por Cléia Schmitz
A tradicional marca de chocolates Kopenhagen investe na expansão da rede de franquias ampliando o mix de produtos e testando novos formatos para aumentar o fluxo de clientes nos pontos-de-venda
O Brasil ainda não conhecia o marzipã – uma combinação de creme de avelã com castanhas e açúcar, tradicional na Europa – quando o casal de imigrantes lituanos Anna e David Kopenhagen começou a produzir o doce em 1928 no Bairro Itaim Bibi, em São Paulo. Logo foi preciso montar uma loja e uma fábrica para atender os pedidos dos clientes. Bombons de chocolate se juntaram à produção de marzipãs. Assim começou a história da Kopenhagen, que conquistou diferentes gerações com doces como Nhá Benta, Língua de Gato e Chumbinho. Em 1992, a marca aderiu ao sistema de franchising e, em 1996, foi adquirida pelo executivo Celso Ricardo de Moraes.
De lá para cá a empresa cresceu num ritmo mais acelerado, acompanhando o crescimento do segmento de chocolates no Brasil. Em 2006, o setor movimentou R$ 2,7 bilhões, ultrapassando o desempenho do mercado francês. A Kopenhagen produz 2 mil toneladas de chocolate por ano e, nos últimos seis anos, teve um aumento de 237% no faturamento. A rede tem 220 lojas bem distribuídas por 20 estados brasileiros, das quais 30 foram abertas no ano passado, quando o faturamento cresceu 17%. ""Estamos caminhando para fechar o ano com mais 30 franquias e um crescimento no faturamento de 30%"", afirma Renata Vichi, vice-presidente e filha de Celso.
Uma das propostas da marca é dar sempre uma cara nova para a franquia, sem perder a tradição de quase 80 anos de história. Um exemplo de renovação foi a introdução da cafeteria, em 2002. A idéia trouxe mais clientes para a loja e, claro, teve a aprovação dos franqueados. Houve quem duplicasse o faturamento. ""A cafeteria traz um aumento significativo no fluxo de clientes. Uma de nossas lojas dobrou o faturamento em 2006, quando inserimos o café e melhoramos a qualidade de atendimento"", conta a franqueada Daniela Farina Voegels, dona de três lojas Kopenhagen na capital paulista.
O café também estimula a venda de chocolates. ""O conceito de cafeteria e bomboniere contribui bastante para o aumento da receita do negócio. O café traz o cliente para dentro da loja e gera vendas adicionais dos chocolates"", afirma a franqueada Isabel Xavier Soares. Ela também é proprietária de três lojas Kopenhagen em São Paulo. Segundo Isabel, a receita da cafeteria cobre grande parte dos custos fixos da loja. Das 220 unidades Kopenhagen, 182 comercializam café. Um levantamento feito pela rede mostrou que o café aumenta em aproximadamente 153% o fluxo de pessoas na loja. Segundo Renata Vichi, o tíquete médio chega a R$ 18.
Sabor de inovação
Em novembro, a rede apresentou mais uma novidade em formato de loja: o Kopenhagen Gourmet Station. Instalado na loja própria do Parque Dom Pedro Shopping, em Campinas, o novo projeto de loja é um espaço com sobremesas, bebidas e pratos finos. O cardápio, desenvolvido pelo chocolatiere da grife, Orlando Glingani, traz produtos tradicionais em novas versões, como o milk-shake de Nhá Benta, croissant de mousse de chocolate Kopenhagen e waffle com Chumbinho. O menu também traz pratos salgados como wrap de salmão, quiche de alho-poró e croque monsier de cogumelos. ""A idéia é que o consumidor tenha um momento de prazer em um ambiente confortável e requintado"", explica Renata.
O projeto levou investimentos de R$ 500 mil e, por no mínimo seis meses, será o laboratório de pesquisas da Kopenhagen. Na loja, serão avaliados o mix de produtos, o tíquete médio e a aceitação dos clientes. ""Depois desse levantamento de mercado, quando já teremos a segurança da excelência máxima do Station, pensaremos em implementá-lo nos outros pontos-de-venda, da mesma forma que fizemos com a cafeteria"", explica Renata. A executiva estima que o faturamento anual da unidade escolhida para o piloto aumentará em R$ 1 milhão.
