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Artigo: O DRE da franquia passo a passo

Pedro Nogueira, franqueador da B.LEM Padaria Portuguesa, desmistifica o DRE sem deixar de ressaltar sua importância

Artigo: O DRE da franquia passo a passo
Flávia Denone Publicado em 16 de Agosto de 2023 às, 08h00. Atualizado em 16 de Agosto de 2023 às, 11h00.

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Ao longo desses anos no mercado das franquias, aprendi que o sucesso desse modelo de negócio não depende apenas de uma ideia brilhante ou de um produto incrível. Claro, esses elementos são importantes, mas a sobrevivência e o crescimento sustentável de uma franquia exigem algo a mais: uma gestão financeira eficiente e estratégica. E é aí que entra o poderoso DRE. 

O Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE) pode parecer um bicho de sete cabeças para aqueles que têm uma franquia para administrar e já são responsáveis por diferentes atividades no dia a dia. Mas, na verdade, o documento é um grande facilitador quando feito da maneira correta. Ele funciona como um raio-X financeiro, que mostra aos empreendedores tudo o que acontece nos bastidores do negócio. O DRE nos permite identificar qual o ponto de equilíbrio do meu negócio (meta de faturamento que cobre todos os custos e a partir da qual eu tenho lucro), identificar problemas de custos e definir estratégias para melhorar a rentabilidade do negócio.

Para que você possa entender melhor, é fundamental que eu explique como ele é feito. Existem alguns tipos de DRE, como o contábil, que segue as regras de contabilidade de cada país e é feito por um profissional contador habilitado, e o DRE gerencial, que é mais universal e pode ser feito pelo próprio empresário. 

Basicamente, esse retrato das finanças é construído para um período específico e o mais saudável é que ele seja atualizado todo mês. Assim, ele é formado por quatro elementos: 

1)    A receita mensal da franquia – o que inclui a receita bruta e todos os descontos aplicados sobre as vendas (incluindo, por exemplo, comissões dos meios de pagamento), até chegar à receita líquida; 

2)    Os custos fixos do mês – que na realidade podem variar, mas que são os gastos que com certeza a unidade terá independentemente do que for vendido, tais como a folha salarial, aluguel ou contas de energia:

3)    Os custos variáveis – são os custos que apenas acontecem quando ocorre uma venda (inclui os custos dos produtos vendidos, embalagens etc.),

4)    Os impostos – que poderão ser apurados de diferentes maneiras em função do regime fiscal da empresa.

Desta forma, vamos ter um olhar separado para cada um destes elementos e, subtraindo os três últimos elementos da receita líquida, temos o resultado do exercício. Analisando cada um deles, o franqueado pode começar a se questionar: “é possível abaixar meus custos?” ou “se eu aumentar minha folha salarial, tendo mais gente trabalhando, eu vou conseguir vender mais e lucrar mais?”. Ele consegue tomar um conjunto de iniciativas com um único objetivo, que é o de aumentar a rentabilidade. 

Para fazer uma projeção correta de futuro, o DRE é essencial e, por isso, tudo precisa ser registrado nele. Caso algo seja deixado de fora, a leitura não será a correta e não será mostrada uma fotografia real do negócio. Ter tudo organizado é quase uma garantia de que o planejamento dará certo.

O DRE mais correto seria aquele feito por competência, que é o que reflete os eventos ocorridos no período independentemente do momento do pagamento. Por exemplo, uma venda ocorrida em janeiro, mas apenas recebida em fevereiro deveria ser registrada no DRE de janeiro; os custos variáveis do mês deveriam ser aqueles correspondentes às vendas do mês, independentemente das compras de insumos efetuadas. 

No entanto, reconheço que este DRE requer mais disciplina e alguma experiência financeira para que todos os eventos sejam devidamente registrados. Por exemplo, no caso de um negócio de alimentação, seria preciso estimar um desperdício mensal, pois nem todos os produtos perecíveis adquiridos serão consumidos; no caso da folha salarial deveriam ser feitas provisões de 13º, férias etc.). 

Mas, para contornar estas dificuldades existe, um truque que usamos no setor, de forma a conseguir ter o mesmo tipo de visão, de uma forma mais simples: usando o fluxo de caixa. O empresário pode simplesmente pegar os extratos bancários e identificar todos os movimentos de entrada e saída de dinheiro, classificando cada um num dos quatro elementos acima. Ainda que, feito desta forma, possa dar uma visão enviesada num período de tempo curto (por exemplo, se investi em estoque para vendas futuras, vou ter esse custo no mês sem a receita), mas tende a ser bastante correto quando olhamos para um período longo. Sua grande vantagem é que qualquer empresário consegue fazer esse exercício de uma forma rápida, ter uma visão mais apurada do seu negócio e sem precisar de contratar um especialista financeiro!


*Por Pedro Nogueira, franqueador da B.LEM Padaria Portuguesa, rede com 50 franquias.

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