O setor de prestação de serviços de contabilidade no Brasil é tomado por uma infinidade de pequenas e microempresas - são 79,8 mil organizações no total, que empregam 483 mil profissionais especializados, segundo o Conselho Federal de Contabilidade. Os novatos da área costumam começar sozinhos, ou com um grupo pequeno de sócios, muitas vezes trabalhando em espaços dentro de casa. Foi observando esse cenário de pulverização que alguns empresários viram a possibilidade de criar redes de franquias. A intenção é transmitir aos empreendedores o conhecimento técnico e de negócios de quem já está no ramo há mais tempo.
A iniciativa ainda é recente. No mercado desde 1989, a NTW Contabilidade e Gestão Empresarial, de Belo Horizonte, iniciou em 2011 um processo de abertura para franqueados. Também apostando nesse nicho ainda pouco conhecido no País, a CSL Assessoria Contábil, de São Paulo, com 20 anos de existência, começou a operar com franquias em março.
A meta da CLS é expandir sua marca implantando um modelo de franquia diferenciado. O negócio não exige pagamento de taxa de royalties ou de instalação. Em contrapartida, o franqueado terá que atuar como uma espécie de captador de clientes para o franqueador. A cada dois clientes captados pelo franqueado, um será seu e outro deverá ser repassado ao franqueador (que prestará os serviços e ficará com todo o faturamento referente e esse trabalho).
Para começar, é necessário ter dois clientes e mais dois para indicar à matriz - mas a apresentação de clientes pode ser negociada caso a caso. Na medida em que o franqueado tiver segurança para tocar o negócio, o que leva de seis meses a um ano, segundo o franqueador, ele poderá se desvincular da matriz, optando ou não por continuar com a bandeira da empresa. Os candidatos a franqueado precisam obrigatoriamente ser técnicos em contabilidade ou graduados na área.
O empresário Claudionei Santa Lucia, da CSL, afirma que na maioria das vezes os escritórios começam "tímidos", operando em poucas frentes, o que faz com que percam clientes. Um problema que ele acredita ser minimizado com a estrutura oferecida pelo franqueador. "Dentro do site da CSL existe um acervo com todo o histórico da empresa e material de consulta, além do serviço de atendimento telefônico", explica.
Franqueado da CSL desde maio de 2012, Fábio Cornélio, de Parnaíba (PI), conta que escolheu o modelo por considerar decisivo obter conhecimento diretamente de quem já possui experiência. "Busquei neles o capital intelectual que eu não tinha por ser recém-formado", diz. Hoje, o contador concilia o trabalho em uma indústria com o negócio próprio. "Meu objetivo, para daqui a alguns anos, é viver apenas da contabilidade", afirma.
Como não há investimento inicial, o franqueador afirma que o retorno se dá a partir do momento em que o franqueado conquista os primeiros clientes. "Se o profissional começar a trabalhar em casa, tem 30% de gasto e 70% de lucro", promete Claudionei.
Claudeir Silveira, de Campinas (SP), diz que conheceu o modelo da CSL pela internet, em março. Em abril, começou o contato com a empresa e, dois meses depois, abriu seu escritório com três clientes. "Mesmo sem nenhum cliente, procurei a rede. Conversei com o seu idealizador, que acabou se tornando um amigo, e na hora de assinar o contrato já tinha três clientes fechados", explica.
Para ele, a estrutura da CSL foi o agente motivador da escolha. "Não tinha muita experiência. Não sabia nem quanto cobrar dos clientes. Com a franquia, posso ligar no help desk a qualquer momento que surgirem dúvidas", explica.
CSL em números
Setor: Serviços financeiros
Resumo do negócio: atividade de contabilidade e consultoria
Número de unidades: 4
Unidades próprias: 1
Unidades franqueadas: 3
Faturamento mensal médio: não informado
Taxa de franquia: zero
Taxa de royalties: zero
Taxa de propaganda: zero
Capital para instalação: R$ 1,5 mil
Capital de giro: R$ 1 mil
Prazo de retorno estimado: 30 dias
Principais concorrentes: NTW