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Ex-boia-fria Delfino Golfeto converte hobby em rede de franquia com mais de 100 restaurantes

Empresário usou habilidades desenvolvidas na lavoura e o empenho nos estudos para levar rede Água Doce ao sucesso

Ex-boia-fria Delfino Golfeto converte hobby em rede de franquia com mais de 100 restaurantes
Sua Franquia Publicado em 15 de Janeiro de 2018 às, 09h00. Atualizado em 11 de Julho de 2023 às, 12h56.

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O cotidiano sempre foi corrido para Delfino Golfeto, nascido em Adamantina e que ainda jovem se mudou com a família para Tupã. O pai queria que os filhos aprendessem desde muito jovens a se sustentar, então, ainda criança, Golfeto trabalhava na lavoura, como cortador de cana. Foi assim, de uma forma que poderia ser considerada triste e difícil, que ele começou a definir o empreendedor em que se tornou, hoje dono da rede de franquia Água Doce.

A paixão pelo cultivo do açúcar e álcool, bem como seus usos, despertaram seu interesse desde cedo. Ao terminar o ensino médio, ele procurou um curso técnico na área, e foi para a renomada Escola de Agronomia Luiz de Queiroz, de Piracicaba, a Esalq: “Saí de lá já empregado. Entre 1978 e 1990, fui gerente de uma usina e a atividade exigia que visitasse muitos bares. Nessa época já acalentava o sonho de abrir um estabelecimento que servisse bebida e comida de qualidade e atendesse de maneira profissional, ao contrário de muitos que conhecia”.

Os conhecimentos, a ousadia e os contatos – Golfeto sempre foi sociável – o levaram a abandonar a promissora carreira administrativa e arriscar a abertura de negócio próprio. 

Paralelamente, Golfeto criou o hobby de degustar cachaças e classificá-las. Tornou-se um especialista no assunto e conhecia desde pequenos produtores até as marcas mais famosas. Ele se tornou um conhecedor tão profundo da cachaça que ganhou o título de “o Embaixador da Cachaça no Brasil” dentro do segmento.

 

O negócio 

Em 1990, abriu na garagem de casa, em Tupã, a Água Doce Aguardenteria. Sua facilidade para selecionar boas bebidas, aliada à boa mão da esposa Silvia Maria para quitutes, ajudou a fazer a fama. Em um pequeno balcão improvisado, ele servia cachaças e coquetéis inovadores para degustação. 

Dois anos depois, com o negócio consolidado, chegou o momento de criar a Água Doce Cachaçaria e seu sistema de franquias, que em apenas doze meses fez surgir doze lojas. Tempos depois, o nome da empresa foi levemente modificado, tornando-se Água Doce – Sabores do Brasil.

Golfeto mantém seu quartel-general – no trabalho e na vida pessoal – em Tupã. A esposa Silvia Maria é gerente da unidade piloto móvel; o filho, Adriano Luiz, administrador, atua na gestão da rede; e a filha Andressa, estudante de Nutrição, também trabalha na empresa. A necessidade de viagens frequentes o levou a comprar um avião bimotor para permitir-lhe visitar com agilidade os franqueados em todo o País. “Tupã é minha história. Lá iniciei minhas atividades, criei minha família e o Museu da Cachaça, onde exponho minha coleção de 2 mil garrafas de cachaças raras e conto a história da bebida e da própria Água Doce”, revela.

Os anos 2000, com o país mais estável e a política econômica em expansão, trouxeram a Golfeto ainda mais ânimo. Decreto assinado em 2001 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso institucionalizou a cachaça como a bebida genuinamente brasileira. O empresário havia lutado muitos anos ao lado de produtores do ramo para conquistar o título, a exemplo do champanhe francês e da vodca russa. Cinco anos se passaram e chegou outra conquista: o Selo Excelência em Franchising, conferido anualmente às melhores franquias pela ABF (Associação Brasileira de Franchising) por seu desempenho. “Esse foi o primeiro, acabamos de ganhar outro neste ano”, brinda, orgulhoso.

 

Muito além da cachaça

Embora já tenha levado cachaça no nome, a bebida é responsável por apenas 3% do faturamento da rede. Cada loja dispõe, em média, de 100 rótulos, incluindo seis de marca própria. Praticamente todos os dias, Golfeto prova novas cachaças enviadas por fabricantes. 

O título de Embaixador, conferido informalmente a Golfeto, deve-se principalmente à sofisticação que começou a surgir a partir de suas ações. Ele tirou a cachaça do “limbo” em que se encontrava, sempre alvo de preconceitos e discriminações. Afinal, o maior consumidor da “marvada pinga” sempre foram os frequentadores de botecos. Com sua movimentação, isso mudou: “Sempre fiz questão de qualificar a cachaça bem produzida, atribuindo à bebida o prestígio que merece”.

 

A franquia 

A Água Doce, composta por mais de 80 lojas franquias que levam às cinco regiões os melhores Sabores do Brasil, fechou 2017 com um discreto aumento em seu faturamento: 0,15%.  Ao longo do ano, a Água Doce seguiu inserindo novidades no cardápio a cada quatro meses. Marcou presença na mídia e nas redes sociais, promoveu campanhas direcionadas a clientes e à brigada, incentivou os franqueados a oferecer o serviço de delivery e promoveu treinamentos e cursos na Uniágua Doce para capacitar os franqueados.

De acordo com o Diretor de Franquias, Júlio Bertolucci, as perspectivas para 2018 são positivas – e a Água Doce quer estar preparada para seguir oferecendo aos clientes uma excelente experiência gastronômica. “Pesquisas apontam que o consumo fora de casa voltará a crescer. Por esta razão, sabemos que nossas casas precisam ser ainda mais atrativas e inovadoras”, diz.

E a rede nem pensa em confirmar esta previsão apontada pela pesquisa para se mexer. “Promoveremos pesquisas junto ao mercado para saber o que as pessoas querem – e tentaremos atendê-las em seus desejos e necessidades. Também estão nos planos potencializar o delivery, ter um cardápio digital, seguir com ações de endomarketing, revitalizar algumas casas e adotar ações de ‘perda zero’”, completa o Diretor.

Em 2017, a marca lançou das duas novas franquias Rei do Escondidinho e Água Doce Express. O Rei do Escondidinho é inspirada no prato campeão de vendas da rede. “Após vários estudos, somados à nossa experiência no ramo gastronômico, sentimos que por trás do Escondidinho havia uma excelente oportunidade de negócio. Assim nasceu a franquia, que oferecerá, por meio de quiosques instalados em shoppings, centros comerciais, supermercados e outros pontos com grande circulação de pessoas, este delicioso prato, em porções individuais e sabores variados”.  O investimento num quiosque é de aproximadamente R$ 168,5 mil.

Já a Água Doce Express é uma nova formatação da Água Doce. São casas menores, ideais para praças de alimentação, em shoppings, centros comerciais ou ruas de grande movimento, que servirão almoços, jantares e petiscos para a happy hour. “Teremos versões individuais de pratos que são um sucesso absoluto na Água Doce, como a Família Escondidinho (nas versões de carne de sol, frango, bacalhau e camarão); Filé Água Doce (parmegiana de carne, frango e peixe) e outras pedidas exclusivas da Express”, comenta Júlio Bertolucci, Diretor de Franquias. Numa Água Doce Express, serão investidos R$ 200 mil, dependendo da localização. O valor inclui a taxa de franquia, de R$ 35 mil, o projeto arquitetônico e a implantação do negócio (sem incluir a reforma do imóvel).

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