Lojas de skate existem muitas no Brasil, mas em geral elas são voltadas para quem já pratica o esporte há muito tempo. Pensando nisso, a SkateCenter, localizada no bairro do Tatuapé, em São Paulo, resolveu investir em um nicho ainda pouco explorado: as crianças. Assim, além de vender equipamentos, o estabelecimento oferece aulas de skate para alunos a partir de 4 anos.
“O foco principal são os novos skatistas, o moleque que vem com o pai e quer aprender a andar de skate. Somos os únicos no Brasil cujo público-alvo são os novos skatistas. Tanto que tudo é feito pensando neles, desde o padrão de atendimento, o tratamento que temos com os pais e as mães que vêm com eles, o som ambiente, e as próprias instalações, que oferecem um ambiente amigável para esse tipo de público”, afirma Edson Tuffi Junior, sócio-diretor da loja.
O negócio da SkateCenter não é vender roupas, mas fornecer peças e oferecer aulas de skate na pista em formato mini ramp com altura de 1,3m instalada na loja. “A filosofia é que os vendedores são consultores. O público-alvo é formado por pessoas que não andam de skate ainda.” O consumidor vai escolher todas as peças: o shape, o eixo, as rodas, o rolamento e a lixa. “O vendedor dá uma consultoria, indica peças que combinem entre si e a loja tem um montador de skate. Todo skate é montado na frente do dono, que pode levá-lo para o test drive na pista”, afirma Tuffi Junior. O skate mais barato sai por 180 reais.
Esta filosofia de orientar tanto o jovem aspirante a skatista quanto os pais é chamada de skate família, e a ideia é transformar o conceito em franquia. “Queremos começar a expansão pelo estado de São Paulo, mas nada impede que o conceito chegue a outras regiões como Fortaleza e Florianópolis. O plano é focado em franquia, mas não descartamos a possibilidade de uma filial”, explica Tuffi Junior. Como a SkateCenter não se restringe a vender produtos, o plano é oferecer todo o suporte necessário ao franqueado, com auxílio no treinamento de professores, montadores de skate, vendedores e gerentes.
Do surfe para o skate
Apesar de hoje investir suas fichas no skate, Tuffi Junior e seu sócio, Roberto Ramos, começaram suas carreiras de empresários dos esportes radicais em outra área. Até 2012, os dois tinham uma loja de surfe no mesmo endereço onde funciona o negócio atual. Nessa época, a loja já tinha uma pista de skate. Então, em março de 2012, os sócios resolveram repaginar a loja e se aventurar em uma nova área. Assim nasceu a Skate Center.
“Já tínhamos a pista e percebemos uma demanda dos skatistas por peças porque já vendíamos algumas e havia atletas da região em busca de mais. Pensamos que seria um diferencial na nossa trajetória profissional porque tínhamos uma ideia única e um nicho com uma carência grande. Foi muito pela realização pessoal também, o fato de fazer algo que ninguém tinha feito ainda”, explica Tuffi Junior. “Além de apaixonado pelo surfe, gosto de skate. Surfo desde os 16 anos e ando de skate desde os 18. Foi algo que sempre me serviu de alternativa em dias sem ondas”, completa.
A aposta deu certo, e hoje a SkateCenter tem 200 alunos, sendo que a maioria – cerca de 90% – é formada por meninos, grande parte entre 5 e 13 anos. Os estudantes que vêm durante a semana são da região. Aos sábados vem “gente de tudo que é lugar”, como afirma Tuffi Junior – de bairros paulistanos mais afastados de onde fica a loja, como Morumbi e Jabaquara, e até de outras cidades como Guarulhos, Campinas e Santos. “Tem um aluno que vem de Santos com o pai no sábado de manhã para a aula, passa a tarde em rampas públicas e desce para o litoral à noite”, conta Tuffi Junior.
Desconto para bons alunos
As aulas acontecem de segunda a sábado e há planos mensais, trimestrais e semestrais com frequência de uma, duas ou três vezes por semana, a partir de R$ 95 mensais. A aula dura uma hora e é limitada para até cinco alunos. Como estímulo para que a garotada consiga dosar as diferentes atividades da rotina, a loja oferece desconto para quem vai bem na escola.
Quando não é horário de aula, a pista é usada por não alunos que pagam uma taxa de R$ 10 por hora. Por segurança, não é permitida a entrada de pessoas sem capacete no local. “A pista dá um movimento incrível, é por causa dela que 70% das pessoas que entram na loja, seja para andar de skate ou ver os outros andarem”, conta Tuffi Junior. O espaço funciona ainda como palco de demonstração de atletas profissionais, campeonatos internos e externos e até aniversários.
Fonte: Terra.