O ano de 2020 foi totalmente atípico e surpreendeu o mundo todo. Muitos empreendedores que estavam iniciando negócios precisaram se reinventar repentinamente, como Carlos Henrique Siqueira, que abriu a Global Embalagens em abril. Ele já estava com tudo pronto para iniciar quando começaram as restrições sanitárias no Brasil e não teve escolha a não ser abrir a empresa. “Eu me reinventei, acredito ter tomado decisões acertadas”, afirma o empresário.
Se por um lado muitos já estavam no empreendedorismo antes da pandemia — diversos por vocação, outros tantos por oportunidade — abrir o próprio negócio foi a opção de milhares de brasileiros que perderam seus empregos durante a crise, os chamados empreendedores por necessidade. Estudo da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostrou que o Brasil atingiu em 2020 o maior número de pessoas envolvidas no empreendedorismo inicial, ou seja, realizando a abertura de novos empreendimentos ou com negócios de até 3,5 anos. A parcela foi de 25% da população adulta. O dado engloba os três perfis de empreendedores, mas revela o aumento dos que entraram neste meio por falta de opções, visto que a série histórica da pesquisa revela a elevação do empreendedorismo inicial em períodos de recessão, como os que ocorreram de 2008 a 2009 e entre 2014 e 2016. Carlos Henrique entrou neste dado, mas é um empreendedor por vocação que, como tantos, precisou se adaptar.
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Ao abrir a Global Embalagens, uma fábrica de embalagens de papel para fast foods, a venda era de 100 mil unidades por mês. Hoje, um ano depois, são 2 milhões de ítens comercializados mensalmente. Para ele, o diferencial foi ter se preparado antes de abrir o negócio. “Para mim, o momento certo para abrir o negócio é depois que tiver feito um bom planejamento, aí sim é hora de executar. Outra coisa importante que eu costumo dizer é que o empreendedor tem que gostar do que faz, mas não ter uma cega paixão. É preciso ser muito racional, saber a hora de entrar e a hora de sair para não gastar energia desnecessária com pessoas e negócios pouco promissores”, afirma o empresário. No planejamento deve haver a previsão de todos os cenários possíveis, inclusive as crises, isso permite adotar um plano B conforme a ocasião. “A crise é um momento bem delicado, é difícil para todo mundo, só sobrevive a ela quem se reinventa e se adapta ao momento. De certa forma, ela separa um pouco os amadores dos profissionais”.
Os momentos em casa, sem poder sair para passear ou para as tarefas cotidianas, viraram horários de estudo sobre o negócio, “usei meu tempo livre durante o lockdown para estruturar o planejamento , os processos e os produtos”, afirma. Momentos de crise impõem desafios maiores, mas não impossíveis. A dica de Siqueira para quem começa é ter cuidado e coragem, pois os erros serão inevitáveis, mas necessários para aprender. Junto a isso é crucial ser resiliente e disciplinado, pois imprevistos acontecem, mas com esforços é possível se reestruturar.
Quem é Carlos Henrique Siqueira
Empresário à frente da Global Embalagens, que fabrica embalagens de papel para sorveterias e redes de fast-food, e da Justin In Soft no Brasil, que vende máquinas para o preparo de açaí na forma de sorvete. Fundou a rede de franquias Jah do Açaí, hoje conhecida apenas como Jah. Formado em logística e Administração, acumula conhecimentos sobre empreendedorismo, varejo, setor de franquias, comércio exterior e indústria.
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