Proprietário da Frankia Virtual, empresa especializada em inclusão digital, o empresário Claudio Marcellini era um workaholic típico, que trabalhava 18 horas por dia, até mesmo nos fins de semana. Hoje, sua carga horária é bem parecida — o que mudou foi o cenário. Aos 30 anos, ele dirige 46 escritórios no Brasil e nove no exterior, de sua confortável mansão, dentro de um condomínio de luxo no Guarujá, litoral paulista
Tudo na vida de Claudio Marcellini aconteceu antes da hora. Nascido em uma família de classe média alta, fez seu primeiro intercâmbio para aprimorar o inglês aos sete anos. Foi nessa viagem aos Estados Unidos que o garoto descobriu ser um empreendedor nato. “Comprei brinquedos que não existiam por aqui e passei a alugá-los na hora do recreio”, conta. Aos 16, expulso de casa por não querer seguir as carreiras sugeridas pelo pai (Medicina ou Direito), Marcellini instalou-se em uma quitinete no centro de São Paulo e passou a viver da venda de produtos importados que trazia do exterior. Abrir o primeiro site para vendas on-line foi o grande divisor de águas em sua carreira. “Em 2000, o e-commerce engatinhava no Brasil. Fiz vários cursos e me tornei especialista em inclusão digital.” Fundada em 2001, a Frankia Virtual tem hoje 520 clientes e fatura R$ 100 milhões por ano. Para gerir esse colosso, Marcellini chegou a cumprir expedientes de 18 horas, sem direito a folgas. “Parei de fazer esportes e quase não via minha mulher.”
Tudo mudou com a oficialização do casamento, em 2009, e a iminente chegada de Valentina, sua primeira filha, hoje com um ano. O empresário transformou radicalmente a rotina: mudou-se para o Guarujá e diminuiu as idas à capital. “Não foi fácil perder o medo de sair do escritório. Mas, desde janeiro de 2010, estou oficialmente trabalhando em casa.” Aprender a delegar, diz, exigiu empenho. “Promovi diretores e dei aos colaboradores a liberdade de trabalhar em casa também.” Ele diz que não sai de casa nem para as reuniões de negócios. “Mando um helicóptero buscar os clientes.” Na ponta do lápis, Marcellini diz que trabalha tanto quanto antes. Só que, agora, faz visitas frequentes à sua adega particular, pratica surfe, pesca oceânica, tênis e musculação, além de jogar golfe pelo menos uma vez por mês. “Quem vive enfurnado no escritório esquece as melhores coisas da vida.”
O que falta conquistar
Abrir escritórios em mais três ou quatro países é uma das metas de Marcellini até o fim de 2012. A Frankia Virtual cresce a um ritmo de 60% ao ano, mas ele diz que ainda é pouco. “Quero proporcionar oportunidades ao maior número possível de pessoas.”