O início do ano é o momento em que muitas planejam encarar novos desafios, sejam eles pessoais ou profissionais. Muitos sonham em empreender, serem donos de negócios próprios. Desta forma, o mercado de franquias ainda é uma boa aposta para quem deseja empreender, mesmo em tempos de crise. Apesar da economia brasileira ainda caminhar a passos lentos, as franquias andam em direção oposta e continuam a movimentar o mercado brasileiro.
Para quem pretende investir nesse modelo de negócio em grandes centros como Minas Gerais, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, é preciso fazer uma análise do que é tendência e promete ganhar ainda mais fôlego nessas regiões. Segundo dados da ABF, Minas Gerais figura na quarta posição dos estados brasileiros em números de redes de franquias, além de estar em terceiro em quantidade de unidades franqueadas concentrando 8,4%. “A região tem cidades muito expressivas economicamente, mesmo com uma população não tão numerosa e muitas delas com shoppings. Mesmo o investidor mineiro sendo conhecido por seu conservadorismo esse é um fator que facilita as negociações, pois o próprio interessado procura a rede franqueada atrás de uma oportunidade. Desta forma, o índice de fracasso é bem reduzido, se comparado com outros mercados no Brasil”, pondera Mônica Fernandes, consultora da GSPP BH.
Já Porto Alegre está na quinta posição dos estados brasileiros com maior rede de franqueados, segundo a ABF. “Após conversarmos muito com o empresariado gaúcho percebemos que a cultura local é muito forte quanto às dúvidas e tomadas de decisões. O mercado local é um verdadeiro celeiro de ótimas oportunidades”, comenta Joner Dornelles, consultor da GSPP Porto Alegre.
São Paulo lidera o ranking e é seguido pelo Rio de Janeiro. Na cidade de São Paulo está concentrado 13% do número total de franquias no Brasil, se forem somadas as cidades do interior paulista esse número chega a 53%. Já o Rio de Janeiro conta com 320 marcas distribuídas em mais de 13 mil lojas em operação.
Dicas antes de investir
Para quem busca fazer parte desse segmento Mércia Machado Vergili, consultora da GSPP, elenca algumas orientações:
1. Realize um estudo sobre o mercado escolhido - Para não errar, antes de tudo, é preciso fazer um amplo estudo de mercado que considere, principalmente, como está a área que escolhida para atuar, analisar os concorrentes e como anda o crescimento de clientes interessados nesses produtos ou serviços. Também é importante analisar a conjuntura política e econômica do país, como no caso de produtos importados, que podem sofrer alterações cambiais que refletem diretamente no preço de compra e venda para o estoque.
2. Pesquise sobre a rede e conheça sobre as leis do franchising - O candidato deve pesquisar bem a operação antes de tomar qualquer decisão. Consultar franqueados da rede, entender os valores praticados de Taxa de Franquia, Royalty, Fundo de Promoção, Investimento Inicial, Resultado Líquido da operação, Análise de Crédito e Circular de Oferta de Franquia são alguns detalhes imprescindíveis para entrar no universo do franchising.
3. Escolha do ponto - O ponto comercial faz toda a diferença na rentabilidade do negócio. Embora, algumas franquias possam ser operadas home-based ou online outras dependem fortemente de um fluxo constante de pessoas e precisam estar bem visíveis como em shopping centers ou perto de centros comerciais. Nessa hora, é preciso avaliar a melhor relação custo benefício até porque não adianta ter um ponto barato e sem visibilidade. Por isso, esse processo pode ser mais demorado e dispendioso, mas garante que bons frutos.
Anibal Maini, consultor e fundador da GPME Expansão e Estruturação de Negócios, lembra que franquia não é um emprego. “Esse é um alerta importante no universo do franchising que deveria estar consolidado na mente dos empreendedores de plantão. Uma franquia é apenas um modelo de expansão de determinado negócio, visando replicar um modelo testado e que deu certo. Mas, o fato de ter dado certo não indica que dará certo em todas as circunstâncias. Existem fatores que devem ser levados em conta ao empreender, em todos os formatos de negócios, sejam eles franquias ou não”, observa Maini.
