Thais Ramos, 38 anos, franqueadora máster da Não+Pelo regional São Paulo e responsável por negociar a vinda da franquia multinacional a investir no Brasil em 2010, tem na veia o empreendedorismo. Sua visão sobre o assunto, inicialmente, estava voltada para cuidar da gestão financeira de seu pai, que, embora morassem ao lado da montadora da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, ele jamais comprou carro justamente para investir nos seus estudos. "Ele ia ao trabalho de ônibus. Meus colegas da época estudavam em escolas públicas, mas seus pais tinham seus carros", explica.
Relata que estudou em escolas particulares graças ao meu bom desempenho que permitia eu ter bolsa de estudos. Então, meu empreendedorismo era a dedicação máxima na escola para que eu não corresse o risco de perder a bolsa, e consequentemente, ter que desprender dinheiro do bolso do meu pai para arcar com meus estudos. Empreendi nas minhas notas para meu pai não ter que desembolsar dinheiro para as mensalidades.
"Eu sentia muito orgulho e responsabilidade em ver meu pai ir trabalhar de ônibus para poder investir na minha educação. Com isso eu valorizava muito os estudos. Gostaria de ser médica para salvar a vida das pessoas. Como todos os colégios particulares, à época, era necessário comprar os materiais didáticos a cada bimestre. Havia períodos que meu pai tinha como comprar, e outros não. A partir dos dez anos, não pedi mais a ele para comprar os livros e outros artigos pedagógicos. Nesse momento minha veia empreendedora aflorava", lembra Thais Ramos.
Na vila onde morava, Thais Ramos tinha uma amiga que era um ano mais velha, e por conseguinte, um ano letivo adiantado. Para evitar gastos do pai, Thais pedia as apostilas e demais materiais de Jamile Ribeiro. Gastou muita borracha para apagar todo o material para utilização. No colegial, Thais, por curiosidade, prestou vestibular para Medicina nas universidades públicas e particulares de São Paulo mesmo sabendo que seria impossível arcar com os investimentos. Aprovada numa das universidades privadas, recebi uma carta de aprovação, mas o sonho da Medicina era muito distante.
Ela optou pela Engenharia até porque na época não havia profissionais da área desempregado, segundo ela. Estudou à noite e trabalhava de dia para honrar os pagamentos das mensalidades. Outra escolha importante foi olhar para cursos de idioma. Thais estudou inglês por dez anos, e costuma brincar com a situação.
"Estudei inglês aos trancos e barrancos! Não que eu fosse uma aluna desinteressada. Longe disso. Sempre esbarrava na questão da mensalidade. Agradeço a paciência e o carinho do dono do curso, pois o mesmo foi muito bom para comigo em razão da minha frequência e notas. Ele foi tão importante para minha formação que abriu mão da cobrança das mensalidades, mas deixou eu estudar por um largo período só investimento nos materiais didáticos".
Resolver os problemas diante da falta de recursos financeiros da família foi o chamariz para aguçar o lado empreendedor da gestora da maior regional da Não+Pelo no mundo.
Thais Ramos trabalhou por nove anos nas multinacionais Natura (cinco anos), na anglo-holandesa Reckitt Benckiser (dois anos) e na multinacional química Clariant (dois anos). Ocupou cargos executivos por muitos anos, e diferentemente de muitos profissionais que atingem a zona de conforto, abriu mão da segurança profissional para investir na Não+Pelo que surgiu na Espanha em 2007 e passou a franquear internacionalmente em 2008. Em 2010, Thais Ramos traz a rede para o Brasil tornando a rede internacional uma das pioneiras no segmento de Beleza e Estética no Brasil. Atualmente, a Não+Pelo conta com 291 unidades em todo o Brasil, e a regional São Paulo, que Thais administra, é a maior do Brasil em número de franquias em funcionamento e a número 1 no mundo no faturamento. Em 2018, a Não+Pelo faturou aproximadamente R$100 milhões no Brasil, e a regional São Paulo representa 25% desse número.
"Sou a contra mão da maior parte da população brasileira que sonha em ter seu negócio próprio. Nunca pensei em ser empreendedora. Minha alegria é transformar a vida das pessoas. Não somente ganhar dinheiro. Vibro quando minhas franqueadas estão em crescimento. Afinal, franqueados têm famílias, e o meu sucesso passa pelo sucesso deles.
