O grupo Spoleto, rede de culinária italiana de capital nacional, acaba de assumir 100% da rede Domino's, encerrando a parceria com a mexicana Alsea e abrindo mais um capítulo na história turbulenta da marca americana de pizzas no mercado brasileiro. Na metade dos anos 90 a Domino's, especializada em pizzas, desembarca no Brasil, animada com a possibilidade de crescer, deixando para trás a estagnação do negócio nos Estados Unidos. Quem trouxe a bandeira foram franqueados brasileiros da Coca-Cola, parceira mundial da rede. Mas como não tinham experiência na área, o negócio desandou.
A Domino's americana assumiu a gestão até identificar na Alsea - responsável no México pelas franquias da Domino's, da Burger King, da Starbuck's, entre outras -, em 1998, o interesse de tocar as lojas brasileiras. Mas, por desconhecimento da dinâmica local, para a Alsea também foi difícil fazer a franquia deslanchar. No final de 2004, a mexicana se associou ao Spoleto.
Depois de três anos e treze lojas fechadas, o Spoleto assume integralmente a operação da Domino's no Brasil, com a garantia de que o negócio, agora, vai.
Dona de 16 pontos-de-venda próprios e seis franquias, a rede faturou R$ 26 milhões em 2007, o equivalente a 11% do faturamento do Spoleto, que cresceu 30%, com receita de R$ 236 milhões. ""Vamos trabalhar a nossa expansão com cautela, limitada apenas a lojas próprias este ano, nos mercados do Rio e de São Paulo"", diz Roberto Fiani, diretor geral da Domino's Brasil e ex-diretor de lojas próprias do Spoleto.
Serão investidos R$ 4 milhões em oito unidades (quatro lojas em cada uma das cidades) e mais R$ 1 milhão em uma fábrica de massas em São Paulo que vai abastecer o mercado da região, onde hoje existem apenas duas lojas. ""A expansão em São Paulo, principal mercado do país no segmento de pizzas, está sendo estudada com cuidado, pois a concorrência é acirrada e o paladar é exigente"", reconhece Fiani.
Mas existe mais um motivo para a Domino's ir com calma dessa vez. Contrariando o modelo tentado antes pela Alsea, de lojas com um amplo salão para refeição na loja, comum no México, a Domino's agora reforça o modelo americano de loja especializada em serviço de entrega e pedidos para viagem feitos no balcão. ""São lojas mais compactas, que exigem menor investimento e menos mão-de-obra"", diz Fiani.
A entrega é terceirizada, mas os motoboys - chamados de ""assistentes"" - trabalham exclusivamente para a rede. O modelo foi testado ano passado em uma loja da Barra da Tijuca, no Rio, e o resultado é positivo, diz o diretor. ""O retorno do investimento apareceu em dez meses"", afirma Fiani. ""Antes, as operações eram deficitárias, porque o custo de ocupação das lojas era alto"", diz. No plano de expansão ""pé no chão"" da Domino's, estão previstas 75 novas lojas até o final de 2011, sendo cerca de 40 próprias. Os franqueados, por sua vez, só serão trabalhados a partir de 2009.
A rede vai readequar os atuais pontos-de-venda para este modelo, mantendo no formato antigo apenas aqueles em que o consumo em loja é significativo. ""A mudança será marcada pela reinauguração da nossa loja na Alameda Santos, em São Paulo, depois do carnaval"", diz Fiani. Os novos pontos-de-venda, que adotam nova identidade visual, também reforçam a promessa da Domino's, de entrega em até 30 minutos ou o dinheiro do cliente de volta, exatamente como preconiza o modelo americano. No cardápio, também há inovações em vista, como a pizza de chocolate, que deve ser lançada próximo à Páscoa. (Fonte: Valor Econômico - Empresas & Tecnologia - 18.01.08).