Apesar da burocracia e dos altos custos de operação para abrir uma franquia em um aeroporto, as redes de franchising estão buscando expandir suas unidades nos terminais aéreos. Além dos investimentos em infraestrutura nos terminais, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) prevê que a aviação comercial deve crescer até 5% este ano, após um desempenho praticamente estável em 2013.
A expansão das franquias em terminais aéreos vem sendo estimulada por uma parceria firmada entre a Infraero, empresa estatal responsável pela administração dos aeroportos públicos no país, e a Associação Brasileira de Franchising (ABF). A estatal participa desde 2010 da ABF Franchising Expo, um dos maiores eventos do setor, e diz que o aumento do número de franquias em aeroportos é resultado do trabalho que vem sendo realizado junto a empreendedores do franchising. A tendência deve se manter em 2014, acredita a Infraero.
Outro ponto que mostra o potencial de crescimento é que só 23% dos pontos comerciais instalados nos aeroportos operam sob o sistema de franquias. O último levantamento da ABF, realizado em agosto de 2013, apontou que esse número mais do que dobra nos shopping centers, onde a participação chega a 60% no total de estabelecimentos.
O setor de gastronomia é predominante, mas os setores de serviços, presentes em geral e moda esportiva podem trazer boas oportunidades de negócios. De acordo com a ABF, a locadora de veículos Localiza é a empresa que lidera a lista de franqueadas nos aeroportos brasileiros. Bruno Andrade, diretor da Localiza Franchising, diz que a empresa tem vivenciado um crescimento contínuo e que os custos de uma loja no aeroporto não são um problema porque as unidades nos terminais geram um grande fluxo de reservas.
Visibilidade
A Croasonho, cafeteria especializada em croissant recheado, é uma das redes que colocou os terminais aéreos na sua estratégia. O diretor-executivo da Croasonho, Eduardo Silva, explica que lojas em aeroportos são interessantes por ser um bom canal de marketing para a marca e pela força de venda. “Entendemos que os valores são elevados; por outro lado, temos certeza de que podemos vender bem”, analisa o executivo. A franquia já começou a levantar a documentação necessária para os editais da Infraero e a meta é ter sua primeira loja nos terminais até 2016.
Outra rede que está apostando nos aeroportos é a Açaí no Ponto, que começou a instalar unidades em terminais em 2012. O diretor da rede, Caio Costa, afirma que ocupar os aeroportos faz parte de um planejamento estratégico que visa atingir o maior número de pessoas possível. “Estamos presentes em 17 estados e buscando a expansão da nossa rede de franqueados”, diz Costa. Atualmente, a rede possui unidades nos aeroportos de Salvador, Belém e Recife. Para o executivo, esta estratégia aumentou a visibilidade do produto no país ao “gerar experiência para novos consumidores que ainda não conheciam o formato e fortalecer a marca no mercado nacional”.
O diretor-executivo da Croasonho concorda e acrescenta que, para os aeroportos, a entrada de novas marcas também é vantajosa, pois fortalece o mix de produtos – atendendo a todos os públicos. Segundo a Infraero, os aeroportos são a principal porta de entrada do Brasil e o comércio aeroportuário torna-se a principal vitrine internacional do país. Isso acaba despertando o interesse comercial nos aeroportos, o que inclui as franquias, defende a Infraero.
Custo-benefício
Abrir uma franquia em um aeroporto não é barato, mas a possibilidade de altos retornos faz a aposta valer a pena. Silva, da Croasonho, diz que tanto o custo do investimento quanto o operacional são altos. E, levando em conta as variações de valores, tamanho e local, abrir uma loja nos terminais custa, em média, três vezes mais do que em um bom shopping center. “Os pontos comerciais em aeroportos são caros, porém, o ticket (valor) médio dos produtos comercializados nestes locais também é mais alto do que em outras unidades. Isto é, um ponto compensa o outro”, explica Costa.
A margem de lucro é uma das principais vantagens observadas nas franquias da Açaí no Ponto instaladas em aeroportos, pois o faturamento chega a ser até dez vezes maior do que o de uma loja nos shoppings do Brasil.
Regras de concessão
Como empresa pública, a Infraero explica que segue as diretrizes da Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações) para a concessão de áreas comerciais. Dessa forma, as empresas interessadas em ocupar pontos comerciais nos terminais da Rede Infraero devem participar de Pregões Presenciais. Entretanto, o mix comercial de cada terminal é definido pela estatal de acordo com o perfil de cada região (turismo, negócios, etc). O prazo máximo de concessão é de dez anos.