Elas têm como principal motivação para empreender a busca por independência financeira. Kelly Couto, empresária no ramo de comunicação, conseguiu driblar as dificuldades e os principais desafios de ser uma mulher negra e empreendedora no país
Na próxima sexta-feira, 19 de novembro, comemora-se o Dia do Empreendedorismo Feminino.
Se para um homem, encarar a trilha do empreendedorismo já é complicado, para a mulher que já carrega em sua bagagem toda a carga de machismo e pressão da sociedade, o cenário é ainda mais desafiador.
Embora no Brasil, o número de mulheres que estão à frente de um negócio, representam 34% do número total de empreendedores formais ou informais, segundo o Sebrae, elas continuam ganhando 22% menos que os homens.
Quer seja em ascensão a cargos de lideranças ou para conseguiram implementar suas marcas em seus mercados, a mulher ainda tem muitos caminhos a serem percorridos. Agora imagina quando é mulher, negra e de origem pobre?
Kelly Couto, empresária no ramo de comunicação, conhece bem os desafios e oportunidades para mulheres que empreendem no país e que buscam por independência financeira.
Nascida e criada em um município pobre da baixa fluminense do Rio de Janeiro, Filha de empregada doméstica que mal sabe assinar o próprio nome, criada sem pai e sem nenhuma referência sobre o que era educação, Kelly começou a trabalhar ainda adolescente para ajudar sua mãe a terminar de criar seus dois irmãos mais novos.
Com o senso de empreendedorismo que corre em suas veias desde novinha, a empresária sempre buscou superar os desafios, a partir de um olhar positivo sobre tudo o que acontecia a sua volta: "Eu sabia que a jornada seria difícil, até porque eu não tinha a menor condição financeira para me especializar no mercado. O meu maior sonho era entrar para a faculdade, mas como operadora de telemarketing à época, o meu salário, que era de R﹩ 340 por mês, era praticamente a única fonte de renda para ajudar a manter as despesas da família. Relembra Kelly Couto.
"Com a minha mãe desempregada, eu via que os sonhos de custear meus estudos se tornavam cada vez mais longe. Foi a partir daí que comecei a enxergar que somente o empreendedorismo seria a única saída para eu alcançar a tal sonhada independência financeira, finaliza Couto.
O Plano B
Mesmo sabendo que não seria fácil alcançar um posicionamento no mercado, a empresária conta que tinha a noção de que o processo seria lento.
"Eu comecei a empreender ainda dentro da própria empresa em que eu trabalhava como atendente de telemarketing. Eu lembro que pedi ao meu chefe para migrar do setor de atendimento que era salário fixo para o setor de vendas, onde eu teria o fixo mais variável. A bonificação por cada venda era em centavos e eu precisava fazer vendas em volume. E, mesmo ficando entre as primeiras colocadas do escritório todos os meses, no final, a diferença do meu salário era de aproximadamente R﹩ 200 a mais. Mesmo assim não desisti. Me matriculei em um cursinho de pré-vestibular comunitário e mergulhei de cabeça nos estudos, em paralelo" conta a empreendedora.
A empresária relembra ainda que, para complementar a renda, se especializou na área da beleza para ajudar as manter os custos com os estudos. "Fiz uma jornada técnica de alongamento de cabelos e esta, sem dúvidas, foi a maior "sacada" que pude ter. A mão de obra era mais valorizada. E foi graças a isso, fazendo cabelo e designer de sobrancelhas que consegui a investir mais em meus sonhos", afirma Couto que hoje é sócia fundadora uma Agência de comunicação e fundadora de um Revista de Economia e Negócios que tem seu negócio consolidado no mercado nacional e internacional.
"Empreender não é uma tarefa fácil e vale ressaltar que muitas mulheres empreendem por necessidade e/ou falta de oportunidades, principalmente quando é negra e pobre. Infelizmente rola muito preconceito ainda. Eu me lembro que já fui excluída de processo de seleção de entrevista de emprego por ser negra. No empreendedorismo, diversas vezes também me senti sozinha nesta empreitada. E tenho a certeza de que muitas das que estão começando também tem este mesmo sentimento. Por isso é importante falar mais sobre isso," defende Kelly Couto.
"Se tivesse que deixar um conselho para quem está empreendendo, o conselho seria busque se especializar o máximo possível para alcançar o sucesso. E isso em todas as áreas. É importante saber dominar cada setor do seu negócio e, sobretudo, ter um plano de negócios bem estruturado, além de um planejamento de comunicação bem definido para alcançar o máximo de pessoas possíveis. O conhecimento, este sim, ninguém pode tirar. Palavras de quem já sentiu verdadeiramente na pele a força e o dissabor que acompanham o caminho de quem quer ser seu próprio chefe e afirmo e reafirmo: não é fácil, mas também não é impossível". Concluiu a empreendedora no Grupo Couto Comunicação.
Sobre Kelly Couto
Tendo cursado toda a sua educação em escola pública, a empreendedora já fez quase de tudo um pouco na vida: vendeu amendoim na praia, foi empregada doméstica e babá, vendedora de porta em porta até chegar à operadora de telemarketing, onde atuou por mais de 10 anos, tendo começado como atendente, passando por a área de vendas e liderança. Graças ao trabalho como operadora de telemarketing e no ramo da beleza e da estética, além de iniciativas pública e privadas para a área da educação, ONGs e Programas de Inclusão aos Negros, Kelly conseguiu entrar para a faculdade.
Hoje formada em Letras pela Universidade Castelo Branco (UCB) e Pós-Graduada em Língua Portuguesa pela Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro (UFRRJ) - com ênfase em Linguística Textual e Análise de Discurso, Kelly Couto tem mais de 10 anos de experiência na área comercial, no mercado de telecomunicações tendo passagem por call centers de grandes players de telefonia e bancos. Desde 2013, atua com Marketing Digital e Jornalismo Independente. É sócia-fundadora do Grupo Couto Comunicação e Fundadora da Revista Capital Econômico - publicação digital especializada em Economia, Negócios e Carreiras, com visibilidade mundial.
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