Como partir para o próprio negócio quando se é jovem e não se tem experiência em
administração? A resposta que muitos têm encontrado é a franquia. Desiludidos com as perspectivas de ter uma profissão assalariada ou temendo o fantasma do desemprego, eles estão reunindo suas economias e procurando oportunidades em empresas que operam com esse sistema. Segundo uma recente pesquisa realizada pela consultoria PCM Franchise em parceria com a Quartzo Comunicação, de cada 100 candidatos à franquia, 54 têm entre 20 e 35 anos - os que estão na faixa de 35 a 45 anos representam 32% da amostra e os interessados
com mais de 45 anos equivalem a 14%. O levantamento foi feito junto a 200 entrevistados, em São Paulo. ""Quem está desencantado com a profissão tem na franquia um porto seguro"", garan
te Eliane Bernardino, presidente da seção carioca da Associação Brasileira de Franquia. De fato, a segurança que esse tipo de empreitada oferece é um dos principais atrativos para jovens que desejam ser donos do próprio nariz, mas não querem arriscar. De acordo com dados
da ABF, apenas 13% das franquias fecham suas portas antes de cinco anos de vida. Já nos empreendimentos próprios que não contam com o suporte de um franqueador esse número sobe para 80%.
Lilian Lontra, uma advogada de 28 anos que passou um ano desempregada, encontrou na franquia da Vip Lavanderia, em São Paulo, uma rentável opção de vida. ""Atingi uma situação financeira confortável"", orgulha-se. Faturando cerca de R$ 35 mil por mês com a operação de duas lojas, Lilian já se prepara para abrir uma terceira franquia. ""Com a inauguração desta nova loja meu faturamento vai dobrar"", prevê ela, que investiu R$ 30 mil em cada um dos pontos.
Existem hoje no País 800 marcas franqueadas, em 22 ramos de atividades. Para montar uma franquia, o interessado encontra opções que demandam um investimento inicial que varia de R$ 30 mil, como no caso da confecção Blu 4, a mais de R$ 100 mil (Planet Music, varejo de CDs). Atento à expansão dessa indústria, que já fatura R$ 68,3 bilhões ao ano, o governo decidiu regulamentar a atuação do setor, sancionando no ano passado a Lei do Franchise, que obriga o franqueador a dar os mínimos detalhes do negócio ao franqueado. Era mais do que justo. Afinal, o franqueado, se por um lado terá suporte de marketing e administração da empresa franqueadora, por outro está empatando dinheiro próprio no empreendimento.
O professor de educação física carioca Marcelo Ferreira, 32 anos, é um dos que investiram pesado. Com a ajuda de um tio, ele conseguiu abrir, a um custo de R$ 100 mil, uma franquia da Bit Company, uma escola de informática. Com capacidade para atender mil alunos, ela está faturando, em média, R$ 45 mil por mês. ""Continuo na área de educação, só que agora estou ganhando dinheiro. Posso voltar a sonhar com o futuro"", comemora o jovem empresário.
Assim como Marcelo, Ana Cristina Rodrigues, 27 anos, formada em letras, desistiu da profissão depois que a euforia por arrumar um emprego de secretária numa multinacional transformou-se numa profunda depressão. ""Parecia uma pedinte na porta das empresas, vivia distribuindo currículo e nada"", lembra ela, que deixou aflorar seu sangue de comerciante quando soube que uma loja da Casa do Pão de Queijo ao lado da sua casa, em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, estava à venda. Com a ajuda financeira do marido - o consultor de informática Marcelo Forte, da Andersen Consulting -, há um mês Ana Cristina virou franqueada da Casa do Pão de Queijo, com um investimento de R$ 75 mil, que ela espera ver de volta em um ano.
