Muitas mulheres entram em relacionamentos sérios logo no começo da vida adulta, e acabam por ter filhos, marido e uma casa para cuidar, o que dificulta o seu envolvimento com atividades relacionadas a estudo e trabalho.
Esse legado é histórico, apesar do direito ao voto feminino no Brasil ter acontecido em 1932, foi a partir da década de 1970 que mulheres passaram a ter mais participação como agentes ativas da sociedade brasileira. No ano de 1979, o Brasil assinou a Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres, uma convenção das Nações Unidas (ONU) que busca eliminar a discriminação contra as mulheres.
Foi apenas na promulgação da Constituição de 1988 que as mulheres foram declaradas iguais aos homens em todos os aspectos legais, declarando em palavras claras no Artigo 5, do Título II, que "homens e mulheres têm iguais direitos e deveres sob os termos desta Constituição". A mudança mostrou que a dominância masculina não tinha mais espaço na sociedade e que mulheres merecem ter direitos e liberdades iguais às masculinas.
Mundialmente, as mulheres foram reprimidas em grande parte de sua história. Foi apenas na 1ª Guerra Mundial, no início do século XX, que elas passaram a sair mais de casa para ganhar o próprio dinheiro. Isso só ocorreu porque homens tiveram que sair de suas casas para lutar em um conflito criado por homens. Ao fim da guerra, parte da repressão pré-guerra retornou, porém as mulheres passaram a ter mais liberdade financeira, mesmo que ainda em baixa escala.
Ainda nos dias de hoje, as mulheres ganham menos do que os homens exercendo funções iguais, mas a partir da década de 90, houve mais adesão de mulheres ao mercado de trabalho. Ainda existem grandes entraves no exercício profissional feminino, para se ter ideia, uma pesquisa do IBGE indicou que, no Brasil, as mulheres ganham em média 20,5% menos que os homens.
A mulher ainda é tida como a principal cuidadora dos filhos e dos familiares que precisam de cuidados especiais, como os idosos. Este traço é cultural e só mudará com uma conscientização coletiva sobre os papéis familiares. A mudança vem na base, a mentalidade empreendedora deve começar desde as escolas, sem discriminação de gênero.
No entanto, já existem indícios de melhora. Segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), durante o período da pandemia, 55,5% dos negócios criados foram fundados por mulheres. Esse número revela que houve um progresso nos últimos anos, porém ainda há um longo caminho pela frente.
Quando a mulher é capaz de prover o seu próprio sustento, ela se mantém nas relações por vontade e não por prisão. Quantas vezes nós já ouvimos uma mulher falar que não se separa porque não tem como manter os filhos e o companheiro não iria contribuir voluntariamente? São muitos os casos de violência doméstica que perduram porque a mulher não tem para onde ir e nem perspectivas profissionais.
O trabalho, além de proporcionar uma vida mais completa, em que seus talentos estão sendo utilizados de forma produtiva, propicia a obtenção de uma vida em que você escolhe o que quer fazer, pra onde quer viajar, em qual casa quer morar, porque você paga a conta dos seus sonhos.
O medo de sair de quem oferece proteção independente da situação pode estar te fazendo viver hoje situações de desrespeito, desamor e descaso. Mas, pelo medo de ter que enfrentar a vida sozinha, você fica onde está.
O primeiro passo é se imaginar vivendo a vida dos seus sonhos: como ela seria? Como você seria? Em seguida, trace pelo menos 3 coisas que, se você fizesse, te deixariam mais perto de viver a vida dos seus sonhos. E entenda que difícil sempre vai ser, mas construir um caminho autêntico vale a pena.
Passar por todas as fases do desenvolvimento pessoal e profissional sozinha é muito mais difícil! Por isso, é interessante que mulheres se ajudem - procurar grupos de apoio e programas que apoiam o empreendedorismo feminino são maneiras de impulsionar seu negócio. O mais importante é entender seu negócio, estude bastante e crie um projeto autêntico que você goste. E lembre-se, você não está sozinha!
*Larissa DeLucca é CEO da Negócios Acelerados e Diretora da Fundação Mulheres Aceleradas
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