Uma prática cada vez mais aplicada por grandes indústrias é a criação de franquias para comercializar seus produtos. A ideia é construir um espaço exclusivo e cortar intermediários; isso tudo sem tirar dinheiro do próprio bolso para investir em pontos de venda. A tática também pode ser um bom negócio para o empreendedor, que monta uma franquia nova no mercado, com a vantagem de ter o apoio da estrutura de uma grande empresa.
A batalha entre as grandes cervejarias brasileiras vem se desenrolando agora no formato de franquias. Desde 2003, a Companhia de Bebidas das Américas (Ambev) - líder do mercado e quarta maior cervejaria do mundo - trabalha com sua primeira franquia, o Quiosque Chopp Brahma. Com investimento inicial a partir de R$ 80 mil para os quiosques de 9 m², a rede conta hoje com 258 unidades pelo Brasil. Por exigir uma área relativamente pequena, os quiosques são muito populares em shoppings, onde o metro quadrado é caro. Além da variante de 9 m², há também quiosques maiores formatados para funcionar em ambientes tanto abertos quanto fechados, ambos com investimentos na faixa de R$ 300 mil.
Concorrência
Uma concorrente direta é o quiosque Ponto Devassa, focado na marca homônima da cervejaria Schincariol. A Devassa foi criada em 2002 como cerveja premium no Rio de Janeiro antes de ser comprada e massificada pela Schincariol em 2007. Os quiosques do Ponto Devassa têm um custo de implantação médio de R$ 220 mil.
A empresa Sonar Serviços e Franquias é o braço da Schincariol responsável por gerir suas redes, todas ligadas à marca Devassa. Além dos quiosques, a marca tem renovado sua ofensiva com iniciativas como o Boteco da Loura Devassa, lançado na última feira da ABF, de junho de 2012. O investimento inicial da loja é na faixa de R$ 480 mil - fora o ponto, de 90 m². A loja explora o ideal retrô de botecos cariocas, com direito a petiscos e sanduíches, além, claro, das cervejas Devassa pilsen e artesanal.
Enquanto a Schincariol aposta na boêmia carioca, a Ambev se inspira na noite paulistana com a franquia do Seu Boteco. Com investimento inicial de R$ 500 mil, a marca "segue o estilo Vila Madalena, com chopp, mas também cerveja de garrafa", como define o gerente nacional de franquias, Carlos Augusto Vargas.
Simples e rápido
Ambas as empresas têm investido também em modelos mais enxutos. Além do Boteco da Loura, a Schincariol lançou recentemente a Mini-Cervejaria Devassa, com apenas 70 m² e investimento inicial de R$ 480 mil, fora o ponto. O objetivo é crescer em shoppings centers, que têm espaços disputados. A ideia, no entanto, é manter a marca separada de praças de alimentação para atrair um público de maior poder aquisitivo.
Já a Brahma criou o modelo do Chopp Brahma Express. Com custo inicial em torno de R$ 300 mil, a franquia funciona como um serviço de entrega, que permite que o cliente "leve a experiência do chopp Brahma para casa com todo o equipamento de choperia. Os próprios clientes são os chopeiros", explica Carlos.
A Ambev também trabalha com o Carrinho de Chopp Brahma, que tem uma taxa inicial de apenas R$ 2 mil e dá mobilidade ao proprietário.
Nosso Bar
De olho no crescimento da classe C, a Ambev tem apostado num novo projeto chamado de Nosso Bar. Lançada em 2011 e com um investimento inicial de apenas R$ 28 mil, o foco da marca é nos micro e pequenos empreendedores.
"Fornecemos para mais de um milhão de pontos de venda no Brasil e temos a preocupação de que eles tenham uma longevidade maior e uma relação de longo prazo com a Ambev", explica Carlos.
O foco do empreendimento será a venda de cerveja de garrafa. Além da identidade visual, a Ambev também fornecerá todo o material como baldes, faixas, pintura, ou "tudo que dá a cara do bar", como define Carlos. A empresa oferece consultoria e treinamento por meio de uma parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae).
Além de aceitar investidores dispostos a abrir um novo negócio, a empresa tem o objetivo de trabalhar para que bares estabelecidos mudem para a bandeira do Nosso Bar. Segundo Carlos, o plano é atingir a marca de 800 franquias até o fim de 2012 - os últimos dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) apontam apenas 93 unidades atualmente.
Carlos Vargas afirma que a franquia busca franqueados "dispostos a seguir uma rotina, aptos a trabalhar com público."