A primeira loja do empresário Lindolfo Martin, 62, criada em Campo Grande, em 1978, recebeu o nome de Multicasas -materiais elétricos, hidráulicos, cine, foto, som, toalhas e discos.
Na época com 26 anos, Martin ainda não tinha certeza de qual caminho seguiria. Uma semana depois, um ladrão decidiu por ele: a loja foi arrombada. Discos e aparelhos de som foram levados.
Ele resolveu, então, apostar na venda de produtos de construção, elétricos e hidráulicos. E deu certo. A partir da Multicasa, criaria anos mais tarde a Rede Multicoisas, a primeira franquia de Mato Grosso do Sul, com faturamento anual de cerca de R$ 330 milhões.
"Eu vi aqui em Campo Grande um lugar de oportunidade, uma capital nova", disse ele, que é gaúcho de nascimento, mas morava em Maringá (PR) ajudando o pai numa loja da família.
O embrião da franquia surgiu em 1984. O empresário queria criar uma loja para interessados em pequenos produtos de manutenção da casa e que fosse no sistema de autosserviço. Era a Multicoisas.
Seis anos depois, com três lojas Multicasas no Centro-Oeste e uma Multicoisas, resolveu expandir negócios, mas não queria repetir a experiência de abrir uma filial. "A principal preocupação era não dividir capital."
Por isso, apostou no sistema de franqueamento. A Rede Multicoisas, segundo ele, foi pensada para vender um conceito e um formato. Os franqueados recebem treinamento na Universidade Multicoisas, duas escolas sediadas em Campo Grande e fechadas ao público que servem de base de treinamento para novos empreendedores.
Empresários e funcionários têm ensino à distância, com informações sobre uso e novidades dos produtos.
O desembolso mínimo para adquirir a franquia é de R$ 700 mil, com retorno, segundo Martin, "de três a cinco anos ou nunca; a pessoa tem de saber que empreender é arriscar". A estimativa é que o índice de mortalidade das franqueadas seja de 2%.
Em 2008, depois de 60 lojas abertas, foi traçada uma nova meta, o chamado Plano Hexa: em dez anos, implantar 360 unidades em todo o país. Hoje, a Rede Multicoisas chegou ao patamar de 170 lojas em 22 Estados.
Mas o sucesso não convenceu totalmente o pai, hoje com 89 anos, que ainda mantém a loja de calçados e confecções em Maringá. "Eu sinto que, por ele, eu deveria ter continuado lá."
Fonte: Folha.com