Chegou a vez da classe C também na hotelaria. A francesa Accor, maior rede de hotéis do Brasil, já procura interessados em investir na construção de 100 empreendimentos super econômicos no Brasil com a bandeira Formule 1. Todos os hotéis terão custos baixíssimos de construção e operação para que as diárias cobradas dos clientes fiquem próximas a 75 reais. A maior parte dos empreendimentos será erguida em cidades secundárias, de 100.000 a 500.000 habitantes. Já foi criado um projeto padrão, que será apenas adaptado às características do terreno e às especificidades de cada localidade. Haverá financiamento subsidiado para a construção de alguns hotéis, que serão comercializados no modelo de franquia e operados pelos próprios investidores. Tudo isso para se chegar a um custo de construção por hotel de 5 milhões de reais e a despesas administrativas bastante baixas após a abertura.
O plano marca uma profunda reviravolta na atuação do grupo francês no Brasil. Hoje a Accor administra 142 hotéis no país, a maioria nos segmentos de quatro e cinco estrelas. Mas essa realidade vai mudar nos próximos anos. Com o crescimento da renda e a ascensão da classe C, o foco sai da bandeira Mercure para as duas marcas econômicas da rede: Ibis e Formule 1. No caso do Ibis, a expansão já está em curso. Existem 53 hotéis em funcionamento sob a bandeira e outros 43 estão com contrato assinado para a construção. Dentro de dois ou três anos, a bandeira Ibis se tornará a principal do grupo hoteleiro no Brasil.
Os planos para a marca Formule 1 não estão em um estágio tão avançado no país, mas são igualmente ambiciosos. A bandeira engloba 11 hotéis em funcionamento e outros sete em construção. Na fase inicial de desenvolvimento, a rede apostou em hotéis grandes, com 200 a 300 quartos, localizados em cidades com mais de 1 milhão de habitantes, em pontos bastante valorizados. Os projetos foram bem-sucedidos. A bandeira trabalha com taxas de ocupação superiores a 80%.
Para levar a marca a cidades menores, no entanto, será preciso fazer adaptações ao modelo de negócios. Em primeiro lugar, a rede decidiu adotar o modelo de franquia. Estão sendo procurados investidores interessados em construir lotes de cinco hotéis em diversos estados brasileiros. As unidades foram oferecidas inicialmente para investidores que construíram alguns dos hotéis operados pela Accor. Três deles já assinaram cartas de intenção para construir 15 hotéis Formule 1 no Sul e no Sudeste. Os prédios começam a ser construídos no próximo ano e ficarão prontos em 2012. As demais unidades serão oferecidas ao mercado. O primeiro road show acontecerá na próxima semana em quatro capitais nordestinas: Salvador, Recife, Natal e Fortaleza.
A expectativa é encontrar dois ou três parceiros locais para levar adiante o plano de expansão no Nordeste. O momento econômico é bastante favorável para isso. A região tem liderado o forte crescimento da economia brasileira nos últimos anos. A Accor conta também com outro trunfo para atrair interessados. O Banco do Nordeste já concordou em liberar empréstimos com juros baixos para a construção de hotéis. "No mundo todo, a atividade hoteleira é subsidiada porque a geração de emprego é elevada, mas os retornos vêm apenas no longo prazo", diz Abel Castro, diretor de desenvolvimento da Accor no Brasil.