O investimento envolve a criação de uma nova marca dentro do conceito de comida étnica
Da Redação
O fast-food pernambucano chegará aos Estados Unidos ainda este ano. O grupo Bonaparte, que completa 10 anos em março, com 51 restaurantes franqueados e uma loja própria, espalhados em 10 estados brasileiros, armou um plano de conquista do mercado americano e, até dezembro, irá investir US$ 1 milhão na abertura de sua primeira unidade na cidade de Wichita, no Kansas e, na seqüência, outro restaurante em Dallas, no Texas.
O investimento envolve a criação de uma nova marca dentro do conceito de comida étnica, uma combinação que deverá aguçar o paladar dos americanos para a comida brasileira, e do estilo ""fast-casual"", um híbrido de fast-food e restaurantes tradicionais com demanda crescente nos Estados Unidos em shoppings abertos.
"É mais um desafio, mas nossa empresa sempre foi ousada e empreendedora, e ainda fomos muito bem recebidos pelas autoridades em Wichita, que querem nossa filial"", afirma o diretor presidente do grupo Bonaparte, Leonardo Lamartine, disposto a concorrer com as redes Pei Wei, de comida chinesa, e Shipo Tle, a linha mexicana adquirida pelo McDonald’s.
O nome da nova marca ainda está em estudo, considerando a orientação da Universidade de Wichita para evitar a idéia de que o general francês Napoleão Bonaparte estaria invadindo o território americano. O cardápio também está sendo desenvolvido, mas já é certo que incluirá os pratos mais procurados das marcas Bonaparte, Donatário, Monalisa e Galileu - todas do grupo.
"Pretendemos priorizar os grelhados, como a picanha, incluir camarão, como símbolos da nossa comida e não descartamos a possibilidade de oferecer até feijoada"", conta o diretor de marketing do grupo Bonaparte, Luiz Barreto.
A aposta inicial em Wichita é estratégica. A cidade tem cerca de 500 mil habitantes mas concentra executivos em trânsito de várias partes do mundo, atraídos por negócios em torno de fábricas de aviões, como a Boeing. ""A cidade é uma vitrine para propagar nosso conceito. Os americanos dizem que o que dá certo lá, dá certo em todo lugar"", explica Barreto, adiantando que os sócios - um pernambucano e dois norte-americanos - serão os franqueadores do grupo na terra do fast-food.
A investida mostra a ousadia do grupo que, no ano passado, faturou R$ 64 milhões e pretende crescer 40% em 2008. Entre os anos de 2004 e 2005, a companhia cresceu 150%. A perspectiva de crescimento anunciada é apenas no Brasil, onde este ano o grupo deve abrir nova unidade em Brasília, no rastro da franquia inaugurada em dezembro passado, uma em Porto Velho e outra em Porto Alegre. ""O restaurante de Brasília está sendo um sucesso e já temos interessados também em Goiás"", adianta Lamartine.
Para o diretor presidente, a idéia de oferecer um fast-food requintado, com pratos mais elaborados e preços equivalentes a sanduíches, mudou hábitos dos freqüentadores de shoppings centers. ""Há 10 anos ninguém ia ao shopping para se alimentar. As pessoas iam às compras e paravam para comer por conveniência"", avalia. ""Houve uma mudança cultural e hoje vemos as praças de alimentação lotadas por executivos, profissionais liberais e políticos.""
Por obra do acaso
Com 60 funcionários diretos e outros 1.500 trabalhando nos restaurantes de suas quatro marcas no Brasil, através das franquias, o grupo Bonaparte nasceu de um jantar casual preparado pelo sócio Roberto Bitu numa pousada em Fernando de Noronha. Como o cozinheiro havia machucado a mão, o advogado Bitu, que já havia tido restaurante, resolveu ajudar na cozinha - sem saber que estava cozinhando para um grupo de empreendedores do Shopping Center Recife.
Ao final da refeição, os executivos quiseram conhecer o cozinheiro e insistiram para que ele montasse um restaurante na área de expansão do shopping. Para encarar a empreitada, Bitu chamou Leonardo Lamartine, que atuava com consultoria depois de sua formação em Finanças numa universidade da Inglaterra. Não pararam mais.
A demanda dos restaurantes é crescente. Hoje o grupo já é o maior consumidor no Brasil das batatas ""noisete"" da Mcain, importadas da Bélgica, atingindo 10 toneladas por mês.