São Paulo, 16 de Fevereiro de 2007 - Fundo de private equity não aprovou contrato rigoroso da matriz, que deve ficar com Pactual. As restrições impostas pela rede McDonald’s aos interessados na operação da América Latina continuam sendo o maior empecilho para o desfecho da negociação e levaram o GP Investments a desistir da empreitada. "É um modelo amarrado, que dificulta qualquer tipo de alteração para alavancar o negócio, como mudança de fornecedor e venda dos imóveis", afirma um executivo ligado às negociações. Dos 545 restaurantes no Brasil, cerca de 15% operam em imóveis próprios - o que, no modelo de negócio dos fundos de private equity, representa capital imobilizado.
Conforme o executivo, o GP entendeu que não seria viável criar valor na rede dessa forma, já que atrapalharia uma das principais estratégias previstas pela empresa para turbinar o McDonald’s: abrir capital da operação latina e lançar ações em bolsa de valores. ""O contrato de franquias é muito restritivo e a idéia do GP era fazer um ‘turnaround’ na companhia e vendê-la rapidamente’’, reforça. A menos que haja flexibilidade da matriz, o que é pouco provável a esta altura, o investidor já está fora da jogada. Assim, abre mais espaço para o banco Pactual, que vem sendo apontado desde o início das negociações, há cerca de um ano, como o mais provável comprador e o mais disposto a ceder às exigências da matriz norte-americana. ""O Pactual está muito capitalizado, gosta do modelo de operação do McDonald’s e acredita que pode gerar margens mais elevadas nesse mesmo formato"", diz o empresário. ""Eles querem renda fixa"".
O banco estaria muito próximo de assinar o contrato da negociação, que contaria ainda, em disputa paralela, com o interesse do Capital Group. ""Não se sabe ao certo quando foi a entrada do Capital Group e se ele ainda está no páreo de fato"", comenta um consultor próximo aos investidores. As reuniões feitas em Nova York, em janeiro, com representantes da matriz e executivos do banco JP Morgan, responsável pela transação, foram feitas individualmente com os investidores, que não têm informações sobre o andamento dos concorrentes. Os gestores Woods Staton (que dirige a rede na Argentina e estaria ligado ao Capital Group) e Gregory Ryan (que trouxe a marca para o Brasil, é o principal acionista da Atlantica Hotels e estaria ligado ao GP nessa negociação) já estariam, portanto, fora da jogada. Para um executivo do mercado de franquias que já participou da gestão brasileira do McDonald’s, é pouco provável que qualquer um dos dois firme uma parceria com o Pactual, no caso de o banco efetuar a compra. ""Os dois são bons gestores, mas são investidores e não aceitariam ser funcionários do banco"", considera. ""Staton tem uma gama de negócios que envolve uma grande rede de drogarias e a própria distribuidora de alimentos do McDonald’s na Argentina."" E mais: segundo o executivo, o Pactual já teria destinado um responsável da área financeira para assumir a gestão.
Essas fontes próximas aos fundos confirmam que a matriz do McDonald’s ainda está interessada em aplicar recursos próprios na negociação, para não deixar a operação por completo, transferindo efetivamente a gestão. Este também era um ponto que desagradava o GP, já que o fundo de private equity tem liquidez suficiente para bancar a operação, e não lhes interessaria um negócio compartilhado. À espera da definição, a operação brasileira ainda não divulgou o balanço de 2006. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 8)(Maria Luíza Filgueiras)
Fonte: Gazeta Mercantil - www.gazetamercantil.com.br