Demonstrando sua maturidade e que está ganhando ritmo com o arrefecimento da Covid-19, o setor de franquias brasileiro registrou crescimento de 18,7% no terceiro trimestre deste ano comparado a igual período de 2021. É o que indica a Pesquisa Trimestral de Desempenho realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF). De acordo com o estudo, feito em parceria com a BR Insights, o faturamento do setor saltou de R$ 47,385 bilhões para R$ 56,256 bilhões no período. Na comparação entre os mesmos meses de 2020, a variação positiva foi ainda maior, de 28%. Em relação ao terceiro trimestre de 2019 (pré-pandemia), a receita do franchising também cresceu, superando em 19,2% o montante do período.
Fatores como a reabertura total do comércio combinada com a demanda reprimida dos consumidores em alguns mercados; o ganho de eficiência das redes, cada vez mais digitalizadas e com estratégias omnichannel, além da melhora de indicadores macroeconômicos, como a desaceleração da inflação, o avanço do varejo de forma geral e a prévia do PIB nos meses de julho, agosto e setembro, que, segundo o Banco Central (BC), indica uma alta de 1,36%, contribuíram para este resultado.
Faturamento do 3º trimestre
Ao ser observada a receita acumulada nos últimos 12 meses e do início do ano até o trimestre pesquisado (Year To Date -- YTD), o estudo da ABF revela que o mercado de franquias apresentou um crescimento de 12% e 15%, respectivamente. O índice confirmou a projeção feita pela entidade, de que a receita de 2022 deverá superar a casa dos R$ 200 bilhões. O salto foi de R$ 182,381 bilhões no quarto trimestre do ano passado para R$ 204,351 bilhões no terceiro trimestre deste ano.
“A retomada da atividade econômica com o retorno mais consistente dos consumidores às compras foi essencial nesse terceiro trimestre e é muito salutar que o setor de franquias tenha registrado um ganho real ao observarmos a inflação. Contudo, o franchising se valeu muito nesse período dos seus pilares, baseados em marcas fortes, de referência para os consumidores e nas quais eles depositam sua confiança; nos ganhos de eficiência, de escala, nas negociações com fornecedores, por exemplo. Constatamos que o setor de franquias aprendeu muito na pandemia e estamos vendo os resultados de modo mais evidente agora”, observa André Friedheim, presidente da ABF.
Com relação à variação positiva na receita acumulada e do início do ano até setembro (Year To Date), na visão do presidente da ABF, “os índices acumulados de faturamento em doze meses e Year To Date evidenciam a trajetória positiva do setor, mantendo a tendência verificada nos dois primeiros trimestres, e a nossa expectativa é que o franchising siga mantendo esse bom desempenho nos três últimos meses do ano, ainda mais com as datas fortes da Black Friday, Natal e a própria Copa do Mundo”.
Em referência à abertura de operações, de acordo com o levantamento o índice ficou em 5,6% de julho a setembro. O fechamento registrado nestes meses foi de 1,8%, com saldo positivo de 3,8%. Já o repasse de unidades se manteve estável, com 1,0%.
Desempenho por segmento
A exemplo do terceiro trimestre de 2021, o segmento de Hotelaria e Turismo apresentou o maior crescimento nestes mesmos meses de 2022, com um crescimento de 53,8% em receita frente ao terceiro trimestre do ano passado. O segmento foi beneficiado especialmente pela forte retomada das viagens e dos grandes eventos presenciais em relação ao mesmo período do ano anterior, cujo cenário ainda sofria grandes reflexos das políticas de isolamento.
Alimentação - Food Service registrou o segundo melhor desempenho, tendo uma alta de 31,0% no período. Fatores como o reaquecimento do setor de serviços, exemplificado pela busca das pessoas por alimentação fora do lar, e a manutenção da demanda pelo delivery contribuíram para esse crescimento. Em terceiro lugar, Saúde, Beleza e Bem-Estar, cuja receita cresceu 27,8% no intervalo pesquisado, manteve bom resultado. O segmento continuou sendo favorecido pela considerável demanda por seus serviços e produtos.
A seguir se destacou o segmento de Educação, com o quarto melhor desempenho, com um crescimento de 22,9%. Um dos mais tradicionais e consolidados do setor de franquias, Educação retomou um movimento de alta graças à melhora do cenário econômico e ao arrefecimento da pandemia, externamente, e internamente, a fatores como a intensa digitalização das redes e seus ganhos de eficiência e o período de matrículas para o segundo semestre (julho e agosto). Em quinto lugar ficou Entretenimento e Lazer, com alta de 17,3%, beneficiado principalmente pela retomada das suas atividades com o fim das medidas de isolamento social.
Faturamento por segmento
“Com exceção de Serviços Automotivos, todos os segmentos apresentaram desempenho positivo, tanto os segmentos com histórico mais afetado e ainda em recuperação, como Hotelaria e Turismo, quanto aqueles com histórico positivo, que mantiveram uma trajetória positiva mesmo que em grau menor. Cabe ressaltar também que, de forma geral, as marcas continuaram a buscar maximizar as vantagens do trabalho em rede, a sinergia com os franqueados, a gestão eficiente, entre outros fatores, isso aliado ao cenário econômico mais positivo”, declara o presidente da ABF.
Distribuição de faturamento e unidades por regiões
A pesquisa trimestral da ABF reafirmou o movimento de descentralização do setor de franquias no que diz respeito à distribuição do faturamento e das unidades por regiões entre 2021 e 2022. Essa constatação corrobora com os dados do ranking ABF das 30 Maiores Cidades em variação por unidades no primeiro semestre de 2022. Divulgado recentemente, o estudo apontou que as franquias estão expandindo mais em capitais fora do eixo Rio-São Paulo e no interior. Manaus (AM) lidera o ranking de forma inédita, com a maior variação (35,1%). Cuiabá (MT), com variação positiva de 31,7%, e Belo Horizonte (MG), com 30,9%, vêm em segundo e terceiro lugares, respectivamente. Entre as Top 10, três não são capitais: São José do Rio Preto, Santo André e Jundiaí (SP).
Para o presidente da ABF, “além de fatores locais, essa expansão se deve ao movimento de recuperação do franchising após dois anos de pandemia; das redes aproveitando os espaços vagos e melhores condições de negociação; àquelas que estavam melhor estruturadas e que conseguiram se adequar mais rapidamente ao novo cenário, retomando também de forma mais ágil seus planos de expansão”.
Mesmo que ainda predominante, o Sudeste registrou uma pequena queda no volume de faturamento, passando de 55,94% para 53,56%, e de unidades, de 54,09% para 52,21%.
A Região Sul vem a seguir, com uma leve alta no faturamento, de 17,24% para 17,36%, e de 17,55% para 17,90% em número de operações. Em terceiro lugar está a Região Nordeste, cuja receita no período cresceu de 14,03% para 15,82%, e as unidades passaram de 14,60% para 15,02%.
Fonte:
ABF