A relação entre franqueador e os seus franqueados, assim como em qualquer relação humana, envolve alguns desafios. Apesar do contrato de franquia ser entre empresas, por trás de cada uma destas, prevalecem as pessoas. Acontece que, nos últimos anos, tornou-se comum o uso do termo “franqueado tóxico”, e quando surgem conflitos, o ímpeto em identificar e rotular este tipo de indivíduo é grande.
É claro que este tipo de pessoa existe, mas é preciso muita atenção na hora de analisar a rede e identificar os que realmente apresentam esse tipo de comportamento. Um “franqueado tóxico” joga contra o time, e isso é mais do que um problema de relacionamento, é um problema de caráter. Alguém assim não deve continuar na franquia. Veja então a gravidade de se “carimbar”, mesmo que somente internamente, um franqueado com esse estereótipo.
O que fazer então? A primeira coisa é ter um olhar mais amplo sobre a personalidade dos franqueados, para podermos observar suas atividades através dos quatro temperados humanos - colérico, sanguíneo, fleumático e melancólico. Um franqueado que dá a impressão de que está querendo ir contra tudo, na verdade pode ser apenas um colérico que tem naturalmente um jeito de ser e responder de maneira rápida e contundente à novas ideias.
Enquanto isso, outro que parece estar testando a autoridade da franqueadora pode ser apenas um sanguíneo interessado, que é um questionador em sua essência. E não para por aí, uma franqueada que demora a responder e parece não estar bem aí para o negócio, possivelmente é uma fleumática que precisa de tempo para pensar estrategicamente sobre tudo, justamente por estar comprometida. Já o aparente pessimismo às ações propostas pela franqueadora, pode ser apenas uma reação normal e esperada de um desconfiado melancólico.
Todo bom franqueador é um grande conhecedor de pessoas. E compreender como os quatro temperamentos humanos podem ser aplicados na relação com os franqueados é um grande trunfo para liderar com maestria uma rede de franquias. Olhar atentamente cada um com seu temperamento, em busca do mesmo objetivo final, pode mostrar que “franqueados tóxicos” são, na verdade raros – em geral, os franqueados são leais e parceiros, mesmo que não pareçam em alguns momentos.
*Erlon Labatut é consultor de franquias credenciado pelo SEBRAE e associado a ABF, administrador pela UFPR, e mestre em Engenharia Industrial pela UTFPR. É sócio fundador da ‘Franqueador.com’.