A marca também está sempre trazendo novos produtos. Este ano, por exemplo, lançou o Nhá Benta Chocolate e o granulado a granel. ""Nosso consumidor nos vê como uma forte referência em inovações e tendências, por isso procuramos sempre trazer novidades, mas sem esquecer a tradição da marca"", afirma Renata. Outro lançamento apresentado pela rede em 2007 foi o Chocolate Martin, uma bebida desenvolvida pela franqueada Joana Arcoverde, de Salvador. Segundo Renata, esta é a primeira vez que um franqueado ajuda no desenvolvimento de um produto. O sucesso da bebida na capital baiana fez com que a rede estendesse o produto para as demais cafeterias da grife.
Profissionais com espírito empreendedor como o de Joana é o perfil que a Kopenhagen exige de um franqueado. Outro requisito é ter tempo disponível para ficar à frente do negócio. No momento, a rede quer crescer, principalmente para o interior de São Paulo, e explorar novos estados, como Sergipe e Maranhão. O investimento necessário é de R$ 210 mil para uma loja de 30 metros quadrados. Esse valor inclui pedido inicial e taxa de franquia. O retorno do investimento é de dois anos.
Sintonia com a marca
Isabel era cliente da Kopenhagen e tinha grande admiração pela marca quando decidiu se tornar uma franqueada, em 2003. A primeira unidade, no Bairro Alphaville, era uma loja de repasse, instalada há 18 anos no mesmo local. Quando assumiu, em setembro de 2003, percebeu a necessidade de ampliá-la e incluir o mix de cafeteria. Em janeiro de 2004, inaugurou a loja completa e, desde então, não tem do que reclamar. ""A cada ano que passa, o faturamento cresce significativamente. É um sucesso"", afirma Isabel. Tanto que ainda em 2004 a franqueada comprou outra loja já instalada, desta vez no Shopping Tamboré. Depois de mudar de ponto, em 2005, e oferecer o mix completo da marca, mais uma vez Isabel viu o faturamento crescer expressivamente.
A sintonia entre Isabel e a Kopenhagen não parou por aí. Em março de 2006, ela abriu sua terceira loja, na Aldeia da Serra (SP). ""Sinto que vai ser um sucesso"", afirma. A tradição da marca e a forte presença nas principais cidades do Brasil são alguns pontos positivos destacados pela franqueada. ""A Kopenhagen tem o melhor chocolate do Brasil e investe constantemente em lançamentos de produtos, campanhas de marketing e atualizações de embalagens. São aspectos que eu considero fundamentais para fidelizar e conquistar novos consumidores"", diz Isabel.
Experiência para crescer
A franqueada Daniela Voegels também mostrou forte sintonia com a marca, desde que abriu a primeira unidade, em 2002. Hoje ela tem três lojas – duas no Brooklin e uma em Moema. Arquiteta de formação, Daniela decidiu investir na marca por influência da irmã, a pedagoga Letícia Farina, que havia adquirido uma loja da Kopenhagen no ano anterior, depois de contratar uma consultoria especializada em franchising. ""O diferencial da franquia Kopenhagen, que nos motivou a provocar uma mudança bastante significativa na nossa atuação profissional, é que além de apresentar um resultado financeiro positivo, é fonte de muito prazer, orgulho e alegria"", afirma.
Daniela e a irmã, que tem cinco lojas Kopenhagen, dividem experiências e crescem junto com a marca. Das oito unidades que possuem, cinco foram inauguradas depois de 2006, quando a Kopenhagen fez grandes investimentos em marketing, modernização e expansão da rede. ""Nós também já havíamos adquirido uma boa experiência para abraçar a administração de um número maior de lojas mantendo o rigoroso padrão exigido pela grife"", conta Daniela.
Para a franqueada, o planejamento é o principal ponto positivo da franquia. ""Um planejamento cuidadoso garante o crescimento estruturado da marca, oferecendo segurança aos seus franqueados"", afirma. Segundo Daniela, o consumidor da grife é muito exigente e bastante conhecedor do produto e, por isso, responde muito bem a melhorias e novidades.
Fonte: www.empreendedor.com.br