Com a crise econômica brasileira e a alta do dólar, redes de franquias estão planejando expandir para fora do País. Um estudo da Associação Brasileira de Franchising (ABF) indica que 28 marcas iniciaram atividade fora do Brasil no ano passado, totalizando 134 redes brasileiras com operações no exterior. A intensificação da participação das redes brasileiras em missões comerciais, feiras e rodadas de negócios internacionais tem contribuído decisivamente para que cada vez mais marcas nacionais operem ao redor do mundo.
“O recrudescimento da economia brasileira, a desvalorização do real e a recuperação de mercados como dos Estados Unidos intensificaram o movimento de internacionalização de franquias brasileiras”, afirma Claudio Tieghi, diretor de inteligência de mercado, relacionamento e sustentabilidade da ABF.
O mercado mais procurado continua sendo os Estados Unidos, com 37 marcas, seguido de Paraguai (25), Portugal (21), Argentina (16) e México (13). Os segmentos de Alimentação (18%), Esporte, Saúde, Beleza e Lazer (17%), Acessórios Pessoais e Calçados (15%), Educação e Treinamento (12%) e Negócios, Serviços e Outros Varejos (11%) são os mais internacionalizados.
Entre as franquias que estão planejando expandir seus negócios para mercados externos está a Sóbrancelhas, rede de franquias especializada no embelezamento do olhar e da face, que iniciou os estudos de internacionalização em 2016. “Estamos fazendo pesquisas e levantamentos específicos com uma consultoria internacional, entendendo o mercado, a rentabilidade do negócio e todos os pontos necessários para abrirmos a primeira unidade da Sóbrancelhas fora do Brasil. Pretendemos inaugurar no segundo semestre, em Miami”, confirma Luzia Costa, fundadora e gestora da rede.
Outra rede de franquias que pretende crescer fora do País é a Tip Top, marca de vestuário infantil. A rede quer abrir a primeira franquia internacional em um país da América do Sul. O destino da loja, prevista para o segundo semestre está sob estudo. “A Tip Top está no mercado há 64 anos, e acreditamos que seja o momento ideal para negócios fora do país, visto que já temos unidades espalhadas por todo o Brasil”, acredita Ricardo Marcondes, gerente de expansão.
A franquia de ginástica cerebral, SUPERA, está dando os primeiros passos para expandir-se nas Américas e Oceania. Em estudo encomendado, a marca encontrou oportunidades para levar seu método para dez países nos próximos anos. “Estamos confiantes de que o SUPERA terá ótima aceitabilidade no exterior, justamente pela nossa experiência bem-sucedida no Brasil. Aqui, nós nos consolidamos por estar transformando a vida de milhares de pessoas e revolucionando o ensino em instituições da rede pública e particular”, conta Antônio Carlos, presidente-fundador da franquia SUPERA.
Já a rede curitibana de franquias especializada em cervejas artesanais, Mestre-Cervejeiro.com, planeja abrir parte de seu capital para investidores visando o financiamento de sua expansão internacional. Os dois principais mercados para abertura inicial de lojas fora do Brasil são os dos Estados Unidos e da Bélgica, países onde a empresa já está em processo de registro de marca e conceito de negócio. “Precisamos de um investidor financeiro com experiência em empresas franqueadas ou de um investidor estratégico como um franqueador ou uma empresa de varejo com experiência na expansão de conceitos. O ideal é ser alguém que nos traga visibilidade internacional”, afirma Daniel Wolff, fundador e diretor da rede.
A Gigatron Franchising, rede de serviços e tecnologia, possui unidades em outros países. “Atualmente temos três unidades atuando internacionalmente, uma no Reino Unido, uma em Portugal e na Argentina. Para que uma unidade dê certo em outro país é fundamental entender o mercado local e os hábitos daqueles consumidores”, falou Marcelo Salomão, diretor executivo da rede Gigatron.
De acordo com o diretor da Gigatron, para iniciar o processo de internacionalização é necessário o franqueador ter em mente três coisas. “Inicialmente o produto deve estar pronto para ser utilizado em vários idiomas, deve possuir um modelo de cobrança universal, no nosso caso utilizamos o cartão de crédito, e finalmente é necessário estar devidamente legalizado nos países que irão receber esse produto”, explicou.
Dados da ABF confirmam que o caminho inverso também ocorre. Há 159 redes estrangeiras operando no mercado brasileiro. Deste total, 40% das marcas são americanas e 14% portuguesas.