Franquias sociais podem cobrar taxa de royalties? Um mesmo projeto social consegue atender às especificidades de regiões distintas? É possível aplicar estratégias comerciais para se obter ganhos sociais? Todas essas perguntas estão sendo feitas por um grupo formado por ONGs, consultores do terceiro setor, consultores jurídicos que, sob a batuta da Afras (Associação Franquia Solidária), está formulando um guia, que será lançado até o final de 2009, com os princípios e parâmetros básicos que devem nortear a criação de uma franquia social.
Há bastante tempo, vem se multiplicando os pedidos de empreendedores sociais que buscam na ABF e na Afras o expertise para transformar projetos em franquias e, com isso, multiplicar o alcance de suas atividades. Baseada nesta demanda é que a Afras decidiu elaborar o guia que irá funcionar como uma carta de princípios sobre franquias sociais. Nem sempre um projeto é franqueável e este é o primeiro ponto que deve ser levado em conta. Para que se torne uma franquia social, o projeto deverá estar estabelecido, ou seja, experimentado, com todas as questões legais definidas e com comprovada eficácia e impacto social em sua atuação. São pré-requisitos.
Mas o ponto alto desta discussão está centrada na cobrança de taxas de transferência de tecnologia. Alguns segmentos do terceiro setor ainda mantêm um grande preconceito sobre cobrança dos royalties que as franquias sociais importaram do modelo comercial. Este guia poderá ajudá-los a ter o entendimento de que as franquias devem dar, sim, uma margem de lucro. Mas estamos falando de uma margem de lucro obtida para ser reinvestida no próprio projeto e que ajuda a garantir a sua continuidade. Os royalties devem servir para aprimorar o sistema e projetar essa marca na sociedade, mas a operação do projeto-piloto do franqueador deve ser administrada separadamente. O importante é que existam regras claras para a porcentagem que será destinada ao franqueador. Tal como no mundo dos negócios, a franquia social poderá conquistar ganho de escala e receber investimentos de empresas que associam a sua prática de responsabilidade social a projetos confiáveis e com maior amplitude territorial. Com este trabalho, queremos, sobretudo, apontar alguns caminhos.