O franchising começou a despertar o interesse do setor imobiliário no Brasil como alternativa para o crescimento dos negócios nas áreas de administração de condomínios e de compra e vendas de imóveis. Dono da Sigecon Condomínios, empresa de serviços para condomínios que cadastrou a primeira franquia do setor na Associação Brasileira de Franchising (ABF) há quase um ano, Marcelo Duarte afirma que os investimentos totalizam R$ 50 mil para se tornar um franqueado e atender a 30 condomínios.
"O empresário (franqueado) já começa a ter retorno do investimento de 12 a 36 meses. O lucro está estimado em 40%, já pagando royalties, encargos, tributos e todas despesas. Não tem crise financeira nesse mercado porque houve continuidade nas vendas (de imóveis) e isso é muito bom.para nós, que administramos", disse Duarte. Os R$ 50 mil, sem contar capital inicial, incluem gastos com a instalação e equipamentos. A Sigecon está no mercado há dez anos e atende 5.200 famílias em 45 condomínios na região do Vale do Paraíba.
Franqueada da Sigecon, a agência comandada por Luciana Duarte deve ser lançada em 2009. "Sem propaganda, apenas com o cadastro da ABF, 30 pessoas de dez estados manifestaram interesse, querendo abrir franquia também. A pessoa que abre não precisa repensar o negócio, já tem treinamento e marca. O faturamento numa agência é de 50%. O franqueador está preocupado em minimizar os custos e aumentar o rendimento do franqueado", comentou Luciana.
Conforme o sistema adotado pela Sigecon, a rentabilidade vai variar de acordo com a região da agência do franqueado, pois depende do padrão dos condomínios e do número de unidades atendidas. A margem de lucro líquido pode variar entre R$ 3 mil e mais de R$ 20 mil.
De acordo com o sistema da Sigecon, cada franqueado deve pagar mensalmente à franqueadora o montante de 8% do faturamento bruto da agência (royalties), acrescidos de 2% para fundo de publicidade. Consultora do mercado imobiliário há dez anos, Claudia Bittencourt, da Bittencourt Consultoria, informou que conduz três projetos de franquia para o mercado imobiliário.
"É um momento especial para pequenos e médios empresários, principalmente para as redes de franquias. Quem estava segurando dinheiro para fazer aplicações quer mais segurança montando seu negócio, porque vai depender só dele e da gestão dele. Percebemos que investidores e empresários estão procurando franquia por estar dentro de uma estrutura e de modelo de sucesso, apostando o dinheiro sem correr grandes riscos. É uma oportunidade para o sistema de franquias dentro dessa crise financeira", disse.
Segundo ela, por enquanto, cerca de cinco empresas do setor imobiliário aderiram ao sistema de franquias no País. Na avaliação da consultora, os pequenos negócios independentes tendem a desaparecer nos próximos 20 anos e serão substituídos por franquias de grandes negócios.
Hubert Gebara, do Grupo Hubert, que administra 400 condomínios e tem 25 mil clientes, mostra-se reticente, embora reconheça o franchising como uma tendência. Para o empresário, a franquia é uma das opções (para os negócios) porque às vezes a empresa não consegue abrir filiais e nem fazer parcerias.
"Mas acho que é preciso ter muito cuidado no que diz respeito à prestação de serviços. Uma coisa é fazer uma franquia de chocolates, outra é o atendimento ao público. A franquia é mais difícil na nossa área, mas não é impossível. Atualmente temos de procurar nichos de mercado e eles podem ser procurados através de franquias. Querem levar a Hubert para Angola. Parcerias ou franquias? Esse é o grande dilema", ponderou.
Gebara avalia que parcerias são mais viáveis, pois uma empresa fica no comando da sociedade, enquanto a franquia depende de um profissional que tenha identidade similar à do franqueador. "Por outro lado, a franquia é menos onerosa para o franqueador. Mas a lucratividade depende do parceiro ou franqueado. Não tenho certeza se a franquia vai funcionar bem no Brasil em função da falta de profissionalismo (dos franqueados). É mais fácil franquear na construção porque é algo mensurável".
A Pronto!, criada recentemente pelo grupo Lopes para comercialização de imóveis prontos (novos e usados), informou que pretende trabalhar com franquia para expandir os negócios.
Presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo, João Crestana diz acreditar que o franchising pode crescer na área imobiliária no Brasil, a exemplo dos Estados Unidos e na Europa. "Que venham as franquias, com profissionalismo. Talvez elas sejam um exemplo de criatividade. O ramo de vendas, por exemplo, admite que haja um grande organizador".
A demanda de empreendedores interessados em abrir uma franquia aumentou em cerca de 30% nos últimos quatro meses, depois do impacto inicial da crise financeira internacional, com vários investidores retirando dinheiro da Bolsa para aplicar em um negócio próprio. Com isso, a previsão do setor de franchising é movimentar este ano mais de R$ 55 bilhões, alta de 13% em relação a 2008.
A holding Umbria, dona das marcas Spoleto, Koni Store e Domino's Pizza, e as redes Casa do Pão de Queijo e Vivenda do Camarão são algumas das bandeiras com forte procura, segundo as empresas. Renata Rouchou, diretora de expansão da holding, destaca que o número de cadastrados com planos de abrir franquias cresceu imediatamente depois da crise. No Spoleto, foram 27% de fichas a mais. "A procura aumentou realmente", afirmou ela.
No mercado imobiliário não é diferente. Ao contrário, o franchising começou a despertar o interesse do setor, como alternativa às pequenas e médias administradoras de imóveis. Dono da Sigecon Condomínios, de serviços para condomínios e que cadastrou a primeira franquia do setor na Associação Brasileira de Franchising (ABF) há quase um ano, Marcelo Duarte afirma que "não há crise financeira nesse mercado, pois houve continuidade nas vendas [de imóveis] e isso é bom para quem administra". Quem também mira o franchising é a Pronto!, criada recentemente pelo grupo Lopes.