Muitos estudos e pesquisas têm surgido sobre o comportamento do consumidor da geração millennial, porém uma indagação a ser feita para as empresas que atuam no franchising é: como será o comportamento dessa geração atuando como franqueados e como a marca vai atraí-los?
A globalização, a evolução da tecnologia, do digital e a mobilização vêm exigindo cada vez mais das empresas, mudanças nas formas de distribuir, expor, vender e divulgar seus produtos. O uso da tecnologia para melhorar a gestão do negócio e para aumentar a produtividade é algo que não se discute mais, a conscientização dos empresários sobre a necessidade de incorporar tecnologia nos negócios ampliou e com isso a condição dos negócios se manterem competitivos e sobreviverem. Esse é um quadro do mundo ideal, no entanto ainda temos no mercado um grande número de empresas, nos mais diversos segmentos, que estão andando a passos lentos nesse sentido.
Além de todos os impactos da tecnologia nos negócios, o mundo desperta para o comportamento da nova geração, os millennials, pessoas nascidas entre 1980 e 2000. Uma geração que está se desenvolvendo no âmbito pessoal e profissional paralelamente com a evolução da internet, do digital e do mobile. A forma de pensar, consumir, imprimir valores e de se comunicar dessa geração pouco pode ser comparada com o comportamento das gerações das décadas anteriores.
Muito se falou dos desafios de manter e atrair talentos dessa geração, uma vez que buscam conhecer o propósito, as causas que as empresas defendem e os valores da marca e ainda, como lidam com as pessoas e que tipo de contribuição geram para a sociedade, qual a origem dos produtos e do lucro.
Agora, essa geração começa a empreender, atuando como administradores de seus próprios negócios, ou como franqueadores ou ainda como franqueados de uma rede. Hoje, os millennials já representam a maioria da força de trabalho das redes de franquias americanas e no Brasil não é diferente.
O número de franqueados millennials, em algumas redes e em alguns segmentos, em especial o de serviços, começa a ser representativo comparativamente aos franqueados da geração baby boomer e a geração X – o que gera um desafio para os franqueadores no sentido de como lidar com esse perfil e como atraí-los para aderir e se engajar com seu sistema de franquias.
Os empresários do franchising terão que mergulhar a fundo nestas questões para avaliar o quanto estão preparados e o que vão precisar mudar ou incrementar em seus negócios para não serem ignorados pelos millennials.
Algumas informações sobre o comportamento dos empreendedores/franqueados dessa geração podem ajudar nessa análise, por exemplo:
- A proposta de valor da franqueadora para o franqueado tem que fazer sentido e é o que vai motivá-lo a engajar-se com a marca. Deve ficar muito claro quais são suas tarefas e que tipo de apoio vai receber para realizá-las e para obter sucesso com a sua unidade de franquia;
- Eles têm a informação na palma de sua mão, sobre a empresa, sobre a marca e sobre o nível de satisfação dos franqueados da rede e de seus consumidores. Tudo em tempo real, a qualquer hora do dia. Portanto, as informações sobre o negócio devem ser bem embasadas e transparentes;
- Acreditam muito em sua capacidade e se adaptam bem aos ambientes colaborativos e não de imposição. Neste sentido, as franqueadoras podem enfrentar dificuldades em implementar as regras e padrões da rede se estas não forem claras e se os franqueados não enxergarem valor nos processos ou orientações;
- São questionadores, porém tendem a ser mais parceiros a partir de uma relação igualitária, sem hierarquias, desde que estejam engajados como o propósito da marca;
Têm pressa e expectativas elevadas em relação aos resultados do negócio, o que vai exigir da franqueadora um alinhamento de expectativas em relação às projeções de faturamento, ponto de equilíbrio, prazo de retorno e muita, muita clareza no que vai fazer o negócio dar resultado, e esse geralmente se traduz em muito trabalho, dedicação, proatividade e seguir as regras da franquia;
Essa geração, segundo estudos, dá menos valor aos líderes com visibilidade, bem relacionados e tecnicamente habilitados, consideram verdadeiros líderes pessoas com pensamentos estratégicos relevantes, inspiracionais, afáveis e visionários, o que pode provocar a necessidade de redefinições das lideranças nas empresas franqueadoras.
Finalizando, franqueadores e profissionais do franchising devem ficar atentos pois eventuais conflitos com franqueados pode ter como causa a falta de acompanhamento da mudança de perfil desse parceiro e do suprimento de suas necessidades.