Já faz um bom tempo que o Grupo Yum! Brands, dono da Pizza Hut e da KFC, busca crescer fora dos Estados Unidos. A série de resultados nada animadores nos últimos anos tem obrigado a companhia a procurar resultados fora de casa. Enquanto as operações internacionais lucraram 10% a mais em 2008 e a margem cresceu quase dois pontos, nos EUA o lucro encolheu 6% e a margem registrou um ponto de queda. O interesse nesses mercados é tamanho que a empresa vai arriscar outra vez. Depois da turbulenta entrada da Pizza Hut e da KFC no Brasil, a companhia planeja abrir unidades da rede de comida mexicana Taco Bell na cidade de São Paulo. Num segundo momento se estabeleceria no Rio de Janeiro. A DINHEIRO apurou que a Taco Bell desembarcaria por aqui em parceria com a BFFC (Brazil Fast Food Corporation), a mesma que já opera duas das principais marcas da Yum! (KFC e Pizza Hut), além de controlar o Bob's e a In Bocca al Lupo Café. Seria, na verdade, um retorno da Taco Bell ao País. Os primeiros estudos da rede para voltar ao Brasil, assim como a visita inicial para tratar do tema com os parceiros, aconteceram no início do segundo semestre de 2008. Com o aprofundamento da crise econômica, as tratativas ganharam força, segundo conta um executivo do grupo que acompanhou a negociação até o início deste ano. "A ideia é abrir um conjunto grande de lojas de maneira muito rápida", afirma ele. A BFFC nega a informação e a Yum! Brands não havia se manifestado até o fechamento desta edição.
Nos EUA, a Yum! sofre das mesmas dificuldades enfrentadas pelas rivais, como McDonald's e Starbucks. A crise econômica tem feito com que os americanos se alimentem cada vez mais em casa. Isso reduz demanda e afeta vendas. Em 2008, a receita da Yum! no país caiu 2%. Além disso, com uma forte pressão nos custos, provocada sobretudo pela alta das commodities, a margem de lucro operacional do grupo encolheu, afirmou neste mês David Novak, CEO da companhia. A ideia de voltar a olhar o mercado brasileiro sempre foi uma estratégia defendida por ele. Novak apoia a expansão particularmente em dois mercados emergentes, Brasil e China. Como na Ásia os resultados já aparecem de forma vigorosa (as vendas subiram 31% em 2008), estaria na hora de dar mais atenção ao mercado brasileiro. Os negócios na América Latina registaram alta de 12%. "O Brasil é o grande responsável por esse número. Isso pode explicar o interesse da rede por aqui", conta Alexandre Freitas, da MixRetail, especializada em varejo.
O desembarque da Taco Bell no Brasil também poderia significar o fim do marasmo em que a marca se encontra. Os balanços dos últimos cincos anos mostram que as receitas das lojas próprias da Taco Bell estacionaram em US$ 1,7 bilhão ao ano. As unidades franqueadas vendem US$ 4,4 bilhões desde 2005. Oitenta e quatro lojas da empresa foram fechadas no mundo em 2008 porque não saíam do vermelho. Enquanto isso, no Brasil cresce a participação da alimentação fora de casa nos gastos da população. O segmento de fast-food já tem 15% do mercado de refeições na rua e o negócio se expande 12% ao ano. A Taco tem chances de ganhar mercado rapidamente se mantiver os preços que pratica lá fora. Os burritos e tacos custam US$ 0,89, e as bandeijinhas de nachos com chili, US$ 0,99. Com US$ 4, dá para garantir o almoço em lojas da rede, construídas dentro de uma estrutura simples e de custos baixos. Todas as semanas, as 5,1 mil lojas da rede no mundo vendem 55 milhões de refeições. Se concluir o plano de entrada no País ainda neste ano, como ela pretende, terá mais alguns milhões de consumidores em potencial. Nada mal.