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Franquia Social: um caminho para expandir projetos sociais e o “fazer o bem sem olhar a quem”

Projetos sociais aplicam as técnicas, ferramentas e legislação do franchising para ampliar sua atuação no país

Franquia Social: um caminho para expandir projetos sociais e o “fazer o bem sem olhar a quem”
Sua Franquia Publicado em 27 de Maio de 2017 às, 10h00. Atualizado em 11 de Julho de 2023 às, 02h59.

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Franquia Social: um caminho para expandir projetos sociais e o “fazer o bem sem olhar a quem”. Projetos sociais aplicam as técnicas, ferramentas e legislação do franchising para ampliar sua atuação no país


Quando um projeto social dá bons resultados e impacta positivamente uma sociedade, é natural que os envolvidos queiram expandir suas ações para continuar impactando positivamente a sociedade como um todo. Mas como fazer isso sem recursos? Uma alternativa para promover essa expansão é fazer uso de técnicas, ferramentas e legislação do franchising para replicar o projeto social em outras localidades.

De acordo com estudo realizado pelo Grupo Bittencourt, a principal diferença, em relação a uma franquia comercial, é que a social não visa lucro, mas sim a sustentabilidade e o crescimento do projeto social. Por outro lado, a maior a semelhança é que o “dono” do projeto social – nesse caso, o franqueador do modelo – vai transferir seu conhecimento e vai dar apoio a seus parceiros, como acontece nas franquias comuns.

A franquia social ainda não possui legislação própria e serve-se da lei das franquias, Lei 8.955/94, para atribuir direitos e deveres ao franqueador e ao franqueado, mas substitui o conceito de lucro pelo de socialização de resultados. Com isso, a cobrança de royalties torna-se lícita, desde que os recursos obtidos sejam investidos na estrutura mantida pelo franqueador necessária à operacionalização, ampliação ou melhoria da atividade desenvolvida. 

Em contrapartida, as franquias sociais em outros países podem ter outras práticas. Segundo Claudio Tieghi, consultor do segmento de franquias e que atuou por muitos anos na ABF – Associação Brasileira de Franchising, conta por exemplo, nos Estados Unidos o conceito é diferente. “Lá ‘social franchise’ representa um modelo de negócios para fomentar a economia na base da pirâmide, porém, o modelo da franqueadora é convencional e permite retirada dos lucros por parte dos acionistas”, aponta Tieghi.

Em sua atuação na ABF, Tieghi participou da elaboração de uma Carta de Princípios para formatar uma franquia social no Brasil, que consiste numa espécie de guia para quem deseja transformar ou criar um projeto social nos moldes do franchising, ou seja, prover subsídios para definir o que pode ou não ser considerado franquia social.

O documento, entre outros, esclarece a diferença entre o que é uma franquia ‘socialmente responsável’ e uma franquia social. Uma franquia ‘socialmente responsável’ é basicamente um modelo de negócio com propósitos que visam lucro, mas também a redução de impactos negativos na sociedade e no meio ambiente, buscando assim maximizar os impactos positivos nesse mesmo cenário. Já a franquia social foca em projetos e serviços para a inclusão social e o desenvolvimento sustentável e que adotam esse modelo para ganhar escala e velocidade para atendimento das demandas. Dessa forma, os fundadores das franquias sociais são acionistas não auferem lucros e assim todo o excedente é reinvestido no projeto.

Segundo Tieghi, os primeiros registros de franquias sociais no Brasil se deram a partir dos anos 90.  “Muitas instituições desenvolvem know-how em seu segmento de atuação e área geográfica de atuação, porém, não dispõem de capital e/ou estrutura para atuar em outras localidades, até mesmo em outros países. Assim, formatar o modelo operacional, princípios e práticas e transferi-los para terceiros, pode ser uma excelente oportunidade de ampliar a atuação mantendo o padrão”, comenta o consultor.

Em geral, quem pode criar uma franquia social são fundações, associações civis, instituições privadas e empreendedores sociais. Entre os propósitos e objetivos principais das franquias sociais estão basicamente promover qualidade de vida, dar assistência social, atender às necessidades da população social e promover mudanças comportamentais na sociedade como um todo.

No Brasil, a primeira franquia social de que se teve notícia é a rede Formare, criada pela Fundação Iochpe. A Formare investe na formação profissional de jovens de famílias em situações de vulnerabilidade social e tem cerca de 30 anos de história, mas apenas em 2001  formatou um modelo adaptável a diversos ambientes empresariais e deu asas ao processo de expansão. Hoje é uma rede social de 46 empresas parceiras e 67 unidades espalhadas em 50 cidades brasileiras. No total há mais de 5 mil educadores voluntários na rede e, com isso, já são mais de 17,5 mil jovens qualificados para o mundo do trabalho.

Outros bons exemplos de franquias sociais no país são o Projeto Pescar, o Telecurso - Fundação Roberto Marinho, o CVV - Centro de Valorização da Vida, a EDUCAFRO, a Colmeia, a Eco Bike, a Coopercaps, a Green Nation e a BR+10. Para quem se interessa por projetos sociais, vale a pena visitar pessoalmente estas franquias e quem sabe participar de alguma forma.

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