Nos últimos meses, o pessimismo em relação ao cenário econômico brasileiro tem dominado a pauta dos principais jornais do país. Os números, realmente, chamam a atenção. A taxa de desemprego subiu no segundo trimestre deste ano e chegou a 8,3%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a maior taxa da série histórica, iniciada em 2012. As estimativas dos analistas do mercado financeiro para o PIB (Produto Interno Bruto) e para a inflação deste ano e 2016 também não são as mais animadoras. É de assustar muita gente!
Na contramão, a ABF (Associação Brasileira de Franchising) mostra que o setor de franquias está consolidado no Brasil, com registro de crescimento de 11,2% no primeiro semestre de 2015 e faturamento na ordem de R$ R$ 63,8 bilhões no período. A imensa oferta de franquias, de vários segmentos e tamanhos, brilha aos olhos de quem sempre sonhou em ter o seu próprio negócio. E agora, também, de quem perdeu o emprego recentemente. O dinheiro da rescisão em mãos e a possibilidade de entrar em um modelo de negócio pronto podem parecer a fórmula do sucesso. São para essas pessoas que eu quero deixar um conselho: muita calma nessa hora.
Tenha em mente que a crise econômica vai passar. Já enfrentamos outros momentos difíceis antes e superamos. Os compromissos financeiros existem, evidentemente, mas atente-se em não tomar nenhuma decisão de forma precipitada. O resultado final pode te colocar em uma situação ainda mais delicada.
Minha experiência me permite afirmar que é um grande risco as pessoas se verem obrigadas a recorrer a uma franquia como alternativa de trabalho. A tendência, nesses casos, é não dar certo. O perfil empreendedor tem que existir. Caso contrário, o caminho será mais árduo e o risco de perder o patrimônio investido é maior.
Empreender deve fazer parte do seu sonho de vida. Muitos passam anos e anos trabalhando em uma atividade, mas sempre desejaram ter o próprio negócio. Nestes casos, o desemprego pode ser o “empurrão” para saírem da zona de conforto. A necessidade proporciona oportunidade. É bem diferente de quem, diante de uma perda inesperada do emprego e sem nunca antes ter se imaginado como um empreendedor, agora vê na franquia um meio de “comprar um emprego”. Sem carteira assinada e com investimento próprio, o risco é enorme.
Se você está firme na decisão de empreender e se aventurar no mundo das franquias, minha dica é: pesquise muito antes de assinar qualquer contrato. Há gente afoita de ambos os lados, franqueadoras e candidatos a franqueados. Isso não é bom para ninguém. Busque informações sobre os diversos segmentos e procure aquele com que mais se identifica. Conheça profundamente as marcas disponíveis, converse com mais de um franqueado e tire todas as suas duas dúvidas. Certifique-se, ainda, sobre o suporte que a franqueadora oferece antes e durante a operação do negócio.
Microfranquias estão em alta e demandam investimentos pequenos, mas dependem, e muito, do seu trabalho. É um modelo de negócio onde, para torna-se economicamente viável, raramente cabe a contratação de alguém. A sua própria mão de obra é fundamental para que se tenha uma rentabilidade minimamente interessante.
Busque e agregue conhecimento. Há excelentes cursos oferecidos pelo Sebrae e pela própria ABF. Informação nunca é demais.
E, por fim, não tenha medo ou vergonha de desistir, se você perceber que empreender não é o seu negócio. O cenário vai melhorar e novas oportunidades se abrirão. Lembre-se: muita calma nessa hora.