4. Planejamento pessoal - Antes de abrir uma empresa, muitos brasileiros se concentram no planejamento do negócio e se esquecem do próprio planejamento pessoal. No segmento de franquias, esse ponto é ainda mais grave, pois as franquias tendem a contemplar investimentos maiores em troca de fornecer um modelo mais seguro ao empresário. Portanto, se o investidor não se planejar corretamente para injetar os recursos na empresa, poderá começar com o pé esquerdo e não conseguir reverter a situação. Neste aspecto, podemos considerar, além do capital de implantação, o planejamento da renda da família durante a fase de maturação e as reservas de capital para aportar em função dos prejuízos nos meses iniciais. Esses dois desembolsos costumam chegar a até 20% do investimento inicial.
5. Limitar investimento - Primeiramente, é preciso limitar o investimento à verba do investidor e não se esquecer de considerar as despesas extras. Em seguida, basta escolher os segmentos que tem maior afinidade com o seu perfil. Quando o assunto é franquia, não dá pra viver de oportunidades. Gerir algo que conhecemos e dominamos aumenta significativamente a chance de sucesso. O ideal é alinhar o interesse, habilidade, conhecimento e gestão.
6. Criar uma reserva para despesas extras - Por último, depois de cuidar das finanças familiares, criar uma reserva para as despesas complementares do negócio, limitar a faixa de investimento e escolher o ramo do negócio. Antes de entregar todas as suas economias a um franqueador, investigue-o intensamente. Algumas verificações básicas são tempo de mercado, quantidade de lojas abertas e qualidade do produto ofertado. Aprofundando um pouco mais, verifique como é o suporte ao franqueado, como funcionam os treinamentos, se há acompanhamento financeiro e como é a gestão do fundo de propaganda. Por fim, tire a prova final: entre em contato com pelo menos três franqueados da marca e pergunte se eles estão satisfeitos, se obtêm resultados e se o recomendam investir na marca.
Buscar marcas com as quais se tem sinergia entre o que um investidor busca de ideologia com os princípios e entrega da marca é a dica Julio Monteiro, CEO da Megamatte. Veja:
7. Ter sinergia com a marca - É importante que o contato seja estabelecido na primeira fase e, que não necessariamente, terá tempo de terminar. É uma fase que não é só de análise, mas de se ver representando e sendo representado pela marca, sendo o passo mais importante, porque se o franqueado não se vê executando as demandas do dia a dia, desafios e superando obstáculos que cada marca possui, o franqueado vai optar por um caminho que poder trazer prejuízos financeiros, emocionais e materiais.
Cuidados contratuais
Para Felipe Barreto Veiga, sócio-fundador do BVA Advogados, advogado especializado em Direito Empresarial e advogado de grandes redes de franquias nacionais e internacionais do setor de alimentação e varejo, o empreendedor deve avaliar uma série de fatores antes de investir em uma franquia, inclusive questões contratuais.
8. Analise bem o contrato de franquia – Estudar em detalhes a Circular de Oferta de Franquia e todas as questões relativas a royalties, taxas de franquia, fundo de publicidade, ponto comercial, custos marginais de implementação e custo efetivo de fornecedores homologados é essencial. São pontos que impactam diretamente no ROI do empreendedor. Muitas vezes, o empreendedor pode concluir que a operação não se pagaria, ou que o resultado seria menor que se fosse corrigido pela poupança ou pelo CDI, por exemplo.
9. Conheça como encerrar o contrato - É importante também que o empreendedor entenda as condições e os custos de "desligamento" da operação, isto é, caso decida desistir da franquia. Empolgados com o novo negócio, muitos empreendedores deixam estas questões de lado e, assim, na hipótese de uma condição adversa que lhe obrigue a sair do negócio, ele provavelmente terá um grande custo ou prejuízo, decorrente de multas contratuais e cláusulas penais.
10. Confira contrato de aluguel - Em paralelo aos contratos da operação de franquia, o empreendedor deve analisar bem as questões relativas ao aluguel (principalmente em shoppings e centros comerciais), acordos de sócios (caso o empreendedor tenha sócios) e tributação, bem como as questões trabalhistas, que se mal exploradas podem trazem custos inesperados ao longo da trajetória do negócio.