Fabricante tradicional gaúcha pretende abrir 150 lojas nos próximos anos – novas unidades custarão de R$ 75 mil a R$ 180 mil
De Gramado para todo o Brasil. Com a abertura da rede para franquias, a expansão em nível nacional se torna o maior dos projetos da Caracol, principal fabricante dos tradicionais chocolates da Serra Gaúcha.
À frente da empresa desde 2001, o empresário Julinho Cavichioni procura atender a um público cada vez mais exigente quanto à qualidade e a procedência dos produtos que consome. Trata-se de uma parcela intermediária do mercado ainda pouco explorada, entre as marcas verdadeiramente populares e os chocolates mais luxuosos – de alta qualidade e altos preços, naturalmente. A Caracol Chocolates tem a meta de rechear esse abismo, atendendo às classes B e C em plena mudança de hábitos de consumo.
Assim como a degustação de cervejas e vinhos entraram para o cotidiano do brasileiro, Julinho – como é conhecido no mercado – aposta que os chocolates de nível de qualidade superior podem sair da categoria de presentes, entrando para o consumo diário. Por superior, ele entende os doces com maior porcentagem de cacau, isenção de gordura hidrogenada e baixos níveis de açúcar.
Legalmente, só é chocolate o doce com mais de 25% de massa de cacau na sua composição. “Eu não vendo chocolate com menos de 36% – temos produtos de até 85% de teor de cacau e só usamos manteiga de cacau como gordura. Esse é um diferencial relevante”, afirma.
“O consumidor da grande indústria ainda não é tão exigente, mas a preocupação com a quantidade de açúcar e a qualidade do produto começa a crescer”, observa o executivo.
A partir de outubro, a marca promete revolucionar o mercado de chocolates com uma nova linha de produtos que deve não só moderar a quantidade de açúcar, como trazer sementes, frutas e castanhas na formulação básica. Essa linha, especialmente, terá como principal alvo as classes A e B. “A preocupação com a saúde já está incorporada ao consumo diário desse público. Vamos incorporar o chocolate saudável a esse contexto”, conta Julinho.
Todos querem chocolate
Em sua primeira aparição como uma possível franquia, a Caracol superou as expectativas do executivo. Enquanto esperavam receber cerca de 200 pessoas para conversas iniciais, surgiram 298 candidatos reais para implantação de lojas – 35% destes da região Nordeste.
O custo da franquia varia de R$ 75 mil a R$ 180 mil, com retorno previsto para 24 meses. Julinho, no entanto, espera trabalhar as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, nesta ordem.
Apesar de cautelosa, a expansão exigiu uma mudança de postura da empresa, que trabalha em ritmo artesanal. Além do investimento em um centro de distribuição alugado – o que custou cerca de R$ 400 mil para a empresa – Julinho teve de adaptar sua linha de produção, majoritariamente com novas contratações.
Hoje com 45 funcionários, a empresa deverá chegar a 180 empregados na fabricação nos próximos anos. A margem é grande: atualmente a Caracol produz 300 toneladas de chocolate por ano, mas já tem capacidade instalada para quadruplicar esse montante.