Mais um dia de atendimento, desta vez presencialmente receberia um candidato a franqueado de uma marca que represento. Sempre tratei os prepostos, de candidatos, essa nomenclatura me acompanha a anos, pois franqueado no meu entendimento, nasce após as relações contratuais celebradas. Poderia até mesmo chamá-los de investidores, mas esta classificação, consigo utilizar após uma sabatina, um entendimento que possui em espécie o necessário para assumir a contrapartida financeira.
Enfim, chegou a reunião. Não havíamos combinado tolerância no horário marcado, não senti pontualidade, vinte minutos após o horário preestabelecido recebo uma ligação: - Estou a caminho. Soa o interfone, chega o candidato e a esposa atrasados. Em primeiro momento, culpou o transito e o aquecimento de seu motor, em segundo a parada no Frango Assado, afinal pegar a anhanguera sem comprar o queridinho “ Pão de Semolina do Frango Assado” é o mesmo que ouvir “Fat Family, com Jeito Sexy”, sem a dancinha do pescoço. Em seguida argumentou que potencializou seu atraso, deixar seu veículo na rua, sua defesa foi que pagar R$ 12,00(doze) reais a hora em um estacionamento coberto, com seguro, era um absurdo!
Ambos interessados na compra de uma franquia, de marca renomada, nível elevado, investimento 3 dígitos “expressivo”, qualificação criteriosa, localização singular, para um público “Oscar Freire”. Nota-se que para comprar uma franquia deste porte, não esperava um “Elon Musk”, mas pela forma impafiosa apresentada por telefone, senti que estava prestes a encarar um novo rico, em busca de sua primeira franquia. Pedi sua qualificação inicialmente, mas “papel e formulário” aceita tudo.
Comportamento prepotente, simpático por conveniência, inchado pela vaidade, um David Copperfield que vive de ilusões, precisando ostentar fora um imenso vazio interior. Pouca escolaridade, acreditando ser o balaústre de mudanças para a Franqueadora. Assim iniciamos nossa reunião. Claro que ele fez uma leitura singular de meus adjetivos e capacidade de estar em posição de avaliador e não avaliado. Oque ele mais subestimou, foi o poder que nos é oferecido quando somos contratados para fazermos nossa primeira avaliação dos candidatos.
Nas honras da casa, servi um café para quebrar o iceberg, e notei que meus amanteigados não seria o suficiente para estancar a fome que exalava do casal que apelidei carinhosamente de Jane & Herondy. Me analisavam, visando encontrar em mim algum ponto vulnerável ou fragilidade para abrir o “trialogo”. Ledo engano! Na posição de responsável pela escolha de um futuro franqueado, alguns detalhes são analisados desde o primeiro contato. Sua pontualidade, suas respostas, tempo para nossa reunião, leveza em tratar de assuntos controversos, pois assuntos polêmicos na condução de um comércio, pode ofender pessoas, criar divisões e rupturas. Se não soubermos tratar esses temas poderemos criar muitos problemas no dia a dia da condução de sua franquia. Assim, quando o assunto polêmico se refere ao trabalho, à qualidade do produto ou serviço, a reclamações de clientes, ao relacionamento com fornecedores, ele deve e tem que ser tratado com franqueza, assertividade, embora sempre, é claro, com polidez, educação e respeito. Assim, continuei minhas percepções.
Passo informações sobre a franquia pretendida, sempre de forma superficial, para analisar seu ponto de vista. Me interrompe, tentando imputar ideias, posicionamento, que deverá inserir no dia a dia de sua relação com a franqueadora, quer criar, diversificar, mudar. Tenho a total compreensão que respeitar o regionalismo e o bairrismo de cada franquia, potencializam resultados em algumas redes, mas homologar os chineses para fornecer bijuterias em uma vitrine Hster, é inconcebível! É o mesmo que obrigar a franqueadora vender “cacetinho e marba”, em uma vitrine da Cacau Show.
Na esfera comportamental, as atitudes e reações diante de um ambiente profissional deve motiva-lo a colocar em prática determinados conhecimentos e habilidades para realização de atividades no dia a dia da condução de sua unidade de franquia. Mudar conceito, a essência e as diretrizes de uma franqueadora ainda qualificado como pré-franqueado é utopia. Algumas franqueadoras ouvem, mas não escutam. Outras franqueadoras querem saber do consultor se o candidato apresenta adjetivos que colidem com a missão, visão, e valores de sua organização.
É neste momento que aflora nossa anterioridade, nossa vivencia, nosso poder de percepção, mediação, nosso lado perito, e analisamos detalhes, que na somatória poderá salvar o candidato de uma empreitada kamikaze. Apenas balizar os adjetivos de um futuro franqueado pelo seu saldo bancário é enganoso, mesmo que seja um exímio comunicador, com grande poder de persuasão, esta atitude pode ser uma estrada estreita para a manipulação. Enquanto persuadir é influenciar alguém a fazer algo a seu próprio favor, na manipulação seria influenciar alguém a fazer algo apenas a meu favor, sendo assim, esta mistura é indigesta no segmento.
Se apresentar adjetivos como executor, devemos nos atentar que este perfil, possuem relações interpessoais e flertam com a impaciência. Se notarmos que são bastante assertivos e altamente competitivos, podem facilmente gerar atrito em seu ambiente de trabalho, pois defendem seu ponto de vista a qualquer custo. Se meticuloso, perfeccionista são descritos por muitos psicólogos, ter a necessidade de estabelecer padrões elevados, rígidos para si mesmo, sua autocrítica é rigorosa, deixando cabisbaixo, culpado, insatisfeito com seu próprio desempenho.
Alguns “in perfis” são externados, de fácil detecção, reprises inéditas de cada atendimento. Finalizei a reunião, preparei um briefing salvador para ambos, franqueadora e franqueado. Tentei amenizar uma futura colisão frontal oportunamente. Não que isso interrompesse o processo seletivo, na escolha de um novo franqueado, mas me traria a impressão de missão cumprida!
SOBRE - GILSON FERRAZ JR.
Gilson Ferraz Jr. é Consultor, conselheiro empresarial e auditor de franquias, atuou em grandes grupos do segmento tais como Grupo MC, Grupo Euro, Grupo Solar Life Energy, Grupo Winnex+, na Faculdade IESCAMP, como coordenador e professor acadêmico implantou em seu curso a interdisciplinaridade. Participou direta e indiretamente na formatação, expansão, repasses, conversão, releitura, criação de marcas, incubadora, totalizando mais de 150 marcas nacionais. Graduado em Gestão de Marketing - ênfase em varejo - na Univeritas Guarulhos (UNG), no MBA concluiu seu TCC em Gestão de Negócios – na Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação (ESAMC)/Fundação Getúlio Vargas (FGV), iniciando sua trajetória acadêmica em Administração de Marketing na Universidade São Francisco (USF). Oferece suporte, apoio e assessoria a franqueados e franqueadora, bem como mediação de conflitos. Palestrante, comunicador, entrevistado, entrevistador e cronista. Em 1994, no Curso “Conhecimento Avançado em Franchising” ministrado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF) criou empatia pelo segmento. Diretor da Casa da Franquia - consultoria pessoal e empresarial e franquia A Mineira Cafeteria. Prólogo de duas obras consagradas, criador e precursor do termo “Nino Franquia”. Desmistificador do franchise para leigos, oferecendo voluntariamente consultoria, visando valorização e direcionamento.
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