É interessante observar os diferentes pontos de vista sobre a crise brasileira. Alguns dizem que o país já está em crise há vários anos, enquanto outros nem mesmo acreditam que estamos vivendo uma crise de verdade. O único consenso parece ser a incerteza generalizada sobre o futuro da nossa economia. Mas cá entre nós, o mundo dos negócios por si só já é um ambiente incerto, onde imprevistos e mudanças de rota são corriqueiros e necessários. Mas, então, por que estamos assustados com essa turbulência?
A meu ver, o grande vilão dessa história é o efeito psicológico que causa muito mais prejuízos do que os próprios impasses econômicos. A especulação criada em cima dessa incerteza causada por motivos políticos acaba anulando as pessoas pelo medo, gerando uma cegueira e um pessimismo exacerbado. E assim muitas chances reais acabam passando despercebidas. O fato é que, apesar da crise, empresas novas continuam sendo criadas. Apesar da crise, pessoas ainda são contratadas. Em momentos de crise, o país e suas empresas se movimentam ainda mais todos os dias.
Por isso, engana-se quem acha que este é o momento de esperar. Na verdade, o primeiro passo é justamente parar com as reclamações e direcionar o seu foco para as oportunidades que estão por aí. Afinal, momentos difíceis sempre existiram e sempre vão existir, seja na esfera pública, na empresa onde você trabalha, ou até no seu casamento. A grande questão é que sempre haverá uma série de barreiras que precisam ser vencidas se quisermos obter sucesso em qualquer campo, e é justamente na superação dos desafios que conseguimos distinguir quem é realmente forte e bom naquilo que faz.
Há uma geração inteira de pessoas que nunca passaram por uma crise como a que o Brasil está enfrentando hoje e que agora têm a possibilidade de aprender a gerenciar esses conflitos com os experientes. Mais do que isso, essas pessoas podem contribuir com suas ideias para apontar novas soluções para construirmos juntos um futuro mais próspero para nossas empresas.
O lado bom da crise é justamente o fato de que ela traz consigo o amadurecimento, à medida que exige maior responsabilidade das pessoas, que são forçadas a pensarem mais, a serem mais criativas e a fugirem da sua zona de conforto. Nesse sentido, é a melhor hora para desligar o “piloto automático” e traçar novas rotas. O Brasil não vai acabar, e quando tudo isso passar, só o que restará é o legado do que produzimos.