"Cabe a ele intermediar as demandas do condomínio, a organização de assembleias e coisas do tipo. A gente fica com todo o resto: sistemas, rateios, envio de cartas, pagamentos de contas e as demais 150 tarefas mensais legais que temos", afirma. O investimento na franquia é de R$ 40 mil. Como contrapartida, a empresa estima o retorno do investimento em 12 meses.
Jardinagem
No interior do Estado, os irmãos Alexandre e Vander Silva investiram R$ 150 mil e lançaram uma franquia de tratamento e nutrição de jardins, a Ecojardim. Um ano depois, a empresa já conta com 60 franqueados e tem planos para fechar 2012 com faturamento de aproximadamente R$ 1,8 milhão.
"Os condomínios são nossos principais clientes, cerca de 85% da nossa carteira", destaca Alexandre Silva, que cobra R$ 24,6 mil como investimento inicial. "O projeto estima faturamento médio de R$ 12 mil por mês para cada parceiro", garante.
As áreas comuns dentro dos condomínios também inspiraram o empresário George Procópio de Carvalho. Com outros três sócios, ele mantém a Rent a Pro, empresa que atua com soluções para grupos de esportistas.
A empresa existe há 11 anos em São Paulo, mas decidiu franquear o modelo em 2011, de olho principalmente na expansão dos condomínios.
"Alguns oferecem mais equipamentos esportivos que muitos clubes", diz Carvalho, que também atua com ginástica laboral em empresas e atividades extracurriculares em escolas. "Quarenta por cento do nosso faturamento, que é de R$ 1,2 milhão, vem dos condomínios. Mas estimo que essa conta chegará a 50% em dois anos", afirma.
Carência
O capital para a aquisição de uma franquia da Rent a Pro é de R$ 70 mil, para um faturamento médio estimado em R$ 25 mil por mês no primeiro ano de atividade. Esse resultado, segundo o consultor em franquias Adir Ribeiro, presidente da Praxis Education, tende a crescer.
"Gosto muito desse modelo de franquia de prestação de serviços para condomínios. É um mercado que está nas mãos de profissionais autônomos e algumas poucas empresas. Carece, portanto, de profissionalização e de empresas que pensem em um planejamento de marketing para ele", destaca.