Nos últimos anos, empresas de todos os setores têm incorporado a agenda ESG às suas estratégias de negócio. Seja por uma demanda da sociedade, ou por uma compreensão da relevância do tema pelas próprias companhias, esta pauta vem instigando um novo olhar no mundo corporativo, à medida que as organizações passam a dedicar maior atenção para o ambiente no qual estão inseridas e sua sustentabilidade. E assim, aos poucos as iniciativas ESG passam a ser trabalhadas de forma mais racional, prática e efetiva no mercado.
Neste contexto, o setor de Rental, ou de locação de ativos, tem se mobilizado em diferentes frentes com relação a este tema. Importante pontuar que o segmento está em pleno crescimento no país e tem se destacado como uma importante atividade do setor de prestação de serviços nos últimos anos. Para se ter uma dimensão, atualmente no Brasil existem cerca de 50 mil empresas de Rental, sendo 10% destas empresas de locação de máquinas da linha amarela. Além disso, 90% destes negócios são representados por PMEs, evidenciando um número expressivo de empreendedores e gestores no segmento. Diante da importância que vem ganhando na economia, o setor Rental pode – e deve – contribuir para a sociedade com ações de sustentabilidade.
A começar pela própria natureza da sua atividade, o segmento de locação se relaciona diretamente ao pilar ambiental, uma vez que seu modelo de negócio pressupõe a substituição da fabricação de um novo item pelo aluguel de um ativo já existente, poupando matéria-prima e outros recursos envolvidos nos processos fabris. É comum associarmos a este mercado as empresas de locação de máquinas e equipamentos para a construção, indústria, mineração e agropecuária. Contudo, o Rental vai muito além, englobando até mesmo itens de Telecom, equipamentos de segurança, roupas etc.
O setor também tem desenvolvido outros projetos visando a sustentabilidade ambiental. Entre eles estão iniciativas de reciclagem, como o reaproveitamento do óleo utilizado nas máquinas, aliado ao descarte adequado da substância; ações de captação e reuso de água; uso de equipamentos mais adequados para a preservação ambiental, como máquinas com dimensões menores, por exemplo; geração e consumo de energia limpa; e, claro, investimento em equipamentos mais modernos e tecnológicos, com funcionalidades que geram menor impacto ambiental, como redução no consumo de combustível.
No que tange ao pilar social, a segurança e saúde dos profissionais tem sido uma prioridade para o setor de Rental, a exemplo de uso de equipamentos com maior estabilidade, planejados com engenharia mecânica e dispositivos de segurança; ergonomia e cuidados com a movimentação operacional dos colaboradores; uso de EPIs; treinamentos orientativos contínuos, entre outros. Além disso, iniciativas de diversidade e inclusão também têm felizmente tomado a pauta do segmento, fomentada sobretudo por associações do setor.
Já no pilar de governança, é possível observar uma maior preocupação das empresas com relação ao que chamamos de cidadania corporativa, ou seja, a maneira como as corporações se envolvem e se relacionam com a sociedade, considerando os mais diferentes stakeholders - governo, clientes, parceiros, colaboradores e a comunidade do entorno. Neste ponto, estão em foco temas como a conformidade com impostos e pontualidade com os contratos, além de transparência e responsabilidade nos resultados, ética das relações e combate à corrupção.
Estas iniciativas são apenas alguns exemplos de uma gama de projetos que integram as estratégias do setor no avanço da agenda ESG. Nesse sentido, vale destacar que o uso de tecnologia e dados é primordial para o progresso da jornada de sustentabilidade das companhias, seja no desenvolvimento de melhores equipamentos, na produção de relatórios e indicadores confiáveis ou mesmo na gestão da governança.
Apesar das evoluções, evidentemente ainda existe um amplo espaço para ser explorado especialmente nas PMEs, uma vez que muitas vezes a falta de informações e de recursos prejudica a execução efetiva desta estratégia nas organizações. Para que a agenda ESG tenha êxito no segmento, é fundamental que o mercado atue de forma integrada, compartilhando informações e fomentando discussões e boas práticas. Diante do potencial de crescimento do setor no Brasil, o avanço da jornada ESG no segmento de Rental pode representar também uma evolução da jornada ESG no país. Os resultados são benefícios para todos, para o planeta, para a sociedade, para os negócios e para o Brasil.
*Por Eduardo Pires, diretor de produtos de Prestadores de Serviços da TOTVS e Eurimilson João Daniel, membro do Conselho de Administração da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração).