Poucos setores foram tão beneficiados nos últimos anos pela explosão da classe média como os serviços. Com mais dinheiro no bolso, os brasileiros se deram ao luxo de ir com mais frequência aos salões de beleza, polir o carro ou assumir a mensalidade de uma academia.
Se essa corrida trouxe um peso extra ao bolso do consumidor — a quantidade de novos negócios não acompanhou a euforia, e os preços dispararam —, também abriu chances para quem queria empreender e ter uma chance de faturar nessa onda. Quando abriu uma franquia da Home Angels em Porto Alegre, em abril de 2012, Juliana Lazaroff estava preparada para esperar até um ano para começar a lucrar, mas teve uma boa surpresa. Em seis meses, o investimento de R$ 30 mil já estava pago, e o negócio, que oferece cuidados pessoais a domicílio, decolou.
— Passamos a atender uma região carente desse serviço em Porto Alegre, e, no dia a dia, vimos que a demanda era enorme — diz Juliana, que hoje tem 80 cuidadores a seu serviço.
A exemplo de muitos brasileiros que investem em franquias, essa foi sua primeira experiência à frente de uma empresa. Interessada em acelerar o retorno, mas em dúvida sobre procedimentos burocráticos, estratégias comerciais e forma de gerir o negócio, enxergou na franquia uma ilha de segurança. Ao replicar um modelo, evitou erros comuns de empreendedores de primeira viagem, como ausência de pesquisa de mercado e desconfiança de consumidores de uma marca nova.
"O investimento em franquias de serviços é mais baixo, pois dispensa estoques e equipamentos pesados, então o tempo de retorno é menor", afirma Marco Pozza, diretor regional da Associação Brasileira de Franchising (ABF) no Rio Grande do Sul.
Conforme a entidade, há 98 redes no país que prometem lucro em até seis meses, principalmente franquias pequenas com investimento inicial de até R$ 80 mil nas áreas de beleza, serviços automotivos, lanches e cursos. Desde 2004, o número de franquias de serviços cresce 15% ao ano.
"Não é novidade que o brasileiro é empreendedor por natureza, e tem muita gente querendo abrir um negócio para aproveitar este momento em que as pessoas estão ganhando e gastando mais", afirma Pozza.
Mas as franquias não são para todos. O engessamento do negócio dá pouca liberdade para empresários lançarem promoções, trocarem de fornecedores e variarem o cardápio de serviços - o que limita o espaço para manobras em época de vendas em baixa, por exemplo.
"É preciso estar tão preparado para tocar uma franquia como uma empresa própria, especialmente a capacidade de gerir pessoas e processos", alerta Fabiano Zortéa, coordenador de Comércio e Serviços do Sebrae-RS.
Por que ter uma franquia
O risco de não dar certo é menor: enquanto 60% das empresas brasileiras não sobrevivem até o quinto ano, nas franquias esse índice cai para 15%.
O tempo de retorno do investimento é menor, pois o empreendedor atalha etapas que poderiam tornar a lucratividade mais lenta.
É uma boa alternativa para quem nunca teve uma empresa, pois o modelo do negócio já está pronto e basta replicá-lo.