Por Décio Casarejos Pecin Jr.
Diante dos últimos acontecimentos que movimentaram o mercado do franchising e o setor da educação no Brasil, julgo ser apropriado rever as mudanças de cenário promovidas em 2013, e como elas se desenharam, dentro de um processo que, certamente, incluiu esforços, comprometimento e mudanças, sob diferentes aspectos.
As fusões de grandes redes, muitas vezes articuladas em cifras bilionárias, já é uma realidade que define, antes de tudo, uma nova fase para estes tipos de negócio – o que se verifica à largas vistas em outros setores, como o de combustíveis, fontes de energia, telefonia, saúde, entre outros. No entanto, para que se chegue a este ponto, um caminho deve ser percorrido: por trás de grandes anúncios, há iniciativas praticadas durante muitos anos. A profissionalização de empresas de franquias é, verdadeiramente, a base que fundamenta qualquer movimentação mais ousada – e definitiva, como a consolidação no mercado de educação que estamos vivenciando hoje.
O segredo é como conduzir o processo; penso que, para aqueles que desempenham papéis de liderança, uma série de decisões devem ser tomadas – o que, às vezes, representa proporcionar até certo desconforto à equipe. No ramo do franchising, não é diferente: toda mudança pode (e, infelizmente, na grande maioria das vezes o é) ser encarada como um fator negativo ao desenvolvimento do trabalho diário. Neste ponto, entra o diferencial de um bom gestor: guiar os colaboradores por este caminho e apontar à frente os prováveis – e positivos – resultados, a médio e longo prazo, que beneficiarão a empresa como um todo.
Neste conceito, entende-se que novas práticas precisam ser adotadas; a boa governança deve perpassar todo e qualquer tipo de atitude adotada, desde a readequação de processos até a contratação de executivos, para ocupar posições estratégicas dentro da empresa. Este, aliás, é um dos fatores mais interessantes: com o entendimento do negócio e de sua estrutura complexa, é vital identificar e dividir atribuições de forma a proporcionar harmonia e sintonia, sob todos os aspectos.
Tendo base solidificada, com processos cada vez mais profissionalizados, estrutura de funcionamento e crescimento econômico estáveis, a empresa pode (e certamente vai) atrair a atenção de fundos de private equity, dispostos a, antes de tudo, acreditar e confiar na estabilidade e rentabilidade do negócio, e potencializá-lo ao máximo. Este tipo de fusão pode representar, potencialmente, o primeiro passo rumo à opção de abertura de capital – futuro que, acredito, é vislumbrado pelas grandes redes de franquias.
No entanto, como em uma escada em que cada degrau deve ser galgado com determinação e atenção, essa tomada de decisão deve zelar, antes de tudo, pelo compromisso firmado com todas as partes envolvidas no negócio. Acredito este ser um dos – se não, o principal – pontos de atenção mais sensíveis: expandir com ética é, certamente, a garantia para o sucesso de todas as futuras empreitadas em um grande negócio.
Levando estes fatores em consideração, a injeção de investimentos em uma rede de franquias tende a ser um acelerador, um potencializador, dos atributos do negócio. No entanto, a preparação para este momento é tão mais importante quanto o anúncio de novos negócios. Para que isso aconteça, é necessário, literalmente, “arrumar a casa”; a assertividade destes ajustes é o que definirá o modelo de parceria e o futuro do negócio.
*Décio Casarejos Pecin Jr. é presidente da rede de Ensino de Idiomas CNA. Contador, Administrador de Empresas com especialização em Economia e MBA em Gestão Empresarial, Décio tem formação acadêmica em instituições como PUC-SP, FEA-USP e FGV. É professor de Economia e Gestão Financeira de Empresas, palestrante e autor de artigos sobre economia e negócios.